Estudates da UNIVALI organizam ato contra conferência da extrema-direita fascista na universidade e são reprimidos pela polícia, em Itajaí (SC).
Redação SC
JUVENTUDE – No início do mês de agosto, o corpo estudantil da UNIVALI tomou ciência da realização do evento APAS (Ação Política Atlântico Sul) – Conference no campus da universidade, em Itajaí (SC), que reuniria os principais nomes do fascismo no nosso país, como os Deputados Nikolas Ferreira e Ana Campagnolo, promovido pela plataforma negacionista Brasil Paralelo, responsável, entre outros absurdos, de contestar a legitimidade da histórica luta das mulheres que culminou na Lei Maria da Penha.
A partir disto, os centros acadêmicos se organizaram para pensar como seria feita essa denúncia, em poucos dias, uma nota de repúdio foi escrita e publicada, assinada por mais de 10 centros acadêmicos além de outras entidades como importantes sindicatos da região. A nota, solicitava uma resposta da reitoria mediante a estas acusações, assim como a quebra do contrato da instituição com o evento, para que ele não fosse realizado na nossa universidade.
Sem resposta da reitoria, as entidades se reuniram em uma plenária aberta que definiu um calendário de lutas e deliberou um ato no dia do evento, para denunciar a indignação dos estudantes com a universidade, mas também com o avanço do fascismo nas universidades.
Ato antifascista
No dia 23/08, estudantes da universidade ocuparam a universidade com um recado claro: “A Univali não é palco para fascistas”. E foi essa convicção que sustentou, por mais de duas horas, a energia que incendiou as palavras de ordem e manteve o ato, mesmo com muita truculência da Polícia Militar, da Guarda Municipal e dos apoiadores da extrema-direita que avançavam ‘ferozmente’ enquanto estavam sendo protegidos pela polícia.
A Universidade recebeu os estudantes com um efetivo da Polícia Militar e da Guarda Municipal, orientados a não deixar os estudantes entrar no espaço onde o evento estaria acontecendo. Exercendo sua função de ferramenta dos grandes ricos e da extrema-direita, agrediu diversos estudantes com empurrões, puxões de cabelo e spray de pimenta. Mas mesmo a ação dos lacaios da burguesia não desmoralizou a nossa mobilização, pelo contrário, deixou ainda mais enérgico o grito daqueles e daquelas que lutam hoje para serem ouvidos.
Ao final, foi realizada uma plenária com todos os participantes do ato, onde o clima era de muita vitória e convicção de que juntos podemos tudo! Além de ser o primeiro ato político em décadas na nossa universidade, esta foi uma virada de chave para o movimento estudantil em toda a região, um divisor de águas para os estudantes do estado, que cada vez mais ousam lutar por seus direitos e dignidade.
“O dia de hoje é marcante para o movimento estudantil da UNIVALI, nas ultimas décadas, os estudantes tem sofrido com a precarização do ensino e a mercantilização da educação. A UNIVALI, embora seja uma universidade comunitária, cobra do estudante que quer justificar a sua falta, por doença ou até mesmo óbito de algum ente querido, não há um restaurante universitário, nem a quantidade de bolsas necessárias.”, afirmou Otávio Colussi, estudante da Univali e membro da coordenação estadual do Movimento Correnteza.
Ao Jornal A Verdade, a diretora de mulheres da UNE, Isabella Ribas, afirmou que “os estudantes quando se organizam, não abrem espaço para extrema-direita na universidade. Não permitiremos que essa corja de fascistas tente se inserir no movimento estudantil e muito menos que tentem convencer nossa juventude com sua ideologia podre e caduca.”
O ato mostrou a importância do movimento estudantil organizado contra o fascismo e a importância das entidades estudantis. O Movimento Correnteza durante toda a mobilização entrou numa ofensiva nas denúncias feitas com os estudantes. Um dos resultados desta campanha são mais de 110 jornais vendidos e mais de 80 contatos de estudantes que queriam construir uma grande luta contra o avanço da extrema-direita na nossa universidade, mas também de construir uma luta consequente das dificuldades que passamos todos os dias.