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sexta-feira, 13 de junho de 2025

Usina Termelétrica Brasília: lucro para os ricos, destruição para o povo 

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A instalação da Usina Termelétrica Brasília é associada aos interesses de grandes empresários e representa uma grave ameaça socioambiental.

Núcleo Unidade Popular | Brasília DF


Em março deste ano, a população do Distrito Federal foi surpreendida com a divulgação de uma audiência pública para discutir a instalação da Usina Termelétrica Brasília. Após denúncias e pressão popular, o evento foi adiado. No entanto, já há nova data marcada: 17/06/2025.

A construção da UTE Brasília está prevista para ocorrer em Samambaia, região periférica do DF, onde já existem uma estação de tratamento de esgoto e um aterro sanitário que despejam resíduos poluentes no Rio Melchior. Há tempos, moradores da região sofrem com o mau cheiro e a indisponibilidade de água, o que contribui para a queda na qualidade de vida. Muitas pessoas precisam se deslocar até a região do P Norte, na Ceilândia, para buscar água em tambores para beber, tomar banho e cozinhar.

Com a usina — atualmente em fase de licenciamento ambiental — a população enfrentará ainda mais impactos: emissões anuais de 4,7 milhões de toneladas de CO₂, consumo intensivo de água do Rio Melchior para resfriar os reatores, geração de resíduos, alteração na biodiversidade local, aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares, desmatamento de quase 32 hectares do Cerrado, aumento nos níveis de ruído e a demolição da Escola Classe Guariroba, afetando cerca de 560 crianças. Além disso, 330 terreiros espalhados pelo DF podem ser impactados, conforme identificado pelo Relatório Técnico do Mapeamento dos Terreiros do Distrito Federal (2018).

Mas quem são os grandes interessados nesse empreendimento?

Carlos Suarez, conhecido como “Rei do Gás”, é figura influente na política burguesa e, em 2021, conseguiu incluir um “jabuti” — emenda sem relação direta com a proposta original — na MP da privatização da Eletrobras, obrigando o governo federal a contratar termelétricas, favorecendo assim seus próprios negócios. Principal nome por trás da Termo Norte Energia Ltda., empresa responsável pela usina, Suarez também é sócio da Transportadora de Gás Brasil Central (TGBC), que pretende construir um gasoduto ligando São Carlos/SP a Brasília. Isso mesmo: nem sequer há gás natural disponível na capital para operar a termelétrica. Mas o empresário, um dos 100 maiores doadores de campanhas nas eleições municipais de 2024, já planejou tudo. É difícil acreditar que o Secretário de Meio Ambiente do DF (Gutemberg Gomes), a ADASA e a Secretaria de Educação do DF desconhecessem tamanha aberração climática.

A usina prevê uma capacidade instalada de 1.470 megawatts (MW) e fornecerá energia mais cara para o cidadão, dado que as termelétricas têm alto custo operacional e impacto ambiental. Por exemplo, o empreendimento usará 110 mil litros de água por hora para resfriamento, devolvendo 104 mil litros do volume em temperatura elevada, ou seja, além do enorme potencial de comprometimento da vida aquática devido à alta temperatura da água, o rio vai perder 6 mil litros do líquido por hora, isso em uma realidade na qual Brasília enfrenta períodos prolongados de seca, acentuados pelas queimadas promovidas pelos barões do agronegócio. A população já sofre com problemas respiratórios causados pelo clima em mudança e projetos como esse, que geram ainda mais poluição, podem sobrecarregar ainda mais os hospitais já sucateados pela atual gestão do IGES, empresa privada que ampliou o caos na saúde pública distrital.

Omissão do Estado

Sobre a ADASA (Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico), é importante destacar que concedeu duas outorgas para captação e devolução da água do Rio Melchior. Questionada sobre a utilização de dados de 2012 — há 13 anos — para avaliar os impactos ambientais, a resposta foi evasiva, apesar de 2024 ter sido o ano mais quente já registrado, com 164 dias sem chuva e queda drástica no nível dos reservatórios. “A gente rebate que esses dados são muito questionáveis, principalmente em relação a uma possível volta da crise hídrica de 2024. Será que teria água para essa térmica com a crise? Qual foi a vazão do rio em 2024?”, questiona o engenheiro ambiental John Wurdig, gerente de transição energética da Arayara.

Organizar o povo para barrar a destruição

Esse projeto, como tantos outros, reflete a onda de privatizações em curso em todo o país, nas quais membros do governo e grandes empresários, como Suarez, transformam setores fundamentais para os trabalhadores em balcões de negócios. A burguesia sempre colocará o lucro acima da vida da população, contando com a cumplicidade de agentes do Estado que atuam como meros executores de seus interesses.

Diante disso, é fundamental que nos organizemos e mobilizemos nossa comunidade para lutar contra esse absurdo e contra todas as privatizações que enriquecem os bilionários, enquanto o povo sofre com tarifas abusivas e serviços precários. A luta contra a Usina Termelétrica Brasília não é apenas uma questão local, mas um símbolo da resistência popular frente ao avanço de projetos que ignoram o meio ambiente e os direitos da população. Dizer não à Usina Termelétrica Brasília é afirmar que nossas vidas valem mais do que os lucros dos grandes empresários.

É hora de lutar pela estatização das empresas, pela preservação do meio ambiente, contra o racismo ambiental, contra o capitalismo e por uma sociedade com o povo no poder: uma sociedade socialista. Ou construímos o socialismo, ou estamos fadados à extinção e à destruição do nosso planeta.

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