Um jovem negro foi morto e cinco pessoas ficaram feridas durante uma operação do Bope em uma festa junina na favela do Santo Amaro, na Glória, Zona Sul do Rio, na noite de 7 de junho.
Renan Carvalho | Rio de Janeiro (RJ)
BRASIL – No último dia 07 de junho, moradores da favela do Santo Amaro, localizada no bairro da Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro, foram mais uma vez surpreendidos com uma ação absurda do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Os policiais chegaram atirando no local onde estava ocorrendo uma festa junina.
Os vídeos mostram que, no momento, não havia qualquer confronto ou presença de pessoas armadas, e que a festa ocorria de forma pacífica e com muita alegria. Fruto dessa ação criminosa da polícia, o jovem Herus Guimarães, de 24 anos, foi assassinado com um tiro na barriga.
A mãe, Mônica Guimarães, relata que Herus morreu com o celular e o pix aberto para pagar o lanche que estava comprando, que policiais impediram o socorro, arrastaram Herus pelas escadas e debocharam da família. O jovem não resistiu e faleceu no hospital. Outras cinco pessoas ficaram feridas.
Revolta popular
A família, a comunidade e a população carioca se revoltaram e realizaram diversos protestos cobrando justiça pela morte de um trabalhador, mas, mais uma vez, a Polícia reprimiu e tentou intimidar aqueles que protestavam contra a morte de Herus.
“A gente precisa de resposta pra isso tudo. Não é porque a gente mora em favela que a gente é traficante, que a gente é bandido!”, desabafou Simone Guimarães, tia de Herus.
Dias depois do ocorrido, o governador do Estado do Rio de Janeiro Cláudio Castro (PL) e toda a mídia burguesa trataram o caso como mais um caso isolado, como se o método de atuação, a formação dos policiais, a escolha política da “guerra às drogas” e a estrutura das corporações não tivessem influência alguma sobre todos esses casos de abusos.
Após a intensa pressão popular, dois coronéis foram exonerados de seus cargos de comando. No entanto, o governador – que é o chefe da Polícia Militar – assina embaixo todo tipo de ação violenta da corporação, sendo o Governo Estadual, portanto, o maior promotor de chacinas nos últimos 30 anos.
Política do extermínio
Não é novidade que as Polícias Militares dos estados brasileiros sempre tiveram métodos violentos para atuar nas áreas de periferia e bairros pobres do nosso país. Desde a sua criação, baseada em uma organização voltada para capturar escravizados que haviam fugido, foi se moldando e se adaptando ao longo dos últimos 200 anos para promover a defesa do patrimônio dos ricos e aplicar a política do terror de Estado nas favelas a partir de torturas, invasões às casas de moradores e agressões, práticas que foram, inclusive, refinadas na época da ditadura militar fascista, de 1964 a 1985.
Essa é uma política que vai na contramão de resolver o problema da segurança pública. A escolha do confronto sempre violento é um claro lobby das empresas que vendem armamentos, blindados, viaturas, helicópteros, fardas, e tudo que envolve a indústria da segurança, no qual bilhões e bilhões são investidos por ano nas polícias no Rio de Janeiro, sendo a pasta da Segurança Pública o segundo maior em custo para o Estado.
Matéria publicada na edição impressa nº315 do jornal A Verdade