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domingo, 19 de outubro de 2025

A tarefa de dar assistência

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A tarefa da assistência política é acompanhar a execução dos planos definidos nos coletivos, encontrar e conversar com os militantes, procurar saber se tem tido dificuldades em pôr em prática as tarefas e ajudá-los nesse sentido.

Alexander Feitosa | Natal (RN)


PARTIDO – A tarefa da assistência política é uma das mais importantes do Partido. O segredo de uma boa reunião está na sua preparação. Convocar os membros do coletivo com antecedência, definir local seguro e que ofereça privacidade, preparar os textos que serão estudados, pensar a pauta e, se possível, informar aos participantes o que será discutido para que possam se preparar, levar suas sugestões, informes, etc.

É importante sempre checar o horário de início e se todos chegaram na hora marcada. Caso alguém atrase, tem que se perguntar o motivo para que se possa debater e, caso não seja justo a razão do atraso, fazer a crítica para que superemos os atrasos nas atividades.

Em seguida, o coletivo define quem será a mesa da reunião, ou seja, quem coordenará a reunião. Essa pessoa anota as pautas para que o debate aconteça em ordem definida, controla o tempo das falas, organiza as votações das propostas e prepara o relatório da reunião.

Já a tarefa do assistente é acompanhar a execução dos planos definidos nos coletivos, encontrar e conversar com os militantes, procurar saber se tem tido dificuldades em pôr em prática as tarefas e ajudá-los nesse sentido. Esta é uma tarefa contínua, cotidiana e planificada, que consolida a unidade e a disciplina do conjunto do Partido na perspectiva da luta revolucionária, pela conquista do poder político e pela construção do socialismo.

A tarefa de assistir

O papel do assistente é coesionar os militantes pelos quais é responsável para desenvolver o conjunto de tarefas partidárias que dizem respeito àquele coletivo. Assim, sua função é ajudar na formação comunista dos militantes, conhecer suas vidas e ser um “porto seguro” para que tenha o respeito e confiança de todos. Deve também zelar pelo cumprimento dos deveres de todos, o pagamento das cotas, a participação nas brigadas e presença nas atividades e lutas convocadas pelo Partido.

Ao ingressar em um coletivo comunista, nos é apresentado o centralismo democrático como um princípio organizativo que rege a vida interna e que deve ser aceito e praticado por todos os membros do Partido. Praticar esse princípio é mais do que aceitar formalmente as decisões da maioria, ou mesmo uma diretriz de um organismo dirigente. Destacados revolucionários, como Stálin, Che Guevara, Amílcar Cabral, entre outros, já escreveram sobre o combate ao formalismo e ao burocratismo, denunciando-os como uma expressão do individualismo, da vaidade e da arrogância, características que corroem e minam a unidade do Partido.

Uma das tarefas de um dirigente é cuidar da formação política, teórica e prática do militante. Não basta dar a tarefa, é preciso acompanhar seu andamento e orientá-lo para que o êxito da tarefa fortaleça o militante e, por consequência, o coletivo. Em caso de falha na realização da tarefa, fazer uma avaliação crítica fraterna, buscando identificar as razões e as causas do problema para seguir em frente. Uma justa distribuição de tarefas, de acordo com a capacidade de cada um, é uma das características da política de organização leninista.

Os dirigentes não podem se surpreender ou ficarem incomodados quando surge uma divergência ou uma crítica de militantes de base. Tentar desqualificar a crítica, negá-la, sem querer aprofundar o mérito da questão, é uma atitude burocrática que mais se assemelha à prática dos chefes burgueses.

Como disse o camarada Stálin: “Os membros de base do Partido controlam os seus dirigentes nas reuniões, nas conferências e congressos, ouvindo os relatórios da sua atividade, criticando os seus defeitos e elegendo ou não este ou aquele camarada dirigente para os órgãos de direção” (Sobre o Trabalho Prático, J. Stálin).

Com base nessas ideias, a dirigente comunista espanhola Elena Odena disse: “Para garantir a crítica e a autocrítica, é necessário combater qualquer tentativa de travar ou dificultar a sua implementação e evitar qualquer tipo de discriminação contra quem formula a crítica construtiva”.

A luta contra o espontaneísmo

Lênin sempre lutou contra a tendência espontaneísta no movimento revolucionário. Sempre que verificamos dificuldade em realizar as reuniões dos coletivos, garantir um bom trabalho com o jornal A Verdade, ou mesmo nos deparamos com uma baixa taxa de pagamento das cotizações, há muitas explicações, mas nenhuma delas consegue esconder a manifestação do espontaneísmo. O que há, na verdade, é uma priorização das tarefas sindicais, do trabalho de massas, em detrimento da tarefa central: a construção do PCR.

Deste modo, há um desperdício de energia revolucionária contida na nossa militância, que acaba se dispersando quando as lutas de massas cessam.

Cabe aos dirigentes exercerem suas funções desenvolvendo a crítica e a autocrítica, praticando a solidariedade revolucionária, tendo capacidade de ouvir a experiência coletiva e sintetizar essa experiência em ações que mobilizem o conjunto dos militantes e que os façam sentir que estão a construir a luta pela libertação do povo. Não basta o trabalho ser coletivo, a direção também precisa ser.

“Dirigir coletivamente, em grupo, é estudar os problemas em conjunto, para encontrar a sua melhor solução, é tomar decisões em conjunto, é aproveitar a experiência a inteligência de cada um, de todos para melhor dirigir, mandar, comandar. Dirigir coletivamente é dar a cada dirigente a oportunidade de pensar e de agir, exigir que tome as responsabilidades da sua competência, que tenha iniciativa, que manifeste com determinação e liberdade a sua capacidade criadora, que sirva bem o trabalho da equipe, que é o produto de esforços e das contribuições de todos.” (Amílcar Cabral)

Luta ideológica e coesão do coletivo 

O PCR surge da necessidade histórica do proletariado brasileiro tomar o poder político, expropriar os meios de produção da burguesia e construir o socialismo. Em função de seus objetivos é que a militância deve agir como um só.

A unidade e a coesão não significam a ausência de debate ou divergências no coletivo, mas, ao contrário, pressupõem a luta ideológica, a crítica e a autocrítica, o combate à ideologia burguesa do individualismo.

Somente uma disciplina consciente pode ser verdadeiramente férrea, dizia Lênin. E como alcançar essa consciência sem uma permanente luta ideológica? A verdade é que quando cessa a luta ideológica o organismo se burocratiza.

A luta política deve ser sempre fraterna; o alvo da crítica é o erro e não o militante. A vida dos revolucionários já tem suas dificuldades decorrentes da opressão capitalista. Não precisamos torná-la ainda mais difícil tratando a crítica como um ataque pessoal e contra-atacando quem criticou.

Portanto, os quadros dirigentes devem zelar pelos princípios do marxismo-leninismo, pela formação teórica e prática dos militantes e para que o Partido estreite cada vez mais sua relação com as massas trabalhadoras.

A vida e a classe

O Partido Comunista Revolucionário é o destacamento organizado da classe operária brasileira. Fazem parte dele os trabalhadores e trabalhadoras, jovens, os que estão desempregados, sem-teto, os explorados e oprimidos pelo capitalismo. São os pobres que compõem as fileiras do Partido.

Por isso, os dirigentes devem combater toda e qualquer expressão de elitismo, de comportamentos que mais correspondem ao modo de vida pequeno-burguês. Devemos viver e lutar com o povo.

Não podemos confundir o que é o necessário para a vida dos comunistas com o que é comum e corriqueiro na sociedade burguesa. O parâmetro moral do Partido Comunista, de seus quadros, é estabelecido por critérios revolucionários. Aquilo que favorece a revolução socialista é o que devemos estabelecer como conduta, e aquilo que a atrapalha deve ser suprimido, combatido.

Devemos buscar em pessoas como Manoel Lisboa um exemplo a ser seguido. Em todos os depoimentos dos que conviveram com ele não se verifica nenhuma atitude grosseira ou autoritária, nem mesmo na câmara de tortura, diante da morte, se ouviu um lamento seu, mas um chamado para continuar a luta do Partido.

Manoel sempre teve em sua vida uma postura de plenitude, serenidade e orgulho de cumprir com a tarefa de lutar pelo socialismo. Além disso, a maneira como ele assistia os demais camaradas, a atenção aos militantes de base, a camaradagem, o espírito coletivo, são qualidades que definem o caráter de um dirigente comunista.

Por isso, se perguntarmos qual modelo de assistentes precisamos, a resposta deve ser: precisamos de assistentes como Manoel Lisboa.

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