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quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Luta palestina e solidariedade dos povos põem fim à extermínio em Gaza

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Acordo de cessar-fogo e fim da guerra de extermínio em Gaza prevê troca de prisioneiros de guerra, a retirada do exército de ocupação sionista e a entrada de ajuda humanitária. Luta da resistência palestina e solidariedade internacional dos povos garantem acordo e a preservação das vidas palestinas.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – Depois de dois anos do genocídio cometido por Israel contra o povo palestino, os movimentos de resistência palestina anunciaram o fim da agressão israelense contra o povo de Gaza. Durante este período, Israel assassinou 80 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, sendo que este número pode chegar a 350 mil pessoas, de acordo com um estudo científico da Revista Lancet. 

A principal vitória do acordo alcançado pelos palestinos é colocar um fim a todas estas atrocidades e preservar as vidas palestinas. Depois de dois anos da campanha genocida, a luta em todo o mundo para pressionar Israel começa a dar resultados.

O genocídio palestino

Durante o genocídio, Israel usou de todos os meios à sua disposição para exterminar os palestinos. Mais de 2 mil famílias foram completamente assassinadas até maio deste ano. Mais de 60% dos mortos são de mulheres e crianças, segundo a ONU.

O regime sionista de Israel destruiu mais de 80% das edificações de Gaza, contaminou fontes de água potável, acabou com o sistema de esgoto e danificou todas as terras agricultáveis da Faixa. O regime sionista cercou o mar de Gaza para impedir a população de pescar. Os bombardeios destruíram todos os hospitais e escolas do enclave. O enclave palestino é do mesmo tamanho que o município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A fome e a sede, junto com os drones e os mísseis, foram as principais armas deste genocídio. O cerco a Gaza, iniciado em 2006, impediu nestes dois anos a entrada de qualquer ajuda humanitária decente aos palestinos. A desnutrição alcançou toda a população. 

“Eu tenho 12 anos, eu era saudável e bonita, mas com a guerra eu desenvolvi desnutrição severa. Sinto que estou morrendo todos os dias, eu só quero voltar a brincar como as outras crianças. Eu não sei mais como brincar, toda vez que eu tento eu acabo caindo. Eu pesava 30Kg antes da guerra, agora peso só 19Kg.”, conta a menina Huda Abu al-Naja, uma das vítimas da guerra de extermínio de Israel. 

Israel utilizou programas de inteligência artificial para mirar seus mísseis nas casas em que houvessem mais pessoas antes dos seus ataques, fuzilou milhares de palestinos em filas da fome que tentavam pegar ajuda humanitária. Tanques de guerra, artilharia pesada, mísseis e aviões a jato bombardearam durante 733 dias a população de Gaza.

Quem tentava contar esta história ou impedir que os palestinos morressem eram brutalmente perseguidos e assassinados pelos soldados sionistas. Israel assassinou, cerca de 2 mil profissionais de saúde e 252 jornalistas, no caso dos profissionais de imprensa é o maior número de mortos em todas as guerras da História.

Resistência e solidariedade internacional garantem vitória

Uma importante vitória dos palestinos até agora é política. Finalmente, o mundo todo viu a face genocida do regime sionista de Israel e seu objetivo final: a exterminação de todos os palestinos daquela região do mundo. 

Ao lado dos palestinos lutam hoje milhões de trabalhadores de todo o mundo, que colocaram em xeque os governos burgueses que atuam como cúmplices da campanha de extermínio. Na Europa, estudantes e trabalhadores emparedam os governos imperialistas ao ponto de muitos deles serem obrigados a reconhecer o Estado da Palestina ou declaram embargo no envio de armas à Israel. 

Na América Latina, a solidariedade ao povo palestino levou a um forte questionamento do papel da mídia burguesa e das elites no envio de matérias primas para a economia do genocídio de Israel. 

Por sua vez, o presidente fascista Trump só tomou a frente do acordo de cessar-fogo não porque quer o Nobel da paz como ele mesmo e a mídia divulga, mas porque nas ruas dos EUA, a classe trabalhadora se coloca cada vez mais contra Israel, até em estados que votam normalmente em seu partido. 

Imperialismo é obrigado a ceder às reivindicações palestinas

Em vídeo divulgado na imprensa, o líder do Hamas, Khalil al-Hayya, afirmou o acordo para o fim da guerra de extermínio. Al-Hayya é o chefe da delegação de negociadores da resistência no Egito. 

“Hoje, anunciamos a conclusão de um acordo para pôr fim à guerra e à agressão contra o nosso povo, e para iniciar a implementação de um cessar-fogo permanente, a retirada das forças de ocupação, a entrada de ajuda humanitária, a abertura da passagem de Rafah em ambas as direções e uma troca de prisioneiros. 250 prisioneiros que cumprem penas de prisão perpétua e 1.700 prisioneiros da Faixa de Gaza que foram presos após 7 de outubro serão libertados, além da libertação de todas as crianças e mulheres.”, afirmou o líder palestino.

Apesar da confirmação dos palestinos, países árabes e dos EUA do acordo, ainda não está claro até onde Israel está comprometido com estas cláusulas. O acordo para o fim da atual fase da luta de libertação da Palestina comprova a capacidade de resistência e de combatividade deste povo, que resiste há 76 anos a uma ocupação imperialista de suas terras, seguida da imposição de um regime colonial e de segregação racial patrocinado pelos EUA e implantado por Israel. 

Apesar do acordo não determinar a criação do Estado da Palestina, meta final da resistência em Gaza e na Cisjordânia, ele garante a troca de prisioneiros de guerra, incluindo lideranças importantes da resistência que se encontram sob cárcere há décadas. 

O papel da resistência palestina

Mas o acordo só foi possível graças à brava resistência palestina. Os palestinos de Gaza e da Cisjordânia resistiram como puderam a campanha de genocídio e ocupação. 

Mesmo com dois anos de extermínio, Israel continuou tendo pesadas baixas no campo de batalha. Na Cisjordânia, cada vez mais palestinos aderem às campanhas de desobediência civil e enfrentam as forças de ocupação israelenses.

Em todo o Oriente Médio, mesmo com a campanha de bombardeio do Líbano, Síria, Irã e Iêmen, os trabalhadores destes países não abaixaram a cabeça. A vitória militar israelense, com o assassinato de lideranças políticas libanesas, palestinas e iranianas, não garantiu a vitória política no atual conflito.

Em Gaza, o objetivo do regime sionista era claro: expulsar ou matar todos os palestinos. Dois anos depois, não conseguiram alcançar isto, apesar das brutais condições que impuseram ao povo palestino.

Luta pelo povo palestino não pode parar

Agora toda esta força acumulada sob liderança da resistência palestina em todo o mundo não pode parar. A possível pausa nos bombardeios a Gaza, com a entrada de ajuda àquele povo deve nos guiar para o próximo passo desta luta: a garantia definitiva da libertação do povo palestino e a criação de seu Estado, com Jerusalém como sua capital.

A luta tem que continuar, com a defesa do fim do regime sionista na Cisjordânia e em Israel. A ditadura do apartheid israelense, do controle populacional sobre o povo palestino e da limitação aos direitos civis mais básicos precisa acabar. 

A derrota do sionismo é também a derrota do imperialismo e seu projeto para o Oriente Médio. Esses dois anos deixaram claro que a bandeira palestina é a bandeira da liberdade de todos os povos do mundo.

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