UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

CARTA | Qual o papel de quem divide as fileiras da produção com os comunistas?

Leia também

Em carta ao jornal A Verdade, Jurandyr, trabalhador da Sabesp e militante da Unidade Popular relata como atua entre os colegas da categoria para apresentar as lutas, fazer a denúncia do sistema capitalista e convidar para se organizar.

Jurandyr | São Paulo (SP)


CARTA – Como militante, desde que me organizei no Partido, tenho procurado tomar conhecimento e me envolver nas atividades e lutas. Conhecer, participar, refletir e ajudar a desenvolver ainda mais as batalhas revolucionárias por meio da atividade organizada, promover a evolução da consciência acerca das nossas responsabilidades na transformação da sociedade, na construção do Socialismo, e conformar, juntamente com os estudos, o arsenal militante para as conversas com os colegas de trabalho, amigos e familiares.

Em muitas conversas com colegas da Sabesp, o assunto sobre as incertezas em relação ao emprego e as condições de trabalho emergem e evocam o posicionamento político de forma mais direta, não somente subjacente a opinião de questões diversas da conjuntura.

Assim, vai-se reconstruindo através da conversa toda a situação na qual se está inserido, tanto como classe trabalhadora, como também, enquanto categoria: o aumento nos preços das mercadorias, os transtornos no trânsito e nos transportes públicos, as incertezas sobre a manutenção no emprego, as reduções salariais através dos cortes em benefícios, os assédios, a insegurança e desapontamento em relação as lideranças sindicais.

Até aí, tudo se situa no terreno da denúncia, da revolta. É perceptível nos trabalhadores, em todo o seu semblante, na entonação de sua voz e naquilo que é mais objetivo — o conteúdo concreto das falas —, não só a inconformidade com tal estado de coisas, mas o rogo por um caminho que permita vislumbrar uma saída que derrube os muros de desespero que tanto insistem em nos cercar.

Nossa disputa, porém, não se encerra na palavra. São as lutas de enfrentamento político e denúncia que travamos que dão concretude ao nosso posicionamento nos rotineiros diálogos com as pessoas do nosso entorno. Elas são a prática que dão corpo ao discurso, para além do mero posicionamento teórico ou de uma exposição preenchida com uma retórica esvaziada; a condensação na forma mais cristalina do poder material da classe trabalhadora. A partir deste momento torna-se explícito o significado da luta e do caminho a ser seguido, cumprindo o Partido com seu papel educador, através do exemplo, com atuação firme e corajosa de sua militância.

São vários os exemplos que se poderia dar da ação política da Unidade Popular (UP) e dos Movimentos. Dois, no entanto, me tem sido muito caros nas mais recentes conversas.

Primeiro, todo o apoio que foi dado ao trabalhador da Sabesp durante as jornadas contra a privatização da empresa. Costumo apresentar como a Unidade Popular, com seus militantes, se colocaram tanto contra a privatização, perniciosa para a esmagadora parte da população, sobretudo a mais carente, como a favor dos direitos dos trabalhadores — apresentar os dois pontos é necessário, para se passar a correta ideia da abrangência da atuação.

Narrar os acontecimentos da “Batalha da Alesp”, de vigorosa vontade e tenacidade das pessoas valorosas ali presentes num ato organizado, com a prisão de três militantes (incluso aí a Presidenta Estadual da Unidade Popular), dá a dimensão da dedicação de uma organização partidária que busca apresentar ao trabalhador quem são seus inimigos e o caminho da luta para a conquista e manutenção dos seus direitos.

Um segundo caso relatado nas conversas, como uma belíssima e exemplar atuação organizada e abnegada da UP, é toda sucessão de acontecimentos em torno da luta dos ferroviários contra a privatização da linhas 11, 12 e 13 da CPTM, a partir da assembleia em que a direção sindical golpeou a categoria, pondo a baixo a greve já aprovada.

Os militantes da Unidade Popular, que já estavam aos montes mobilizados em frente à sede do sindicato dos ferroviários, prontos para dali seguir aos pontos de piquete em apoio a greve, num quadro de grande insatisfação e protestos contra a direção sindical, deliberaram coletivamente e decidiram não retornar às suas casas até que conseguissem assinaturas suficientes dos trabalhadores da categoria para exigir que a direção convocasse nova assembleia que desse prosseguimento ao anseio geral pela greve em defesa dos empregos e de um serviço de qualidade, contra o planos do fascista que ocupa a cadeira de governador do estado.

Durante mais de 48 horas, correu-se as várias estações das linhas em risco de serem privatizadas, conseguindo mais de 500 assinaturas e contatos entre os funcionários da CPTM, a serem convocados para a nova assembleia. Mais ainda: se somando a isso, ao passo que se desenrolava a busca por assinaturas, militantes, amigos e familiares dos ferroviários ocuparam a Secretaria de Transporte, cujo saldo final foi uma imposição de uma derrota moral à corporação policial militar e ao governo, que se atreveu a usar de violência frente a disciplina e determinação dos manifestantes em que expuseram a vocação ditatorial e o porquê de chamar o governador por aquilo que ele é: fascista!

Este é o teor das conversas com colegas de trabalho. Essas são as conversas que derrubam por terra os muros do desespero e, pedra por pedra, vão construindo a escada na qual vamos nos alçar acima dos escombros da sociedade capitalista arruinada e nos elevar ao futuro socialista; são os diálogos que fazem com que colegas de trabalho deem um passo na construção da ação revolucionária.

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos