Ao mesmo tempo que o Prefeito atua em causa própria, buscando abocanhar um auxílio de R$ 5.000,00 mensais – fora o gordo salário que já recebe 25.482,56 (líquido, já com todos os descontos) – a maior parte dos trabalhadores do Brasil tem que se virar com um salário de fome de R$ 1.518,00.
Hilsten de Barros | Garanhuns
BRASIL – Enquanto o valor da cesta básica aumenta significativamente em todo país, principalmente em Pernambuco , o Prefeito de Garanhuns-PE, Sivaldo Albino (PSB), sanciona auxílio-alimentação de R$ 5.000,00 para si mesmo. Além de se presentear com um auxílio-alimentação generoso, também entraram no bojo o Vice-Prefeito, Eraldo Ferreira (PT), os Secretários de pastas e os presidentes das autarquias municipais com auxílios de R$ 2.500,00 mensais.
Ao todo seriam 25 beneficiários, que receberiam um montante de quase R$ 780.000,00 ao longo de um ano. Tentando justificar a medida, o prefeito, por meio de nota da prefeitura, argumentou o seguinte: “A estimativa apresentada pelo impacto financeiro para 2025 permite que tal atualização possa ocorrer sem qualquer prejuízo ao orçamento municipal, e sem ferir qualquer princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal”. Quer dizer, segundo ele, o município poderia desprender um recurso exorbitante desses e não comprometeria as contas.
Pois bem, fica a reflexão, se esse recurso existe, porque não desenvolver uma política de combate a fome no município? Uma conta rápida: ao todo, a medida beneficiaria 25 pessoas e consumiria R$ 65.000,00 por mês. Com esse mesmo valor, seria possível comprar e distribuir cestas cestas-básicas para mais de 180 famílias, beneficiando 720% mais pessoas com uma medida simples.
Diga-se de passagem, o Projeto de Lei foi encaminhado à Câmara Municipal em caráter de urgência no dia 13 de agosto, votado e aprovado no dia 14 de agosto por maioria absoluta (14 votos favoráveis, dos 17 possíveis) e sancionado pelo próprio prefeito no dia 15 de agosto. A pressa seria para que o auxílio já entrasse no próximo contracheque. Quem dera o próprio Sivaldo e os demais chefes do executivo tivessem esse mesmo compromisso e celeridade para acabar com o problema da fome da população das cidades do nosso país – e não só com os seus próprios “problemas”.
O de cima sobe e o debaixo desce
Ao mesmo tempo que o Prefeito Sivaldo atua em causa própria, buscando abocanhar um auxílio de R$ 5.000,00 mensal – fora o gordo salário que já recebe 25.482,56 (líquido, já com todos os descontos) – a maior parte dos trabalhadores do Brasil tem que se virar com um salário de fome de R$ 1.518,00. Na prática, quem hoje recebe um salário mínimo, compromete cerca de metade do orçamento só com os itens essências de alimentação, fora as demais despesas: água, luz, aluguel, etc. Ainda cabe acrescentar que os servidores municipais não receberam nenhum aumento de vale-alimentação esse ano.
Após a grande repercussão dessa tentativa imoral do prefeito, a implementação da medida foi suspensa pela Justiça de Pernambuco, que considerou suspeita a falta de detalhes sobre o impacto financeiro e ausência da fonte de custeio, o que pode ser enquadrado na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Com tudo, Sivaldo Albino, insatisfeito, recorreu da suspensão e declarou em nota da prefeitura: “A gestão municipal acredita que em nova instância restará comprovada a normalidade jurídica, assim como já se observa em diversas outras instituições no estado e no país”, ou seja, a única preocupação é se está ou não está dentro da legalidade, não passou pela cabeça do gestor atuar em benefício da população, longe disso.
Esse acontecimento, assim como vários outros, em Garanhuns (PE) e em demais locais, demonstra com clareza a podridão do regime capitalista, gestores corrompidos e preocupados apenas em enriquecer por meio dos cofres públicos, beneficiando aliados e concentrando a renda em um número reduzido de pessoas, pouco preocupados em combater a desigualdade social. O mesmo vale para os empresários, principalmente do ramo alimentício, que lucram cada vez mais com a fome do nosso povo.
Precisamos lutar por uma sociedade livre dessa podridão, sem que haja exploração de uma pessoa sob as outras. Apenas com a luta e a organização dos trabalhadores, dos pobres e oprimidos é que poderemos por fim ao capitalismo e construir uma sociedade justa, que só se conquista no socialismo, com um Governo Revolucionário dos Trabalhadores.