O sistema de segurança publica tem aumentado o assassinato e repressão contra trabalhadores para proteger os donos ricos das grandes propriedades. A cada ano fica mais evidente que de público é só o dinheiro do povo.
Eloísa Bonifácio| São Caetano do Sul
SOCIEDADE – Em todo o país, a população enfrenta uma realidade marcada pela fome, pelo alto custo de vida e pela exploração da classe trabalhadora, que segue submetida a jornadas exaustivas, como a escala 6×1, que atinge em maior escala o povo negro. Mas também tem enfrentado o aumento da violência armada do Estado.
No dia 5 de abril, Natanael, um jovem negro de 19 anos, foi assassinado na favela do Siri, em Florianópolis (SC). Seis dias depois, em 11 de abril, Ngange Mbaye, de 34 anos, trabalhador ambulante e imigrante senegalês, foi morto no bairro do Brás, em São Paulo (SP). Ele deixou uma esposa grávida de sete meses. No dia seguinte, 12 de abril, Bárbara, de 34 anos, mãe e trabalhadora, foi assassinada em Natal (RN). Já em 13 de abril, Ana Luiza, jovem negra de 19 anos e universitária, foi assassinada em Salvador (BA).
O que esses casos têm em comum é evidente para a classe que sente na pele as contradições deste sistema de miséria e injustiça: as balas vêm sempre da PM, e os corpos baleados são quase sempre negros.
A falta de dignidade nos postos de trabalho, as privatizações que comprometem serviços essenciais e o aumento da violência são apenas alguns reflexos desse sistema que está apodrecido e não consegue dar respostas às dores mais profundas da classe trabalhadora e do povo negro, pois ele mesmo é o causador dessa miséria.
DITADURA
O golpe militar fascista que instaurou uma ditadura no Brasil em 1964 deixou heranças que continuam vivas. Durante esse período, trabalhadores e jovens negros foram perseguidos, torturados e assassinados a sangue frio pelo braço armado do Estado.
Um exemplo desse fato brutal é a vala de Perus, onde foram encontradas mais de mil ossadas de desaparecidos durante o período da ditadura — muitas delas de crianças. Mais de quatro décadas se passaram desde o fim desse regime, mas essa ferida permanece aberta. Para muitas mães, pais e responsáveis da periferia, ela ainda sangra. A violência policial letal contra adolescentes e crianças no estado de São Paulo aumentou 120% após o início do governo Tarcísio, segundo dados da UNICEF.
Quantos desses jovens foram assassinados na Operação Verão? Quantas mães ainda choram o luto dos seus filhos sem ter uma resposta? Quando a população negra terá direito à segurança pública?
A POLÍCIA É FASCISTA!
No dia 16 de abril, o Ministério Público de São Paulo iniciou investigações contra integrantes do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) de São José do Rio Preto (SP), após a divulgação de um vídeo nas redes digitais que mostra policiais realizando uma cerimônia com uma cruz em chamas e sinais nazistas.
O vídeo remete a rituais semelhantes aos realizados pela organização supremacista branca Ku Klux Klan, conhecida por sua ideologia racista, antissemita e fascista, que atuou fortemente nos EUA a partir de 1865, promovendo linchamento de negros no sul do país.
Em nota, o comandante do 9º BAEP afirmou que “o vídeo em questão retrata uma cerimônia interna destinada a valorizar o desempenho de novos policiais integrados à unidade”. Porém, em 2019 esse mesmo batalhão realizava treinamentos em tapumes com a palavra “FAVELA” escrita, deixando claro qual é o verdadeiro objetivo da Polícia Militar: assassinar em massa, com crueldade e sangue frio, trabalhadores, favelados, pobres e negros — enquanto protegem os verdadeiros bandidos, os traficantes ricos e os corruptos, aqueles que fazem de tudo em defesa do capital.
Mas essa realidade não se restringe a São Paulo. Na Bahia, a PM lidera o ranking nacional de letalidade policial. Segundo dados recentes, 98% das vítimas são pessoas negras. No Rio de Janeiro, as “operações” continuam ceifando a vida de trabalhadores, jovens e crianças negras — lembraremos sempre de Ágatha, João e Cláudia. Em estados do Norte, como Pará e Amazonas, a repressão atinge de forma brutal povos originários e comunidades quilombolas que resistem há décadas à exploração e ao abandono do Estado. Já no Sul, o cenário é igualmente alarmante: no Paraná, há denúncias recorrentes de tortura e racismo durante abordagens policiais.
Em todos os cantos do país, a opressão avança em ritmo acelerado e atinge níveis insustentáveis. Para a classe trabalhadora é imposta a uma vida de exploração até o esgotamento, a humilhação e a exaustão — principalmente às mulheres e aos negros. No capitalismo, existem duas alternativas para essa classe: suportar a exploração e a violência ou lutar pela libertação de todo um povo, lutar contra o racismo e a exploração, e erguer no mais alto mastro a bandeira da rebelião.
Lutar contra o fascismo
Assim como cresce a ofensiva do fascismo contra os trabalhadores, também crescem as lutas do nosso povo contra o fascismo.
Um exemplo disso são os moradores da Favela do Moinho (última favela no centro de São Paulo), que resistiram ao braço armado do Estado, que, de maneira truculenta, tentou intimidar os moradores para garantir o despejo ilegal dessa comunidade, consolidada há mais de 30 anos.
É preciso ocupar as ruas contra a política fascista. O povo quer a prisão dos generais golpistas e jogar na lata de lixo da história os torturadores de ontem e de hoje. É urgente lutar pela desmilitarização da PM, pelo fim da escala 6×1 e contra o alto custo de vida. Mais do que isso: é preciso lutar pela construção do socialismo, pois será somente com o poder popular que superaremos o racismo e a exploração — e construiremos, de uma vez por todas, Palmares de novo.
O povo pode e deve. Reaja ao racismo, lute pelo socialismo!