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quarta-feira, 27 de agosto de 2025

Para garantir lucros de empresários, Governo não reage a ataques de Trump

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Mais de duas semanas após o início do tarifaço de Donald Trump contra o Brasil, o governo Lula anunciou a Medida Provisória 1309/25, chamada de “Plano Brasil Soberano”. A iniciativa prevê R\$ 30 bilhões em créditos e benefícios fiscais para exportadores, sobretudo dos setores de café e carne, enquanto cresce a pressão dos Estados Unidos com sanções e restrições políticas.

Felipe Annunziata | Redação


BRASIL – Mais de 15 dias após o início oficial do tarifaço de Trump contra o Brasil, nossa soberania é alvo de ataques diários por parte do imperialismo estadunidense. Todos os dias, a Embaixada dos EUA, junto com o Departamento de Estado realiza uma agressão contra nosso país.

As ameaças de intervenção vêm fantasiadas de relatórios, notas públicas e outros documentos para tentar livrar Bolsonaro da cadeia e roubar nossas riquezas naturais, principalmente as terras raras, material utilizado na fabricação de produtos de alta tecnologia, sendo o Brasil a segunda maior reserva do mundo.

Desde o início da ofensiva estadunidense, estabeleceu-se um intenso debate na mídia burguesa e em toda sociedade: o Brasil deve retaliar os EUA ou buscar “negociação”? Durante o último mês, os editoriais dos jornalões e todas as entidades patronais pressionaram o Governo Lula para que abandonasse qualquer ideia de responder aos ataques de Trump e buscasse a negociação ou mesmo a rendição às exigências dos EUA.

Lula e seus ministros têm dado declarações fortes de que não irão ceder aos ataques dos norte-americanos. A palavra de ordem do governo se tornou “soberania”. Os últimos ataques foram a imposição de sanções econômicas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do processo do golpe de Estado, e o cancelamento dos vistos dos idealizadores do programa Mais Médicos.

Mas a resposta do Governo parou por aí. Não há nenhuma ação concreta contra os interesses do imperialismo estadunidense no nosso país. Pior. O que o Governo quer agora é garantir os lucros dos burgueses exportadores para os EUA. Ou seja, não só o país não responderá às tarifas, como é o orçamento público que cobrirá os prejuízos dos capitalistas.

“Nós somos negociadores. Nós não queremos, no primeiro momento, fazer nada que justifique piorar a nossa relação. Neste momento, nós estamos tentando aproximar a relação, procurando nossos parceiros”, afirmou Lula durante o lançamento da Medida Provisória para garantir os lucros dos empresários que exportam para os EUA.

Medida Provisória

Foi neste espírito que o Governo anunciou seu plano diante do tarifaço, a Medida Provisória (MP) 1309/25, chamada de “Plano Brasil Soberano”. A medida tem como objetivo garantir os lucros dos empresários afetados com as tarifas dos EUA. Os mais favorecidos serão principalmente o setor do café e da carne, ligados ao agronegócio e com grande força entre a bancada reacionária do Congresso Nacional.

A MP concede um crédito de R$ 30 bilhões para exportadores brasileiros com a condição de manutenção dos empregos, além do adiamento no pagamento de impostos. A única medida positiva, a compra pelo governo de produtos perecíveis, está completamente secundarizada, já que não está atrelada a medidas que visem à redução dos preços destes produtos para a população brasileira.

Enfrentar o imperialismo

Fica, portanto, a questão: se essas ações não são suficientes, qual é a saída perante os ataques dos EUA ao nosso país?

Primeiro, é preciso entender as raízes dos ataques: Donald Trump, junto com a burguesia imperialista, quer colocar um governo completamente submisso no Brasil, por isso, querem o fim do processo contra a família Bolsonaro.

Em segundo lugar, e mais importante, os EUA querem reforçar o papel do nosso país como produtor de matérias primas e mercado consumidor dos produtos industrializados e dos serviços estadunidenses, sobretudo, os digitais. Por isso, o ataque ao Pix, a tentativa de tomar as terras raras e outras riquezas e a resistência a qualquer regulação das plataformas digitais (Big Techs).

Para enfrentar o imperialismo, é preciso que se ataque diretamente os interesses das Big Techs com uma ampla regulamentação e a luta para superar a dependência do nosso país desses monopólios estadunidenses. Além disso, os produtos que o Brasil deixou de vender aos EUA podem ser direcionados ao povo brasileiro a preços mais baixos.

De forma mais profunda, é preciso estabelecer o monopólio estatal das terras raras e garantia de que esta riqueza seja explorada apenas no interesse dos trabalhadores em nosso país, e não das mineradoras internacionais. E, por fim, é preciso um profundo enfrentamento ao domínio do capital financeiro internacional do nosso país, reestatizando todas as empresas privatizadas e realizando a auditoria da dívida pública para atacar o sistema que mantém com os grandes bancos o controle da economia nacional.

Matéria publicada na edição impressa  nº319 do jornal A Verdade

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