Estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) conquistam rompimento das relações da Universidade com Israel fruto de mobilizações em apoio ao povo palestino. UFC se junta à lista de instituições de ensino que romperam relações com o estado sionista após ofensiva militar do estado nazisionista há 2 anos
Dandahra Cavalcante | Fortaleza (CE)
INTERNACIONAL – Na última segunda-feira (6), durante a 146ª sessão do Conselho
Universitário (Consuni) da Universidade Federal do Ceará (UFC) , o Diretório Central dos
Estudantes (DCE) da UFC, em conjunto com o Movimento Correnteza e demais movimentos e estudantes da universidade, conquistaram a aprovação de uma moção em solidariedade ao povo palestino e o rompimento oficial das relações institucionais da UFC com o Estado de Israel.
A proposta, apresentada pelos conselheiros discentes, foi aprovada e ovacionada após intenso debate e com apenas oito abstenções. O documento reafirma o repúdio da universidade ao genocídio em curso na Faixa de Gaza, expressa solidariedade a todos os ativistas detidos em águas internacionais durante a missão humanitária Flotilha Global Sumud e determina o cancelamento definitivo do Acordo de Cooperação Acadêmica com a Universidade Ben-Gurion, de Israel.
Firmado em 2022, o acordo previa atividades de intercâmbio e cooperação acadêmica entre a UFC e a Universidade Ben-Gurion, instituição israelense que possui parceria direta com o
ministério da defesa de Israel. Pouco tempo depois, em 2023, o edital do Innovation
Challenge Brasil-Israel, que era um dos desdobramentos dessa parceria, já havia sido
cancelado após forte pressão do movimento estudantil. Agora, com a aprovação do Consuni, o cancelamento do programa se tornou definitivo.
Rompimento de relações em apoio à Palestina
Ao cancelar o acordo, a UFC se soma a outras instituições brasileiras, como a Unicamp e a
UFF, que também romperam relações com universidades israelenses em resposta ao
genocídio em Gaza e em adesão à campanha internacional de Boicote, Desinvestimento e
Sanções (BDS). A aprovação da moção representa mais do que um gesto simbólico: é uma
expressão concreta da solidariedade internacionalista construída há anos pelo movimento
estudantil da UFC. Em meio à escalada de violência em Gaza, a universidade demonstra que
é possível alinhar a prática acadêmica à defesa intransigente dos direitos humanos e à luta dos povos oprimidos.
O DCE-UFC destacou em nota que a decisão “reafirma o compromisso da comunidade da
UFC com os povos oprimidos de todo o mundo” e convocou a continuidade da luta por uma
Palestina livre, do rio ao mar. Essa conquista mostra que a mobilização constante dos estudantes é capaz de transformar as universidades em espaços de resistência e solidariedade internacional.
O rompimento com uma instituição ligada ao aparato militar israelense é uma vitória política que ultrapassa os muros da UFC: é uma afirmação de que não há neutralidade diante do genocídio. Diante disso, torna-se cada vez mais urgente que o governo federal rompa oficialmente todas as formas de cooperação com Israel, inclusive as de caráter científico e institucional, que servem para legitimar um regime de apartheid e ocupação