MLB ocupa prédio em Contagem no 7 de Setembro: 150 famílias erguem a Ocupação Braz Teixeira da Cruz – Palestina Livre, em luta por moradia.
Redação
No dia 7 de setembro, 150 famílias organizadas no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um imóvel abandonado na cidade de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ocupação recebeu o nome “Ocupação Braz Teixeira da Cruz: Palestina Livre!”, como parte da campanha nacional “Não há independência, nem soberania, sem direito à moradia”, que realizou 20 novas ocupações em 17 estados no Dia da Independência do Brasil.
Em defesa de um povo livre, do Brasil à Palestina!
A jornada de lutas também denuncia o genocídio do povo palestino, em que mais de 70 mil pessoas foram assassinadas pelo regime sionista israelense. O povo palestino viu 80% das edificações da Faixa de Gaza serem destruídas e hoje sofre com mais de 90% de déficit habitacional.
A raiz dessas injustiças está no próprio sistema econômico que rege o Brasil: o capitalismo, que concentra riquezas nas mãos de poucos e deixa ao povo apenas migalhas, quando muito um salário de fome. Será justo aceitar que, enquanto burgueses e latifundiários acumulam terras improdutivas, milhões sigam sem ter onde morar?
A resposta do MLB é firme: a mudança nasce da luta coletiva, ousada e combativa. Nosso lema é claro: enquanto morar for um privilégio, ocupar é um dever!
A luta pela moradia em Minas Gerais
“A verdadeira independência só existirá quando houver justiça social, moradia digna e fim dos privilégios da terra ociosa. Segundo a Fundação João Pinheiro, apenas na Região Metropolitana de BH, o déficit habitacional atinge mais de 115 mil famílias. Por isso, organizamos a população sem teto na luta para conquistar uma moradia digna, só assim para fazer cumprir o dispositivo constitucional da função social dos imóveis. Esse prédio que ocupamos hoje está abandonado há pelo menos 7 anos, servindo apenas para especulação imobiliária”, declarou Adriel Cássio, coordenador do MLB.
Em Minas, a crise habitacional tem um responsável: Romeu Zema. O governador demonstra não apenas incapacidade, mas desinteresse em enfrentar o problema. Enquanto milhares de famílias sobrevivem em condições indignas, o Estado abandona políticas públicas, sufoca espaços de negociação e desmonta estruturas que deveriam garantir o direito à moradia.
A luta pela moradia é a luta pela vida!
O prédio estava há anos abandonado, tomado pela poeira, insetos e animais. “Quem tem dinheiro para deixar um prédio inteiro vazio enquanto o povo não tem teto?”, questionou Edinho, coordenador do MLB.
Com a ocupação, o espaço ganhou vida: as salas foram limpas, uma cozinha começou a funcionar e as crianças foram direcionadas para uma creche, além da auto-organização para garantir a segurança da nova moradia.
Desde os primeiros dias, foram realizadas plenárias para apresentar a luta pelo socialismo às famílias, apontando uma alternativa a esse sistema que só oferece exploração ao povo. Também houve distribuição do Jornal A Verdade, que refletia o espírito da luta afirmando que “moradia é um direito básico do povo brasileiro”. Em edições anteriores, muitas famílias conheceram exemplos de escolas populares, compreendendo que a luta do MLB também significa acesso à educação, lazer e cultura.
Adriely Ferreira, coordenadora da Ocupação Braz Teixeira da Cruz, disse que “participar do MLB nesse momento é uma sensação de poder”. Ketlyn Naiara, uma das moradoras, afirmou: “É uma coisa muito organizada, estou adorando. Tô lutando por um direito que é nosso, todo mundo que tá aqui tá lutando por um direito que é nosso, para ter uma moradia digna e dar conforto para nossos filhos”.
Depois de adquirir duas edições do Jornal, Dona Vandinha contou: “É a primeira vez que eu participo. Gostei, o pessoal do MLB que é de outras ocupações veio ajudar a gente, agradeço eles muito. Se tiver outra chance, vou ajudar mais as outras pessoas que precisam de moradia, com muita força, garra e luta”.
Bráz Teixeira da Cruz, presente!
A ocupação homenageia Bráz Teixeira da Cruz – Palestina Livre!, lutador histórico do povo brasileiro, falecido em 2021, vítima da Covid-19 e do descaso do governo fascista de Jair Bolsonaro e seus generais com a vida da classe trabalhadora.
Bráz Teixeira da Cruz nasceu em Itaúna, em 1939. Homem negro, pai de sete filhos, avô de mais de 20 netos, foi um revolucionário que acreditava em um mundo sem exploração. Vindo de uma infância pobre, estudou em Belo Horizonte e, ainda jovem, entrou em contato com as lutas sociais. Aos 20 anos, já organizava atos internacionalistas em defesa da Revolução Cubana e ingressou no PCB. Combativo, atuou no movimento estudantil, nas manifestações antifascistas e na luta pelo passe estudantil. Em 2010, ingressou nas fileiras do Partido Comunista Revolucionário.
É daqueles que Bertolt Brecht chamava de imprescindíveis. Seu nome permanece vivo como símbolo de convicção na vitória do socialismo e de um mundo livre da exploração capitalista. Mais que memória, é exemplo de disciplina, combatividade e abnegação para seus camaradas. Bráz dedicou suas melhores energias à luta, e é um dos heróis do nosso povo!