
A militância, o exemplo e a dedicação de uma das maiores dirigentes do partido Bolchevique, uma educadora Marxista que dominava a ciência do Socialismo e inovou ao criar ações práticas para pôr fim ao analfabetismo na Rússia e edificar o poder soviético.
Alberes Simão- Petrolina (PE)
EDUCAÇÃO- Nadezhda Konstantinovna Krupskaya Ulianova, foi uma das figuras de destaque nas atividades do Partido Comunista Bolchevique, fundadora do sistema educacional soviético e pioneira no desenvolvimento, estudos e na política de criação e difusão de bibliotecas como espaços culturais, de agitação e propaganda, além de formação da ciência, da política na Rússia pós-revolução de 1917 e posteriormente no que viria a ser a União das Repúblicas Soviéticas (URSS), especialmente formando as crianças e combatendo um dos maiores problemas no campo social no país: o analfabetismo, que impedia o desenvolvimento social e humano entre a população.
Krupskaya nasceu em 26 de fevereiro de 1869 em São Petersburgo. Ela terminou o ensino médio em 1887 e em 1890, enquanto estudava no Women ‘s College (Faculdade Feminina) em sua cidade, começou a participar dos Círculos Marxistas. De 1891 a 1896, ela se dedicou a espalhar suas ideias revolucionárias na escola para trabalhadores. Conheceu Vladimir Lênin em 1884 com quem veio a se casar pouco depois. Juntos, mergulharam no processo revolucionário e organizativo da classe trabalhadora russa.
Militante incansável
Em agosto de 1896, ela foi presa e levada com Lênin ao exílio, inicialmente em Shushenskoye e depois em Ufa. Naquela época, ela escreveu seu primeiro livro The Woman Worker (A mulher trabalhadora). De 1901 a 1905, ela viveu com Lênin na Alemanha, Grã-Bretanha e Suíça onde trabalhou nos serviços de referência das bibliotecas do Museu Britânico e na Biblioteca Nacional da Suíça, e também participando ativamente do movimento revolucionário e publicando Iskra e Vperiod. Em seu retorno à Rússia, em novembro de 1905, ela trabalhou como secretária do Comitê Central do Partido Bolchevique e continuou a desenvolver um intenso trabalho dentro e fora do partido.
De 1907 a 1917, ela viveu novamente no exílio com Lênin, interessando-se na época pela
Educação popular na Rússia e nos países da Europa Ocidental. Era membro da Sociedade Pedagógica de Pestalozzi, na Suíça, e dos Museus Pedagógicos de Freiburg e Berna. Com a chegada ao poder dos Bolcheviques na Rússia, em 1917, foi nomeada Comissária da Educação, participando ativamente da preparação de leis educacionais, em atividades destinadas a combater o analfabetismo, na organização do sistema escolar russo e no estabelecimento de fundações culturais para alcançar uma nova sociedade.
Foi editora de um grande número de publicações a respeito da educação pública, escola para adultos, socializando e refletindo métodos de alfabetizar operários, as mulheres e os camponeses. Dedicou muito tempo ao mundo das bibliotecas, sendo também especialista em bibliografia russa e bibliotecas da Europa Ocidental, mostrando, por outro lado, interesse especial pelas bibliotecas norte-americanas no qual era muito apaixonada pela Library of Congress e pelo Melvil Dewey que posteriormente foi sua inspiração para escrever o sistema Biblioteko Bibliografic. Ela participou da elaboração da legislação sobre as bibliotecas soviéticas, incluindo o decreto sobre a centralização das mesmas.
As conferências e reuniões mais importantes realizadas no campo da Biblioteconomia foram realizadas sob sua supervisão. Krupskaya deu várias palestras sobre distribuição de livros, problemas no campo da biblioteconomia ou bibliotecas públicas, também escreveu numerosos artigos sobre esses tópicos. Podemos agrupar todas as suas atividades em três seções. Além disso, era uma grande propagadora e ardente estudiosa das teorias do Marxismo.
Trabalho e exemplo depois da Revolução
Durante as duas primeiras décadas do poder soviético, ela liderou a organização do Sistema de Bibliotecas, contribuindo para a popularização das bibliotecas e seu uso por um amplo setor da sociedade. Ela era uma grande conhecedora de todos os aspectos relacionados à biblioteconomia. Passou muito tempo desenvolvendo literatura infantil e organizando bibliotecas escolares e públicas, manifestando profunda preocupação em criar e manter vivo esses espaços, especialmente nas cidades mais afastadas do centros, nas vilas e nas fábricas.
Trabalhou no desenvolvimento da bibliografia e amplamente desenvolvendo os cursos de biblioteconomia e incentivando os estudantes das áreas rurais do mais jovem país socialista a fazerem este curso.
Ela elaborou os princípios fundamentais da biblioteconomia na União Soviética, seus escritos foram amplamente publicados e estudados e muitos foram os livros e artigos escritos sobre ela. Krupskaya recebeu a Medalha Anual do melhor professor e bibliotecário da União Soviética. Ela veio a falecer em 27 de fevereiro de 1939 em Moscou. Fez de seu trabalho um exemplo. Toda vida e obra desta grande mulher que dedicou sua vida no desenvolvimento da biblioteconomia e na revolução russa deixa um legado importante para um país que era semifeudal para uma das maiores potências mundiais do ocidente.
Pesquisas apontam que após a revolução de 1917 apenas 44% da população russa era alfabetizada. Fruto desse intenso trabalho da revolução esse índice deu um salto enorme para 60,9% de alfabetizados em 1926, apenas nove anos após a tomada do poder, mesmo tendo passado por uma guerra civil e a invasão de 16 países que tentaram acabar com a revolução vitoriosa. 13 anos mais tarde, em 1939 a URSS já possuía 89,7% de sua população alfabetizada, o que representava um verdadeiro milagre do Socialismo, especialmente por falarmos de um país que era praticamente semifeudal. Até hoje as obras e o pensamento de Krupskaia são estudadas e contribuem para entender como é possível por meio da cultura e do aprendizado transformar vidas e a sociedade.