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segunda-feira, 21 de julho de 2025

Greve geral na Índia mobiliza 250 milhões de trabalhadores em julho

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Greve geral na Índia se espalhou por todo o país para exigir aumento salarial, redução da jornada de trabalho e denunciar as políticas neoliberais e antipopulares do governo Indiano. 

Wildally Souza | São Paulo (SP)


Desde o último dia 9 de julho, milhares de trabalhadores da Índia constróem uma greve geral contra as políticas neoliberais do primeiro-ministro Narendra Modi, que promove privatização das empresas estatais, o desmantelamento do sistema de previdência social e a imposição de um novo regime de trabalho que visa eliminar os direitos de proteção no trabalho, o direito à negociação coletiva e à greve.

O ‘Bharat Bandh’ (‘India Fechada, em tradução livre’) foi convocado pelas maiores centrais sindicais do país, incluindo o Central de Sindicatos da Índia (CITU), a Federação Nacional de Sindicatos da Índia (INTUC) e a Federação Sindical de Toda a Índia (AITUC). Logo nas primeiras horas, mais de 5 milhões de pessoas já tinham aderido à greve. Hoje pela manhã, a mídia indiana falou num total de quase 260 milhões de pessoas. 

Os trabalhadores denunciam que as políticas reacionárias do governo BBharatiya Janata Party (BJP), encabeçadas por Modi, intensificaram os desemprego, e aumentam os preços das commodities e por consequência, geram queda dos salários. 

Greve teve adesão em todo país

De acordo com o site de notícias indiano Newsclick, trabalhadores de todos os setores da economia, desde bancos, empresas de telecomunicações, tecnologia da informação, etc., apoiaram a greve. A paralisação foi muito importante na indústria automobilística e nos principais cinturões industriais do país, na mineração de carvão, nos trabalhadores mais mal pagos e nos trabalhadores agrícolas onde a força de trabalho é majoritariamente feminina. Os trabalhadores do banco também se juntaram em massa, especialmente os do Banco da Índia, que o governo planeja privatizar ainda em 2025.

Mais de 35 milhões de motoristas de ônibus e caminhões apoiaram a paralisação e o transporte público nos principais centros urbanos ficou paralisado.

Houve protestos, bloqueios de estradas e rodovias, ferrovias paradas e manifestações em 482 distritos do país, onde centenas de milhares de pessoas compareceram. Estudantes de 60 universidades também se juntaram à greve. 

Entre os trabalhadores do setor público da maioria dos departamentos do país, teve uma especial aderência à greve, desafiando as ameaças da presidência e dos governos locais e prefeituras que anunciaram medidas disciplinares, demissões e descontos salariais contra os que participassem da greve. Faixas como “viva a greve” e “greve é direito. Pague pelas suas ameaças” foram estendidas em prédios públicos. 

A agência “Press Trust of India” também informou que no estado de Odisha, no leste da Índia, trabalhadores pararam o trânsito em algumas áreas, enquanto no estado de Kerala, no sul, as lojas, escritórios e escolas permaneceram fechadas, e as estradas pareciam desertas.

À um jornal local, A. Soudararajan, um líder sindical de Tamil Nadu, no sul da Índia, disse que a polícia já deteve pelo menos 30.000 trabalhadores que protestavam na última sexta-feira (12).

Apesar dos boletins quase que de hora em hora das centrais sindicais da Índia, a mídia burguesa internacional não notícia a greve dos trabalhadores da Índia e silenciam essa poderosa demonstração de força dos explorados. 

Até mesmo filiais das grandes mídias na Índia se recusam a noticiar a mobilização grevista e quando pouco falam, dizem ser temporária e “fruto de descontentamento dos sindicatos”, mesmo com 250 milhões de pessoas nas ruas. A mídia brasileira, por sua vez, também nada falou. 

A greve é a saída

Os trabalhadores dizem que só sairão das ruas quando as 17 reivindicações do fórum sindical grevista forem atendidas. Entre as reivindicações, estão a supressão dos contratos de trabalho temporários, o aumento de salário mínimo para 26.000 rúpias, a instalação da jornada de trabalho de até oito horas e melhoras no sistema de planos de aposentadorias e benefícios no país e os direitos básicos para os mais de 73 milhões de desempregados existentes no país, mais de 8% da força total de trabalho – número de desemprego mais alto em 50 anos. Os grupos de agricultores também querem que o governo aumente o preço mínimo de compra para exportação de trigo e arroz.

A única maneira de defender os direitos trabalhistas e derrotar os governos reacionários e neoliberais na Índia, no Brasil e em todo mundo é pela mobilização da classe trabalhadora, dos jovens e dos oprimidos. A greve é um direito legítimo dos trabalhadores. Os operários da Índia dão hoje exemplo do que deve ser feito pelos nossos direitos! 

Romper com a política reformista e conciliadora e adotar um programa internacionalista para acabar com o sistema capitalista e o imperialismo é dever de todos os trabalhadores. Os operários em todo o mundo estão cansados de tanta exploração e retiradas de direitos, mas demonstram a cada nova greve e manifestação, que é possível vencer os exploradores e construir o poder popular.

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