Centro Cultural na zona oeste de São Paulo recebe nome em homenagem ao líder e guerreiro guarani Sepé Tiaraju em meio à comemoração e debate político sobre a importância dos espaços culturais nos bairros pobres de São Paulo
Tiago Lourenço | São Paulo (SP)
CULTURA – No último dia 6 de julho, militantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), junto a moradores e apoiadores do Jardim Jaqueline, zona oeste de São Paulo, organizaram uma festa julina no Centro Cultural da região e elegeram o nome de Sepé Tiaraju para batizar o espaço.
O local fica na região da rodovia Raposo Tavares, nome de um bandeirante que escravizou e assassinou centenas de indígenas no século 17. Entre os povos massacrados, estava o povo Guarani, do qual Sepé Tiaraju era um guerreiro que liderou e resistiu bravamente aos colonizadores espanhóis e portugueses.
O nome foi proposto e aclamado por representar a resistência do povo, a luta contra as classes dominantes, a importância de um espaço que debata a organização dos trabalhadores contra a exploração das classes dominantes, para a construção de uma nova sociedade.
O imóvel utilizado pelo Centro Cultural é público, mas estava sem cumprir função social a anos, abandonado pela prefeitura. Em fevereiro deste ano ele foi ocupado pelo MLB para a construção de um espaço de cultura e organização para os moradores do bairro, tendo realizado plenárias de formação política, reuniões para debater as questões do território, atividades culturais para crianças e adultos, entre outras.
A festa também contou com debate sobre a importância de todo o bairro popular ter acesso a saúde, cultura, educação, creche, e tudo mais que garanta a dignidade e a vida plena dos trabalhadores, e que é papel do poder público a manutenção desses direitos.
Nesse sentido, com a ameaça recente de reintegração de posse do terreno pela prefeitura, também se reforçou a necessidade de lutar coletivamente pela defesa do Sepé como um centro de promoção de cultura, educação e organização, que deve continuar funcionando e nas mãos dos moradores da região.