Diante da ofensiva privatista do governo Tarcísio de Freitas, que ameaça o futuro do sistema metroviário estatal, a Chapa 3, encabeçada por Alex Santana e composta pelo Movimento Luta de Classes (MLC) e a Unidade Popular (UP), surge com a proposta de organizar a categoria metroviária para derrotar a concessão das linhas e lutar por um serviço público e de qualidade.
Lucas Carvente e Gustavo Matos | São Paulo (SP)
TRABALHADOR UNIDO – A categoria metroviária vive um momento histórico. Abre-se uma janela de transformação da sua realidade e de possibilidade de derrotar os projetos de privatização que ameaçam o sistema metroferroviário público. Com o objetivo de organizar a luta por um sindicalismo revolucionário, de luta e classista, que enfrente as privatizações e o fascismo, o Movimento Luta de Classes (MLC) e a Unidade Popular (UP) estão compondo a Chapa 3 nas eleições do Sindicato dos Metroviários e das Metroviárias de São Paulo, com Alex Santana como candidato a presidente.
Os planos do atual governador, Tarcísio de Freitas, de conceder as quatro linhas de Metrô públicas em troca da construção de novas linhas, não vingaram, e as obras das linhas 19 – Celeste e 20 – Rosa estão prometidas para se iniciarem em 2027 e 2028, pela gestão pública. Cabe, portanto, à próxima gestão do Sindicato fazer uma grande luta pela abertura de concurso público para que essas linhas não nasçam já privatizadas.
Ataques contra o Metrô público
O volume de passageiros transportados em São Paulo (maior metrópole do hemisfério sul) mostra que o transporte sobre trilhos é essencial, e que, sem seu funcionamento, a cidade entraria em colapso. A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) transporta quase 3 milhões de pessoas por dia em 71,5 km de extensão e 66 estações, enquanto a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) transporta 1,6 milhão, em 206 km de extensão e 65 estações.
O Metrô de São Paulo é importante para a classe trabalhadora, que utiliza o serviço, mas também para a classe burguesa, que, a cada ano, expulsa os trabalhadores para mais longe de seus locais de trabalho. Uma máquina sem um operário é incapaz de gerar valor, e se o trabalhador não chega a sua fábrica, aos canteiros de obra, aos hospitais, aos centros comerciais, a produção de lucro é interrompida, mostrando como a categoria metroviária e suas greves têm enorme poder de influenciar no próprio funcionamento da sociedade.
O atual vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, quando era governador de São Paulo, iniciou as privatizações no setor metroferroviário com o estabelecimento das Parcerias Público-Privadas (PPPs). Todas as linhas privatizadas foram entregues a grandes empresas e consórcios capitalistas, como o grupo CCR (chamado agora de Motiva), o grupo Comporte e o grupo Acciona. Hoje, no Governo Federal, Alckmin busca privatizar o metrô de Recife, da CBTU.
Tarcísio prometeu, em campanha eleitoral, vender o patrimônio público do Estado de São Paulo: água, geração de energia, trens, presídios, escolas, hospitais, etc. Desde que assumiu o cargo, privatizou a Sabesp, praticamente extinguiu a CPTM e, apesar de não ter concedido nenhuma linha do Metrô, terceirizou várias funções do atendimento ao público, da manutenção e dos serviços de saúde e administrativos, retirou os operadores de trem do monotrilho e encheu as estações de policiais militares.
A privatização do sistema metroviário vem para satisfazer as necessidades do grande capital e do imperialismo. Enquanto grandes empresas, como a francesa Alstom, lucraram com a venda e reforma de composições e a implantação de sistemas de controle que possibilitam a retirada dos operadores de trem, o trabalhador Lourivaldo Nepomuceno morreu prensado entre a porta de plataforma e o trem na Linha 5 – Lilás, da ViaMobilidade, porque a empresa não instalou dispositivo de segurança que pudesse evitar o acidente. A ViaMobilidade também decidiu abandonar a utilização de oito trens, da frota F, causando o aumento do intervalo de trens e a superlotação nas plataformas, espremendo a população.
A espanhola Acciona ganhou R$ 7,85 bilhões do Governo Estadual, mais um empréstimo de R$ 7,4 bilhões do BNDES, para a construção da Linha 6 – Laranja; obra orçada em R$ 18 bilhões.
Do outro lado da disputa imperialista mundial, a estatal chinesa CRCC financiou a privatização das linhas 7, 11, 12 e 13 da CPTM, tendo 48% dessas concessões, e vai vender 44 novos trens sem cabine para a Linha 2 – Verde, e a BYD fornecerá os trens da linha 17 – Ouro.
A farra do dinheiro público na mão das concessionárias é tanta que, a partir do sistema de câmara de compensação do Bilhete Único, as linhas privatizadas receberam cerca de R$ 2 bilhões de repasse para transportar 500 milhões de passageiros no ano, enquanto Metrô e CPTM receberam um repasse de R$ 460 milhões para transportar mais de 1,2 bilhão de passageiros.
Matéria publicada na edição impressa nº318 do jornal A Verdade