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sábado, 9 de agosto de 2025

MLB faz luta contra a fome em 6 mercados de São Paulo

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Centenas de famílias organizadas pelo MLB ocuparam, simultaneamente, 6 supermercados do estado de São Paulo para denunciar a fome, a carestia, a escala 6×1 e para arrecadar cestas básicas.

Tiago Lourenço | São Paulo (SP)


LUTA POPULAR – O dia 02 de agosto começou com o povo em luta, centenas de famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam, simultaneamente, 6 supermercados do estado de São Paulo para denunciar a fome, a carestia e a escala 6×1, além de arrecadar cestas básicas para as famílias trabalhadoras de dezenas de bairros pobres.

Os atos aconteceram na capital, nos bairros Vila Guilherme e Barra Funda, em Mauá, Diadema, Campinas e Suzano. A fome é uma mazela que o MLB enfrenta há anos, organizando jornadas de mobilizações, atos e ocupações, arrecadando milhares de cestas básicas, pois muito embora as organizações da burguesia e governo federal encham o peito pra dizer que o Brasil está fora do mapa da fome, 35 milhões de brasileiras e brasileiros ainda passam fome.

Dona Sônia, moradora da zona oeste da capital, que participou da luta na Barra-Funda, relata:  “Sou nordestina, moro em São Paulo há 45 anos, mas sempre lutei pra sobreviver, moro numa favela, tenho 3 filhas e 7 netos, mas minha vida sempre foi difícil, as coisas muito caras, sempre sobrevivi lutando para criar as filhas sozinha, nunca tive ajuda de ninguém, por isso eu apoio a luta do MLB”.

A desigualdade no Brasil é imensa, para termos uma noção, a mulher mais rica do país, Vicky Safra,  viúva e herdeira de Joseph Safra, fundador do banco que leva seu nome, possui uma fortuna equivalente à soma do patrimônio de metade da população mais pobre do Brasil (Oxfam). Ou seja, as 106 milhões de pessoas mais pobres do país juntas possuem a mesma riqueza de uma única herdeira.

“O motivo do nosso Movimento é para reivindicar dignidade para os menos favorecidos, como moradia e alimentação, que são direitos de todo cidadão. Nosso movimento é pacífico, não tem nem um tipo de agressividade a ninguém, muito pelo contrário, o nosso intuito é poder levar àqueles que mais precisam o básico para sua sobrevivência”, disse dona Antônia, 73 anos, do núcleo de base do Lageado, zona leste da capital.

A Barra-Funda, zona oeste de São Paulo, foi um dos bairros onde o MLB fez a ocupação. Foto: Wildally Souza.

Mercados enriquecem às custas da fome do povo

Outro exemplo foi a luta que o MLB fez em 2024, na rede bilionária Carrefour, reivindicando 36 mil cestas básicas. Se cada uma custasse R$ 805,84 em São Paulo (Dieese), isso equivale a 31,6 milhões para os bolsos dos acionistas, o que parece muito, mas se compararmos com o faturamento da empresa de R$ 120,5 bilhões naquele mesmo ano, isso dá 0.02%.

A alimentação do mês de milhares de famílias pobres é menos que migalha para os cofres dos bilionários, sem levar em conta que, só no Brasil, os supermercados jogam fora 13 milhões de toneladas de alimentos.

Vale destacar que, em geral, as cestas entregues ao movimento por essas redes não são aquelas calculadas pelo Dieese, que considera todo o conjunto de alimentos essenciais para a subsistência de uma família durante o mês, devendo incluir ainda pão, leite, margarina, carnes, legumes e verduras. Portanto, o custo é ainda menor para a empresa, chegando a menos de 0,005%. Esse é o significado da ganância da burguesia.

Ainda segundo o Dieese, 45% dos lares brasileiros sobrevivem com até um salário mínimo (R$1518,00), quer dizer que o preço da cesta básica representa 53% da renda de uma mãe, sem considerar os itens de higiene e limpeza. Nessa situação, como se paga o aluguel, a água, a luz, as roupas, o transporte, etc? A verdade é que não paga. O salário das mulheres trabalhadoras, que chefiam mais da metade das famílias no país, recebendo menos que os homens, não é o suficiente para garantir uma vida digna.

O mesmo povo trabalhador que acorda cedo para fazer a cidade funcionar, limpar as ruas, as casas dos ricos, cozinhar, fazer funcionar as fábricas, os transportes, os próprios mercados, é o povo que vê o dinheiro acabar na primeira semana do mês e a fatura do cartão cada vez mais no vermelho, que vê a água e a luz cortada, o filho passando fome. Enquanto isso, a Vicky Safra tem a riqueza de metade dos brasileiros sem nunca ter batido um prego numa barra de sabão.

A solução é a luta

A luta contra a fome em Mauá resultou na conquista de cestas básicas para todas as famílias organizadas. Foto: Sháyra Chagas

Todas essas contradições são consequências de um sistema onde o trabalho é social mas o lucro é privado. Ou seja, os R$ 120,5 bilhões de faturamento do Carrefour vão para meia dúzia de grandes acionistas, enquanto operadores de caixa, carregadores, motoristas, repositores, açougueiros, padeiros, empacotadores, estoquistas e atendentes mal conseguem comprar a cesta básica do próprio mercado em que trabalham.

Exemplo disso foi o que ocorreu no final de um dos atos que o Movimento fez no final de 2024, na campanha Natal sem Fome, onde uma trabalhadora terceirizada da limpeza do mercado, vendo a vitória da ocupação, chegou a nós pedindo para ganhar uma cesta pois não tinha condições de comprar.

Por isso, as lutas são para resolver a fome de agora, mas elas devem ser cada vez maiores para acabar com a fome de uma vez. Por aumento do salário mínimo, pela redução e congelamento do preço dos alimentos, pelo fim da escala 6×1, para fazer com que a classe trabalhadora, que tudo produz nesse país, seja dona de tudo. Nossos atos, greves e ocupações devem ser cada vez maiores, com centenas, milhares de pessoas.

Como falou a companheira Tânia, do MLB de Mauá: “Não é só da cesta básica que a gente precisa, a nossa luta é muito maior pra fazer. A nossa luta é construir o Socialismo, porque com o Socialismo ninguém vai precisar mais fazer luta no mercado, ninguém vai mais morar no banco de praça, em cima de papelão, não vai faltar comida na mesa do nosso povo”.

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