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quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Ocupação do antigo Dops resiste em Belo Horizonte

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Sede do antigo DOPS-MG, ocupada por movimentos sociais em abril e transformada em Memorial dos Direitos Humanos, resiste à reintegração de posse e ataques da polícia militar em Belo Horizonte

Renato Campos Amaral | Comissão Independente do Memorial Ocupado (MG)

A ocupação do Memorial dos Direitos Humanos de Minas Gerais, na sede do antigo DOPS, em Belo Horizonte, completou 5 meses. Em 1º de abril de 2025, movimentos sociais organizados pelo Partido Comunista Revolucionário (PCR) e pela União da Juventude Rebelião (UJR) ocuparam as dependências do antigo Departamento de Ordem Política e Social para lutar pela abertura definitiva daquele espaço como memória dos que tombaram na luta contra a Ditadura Militar fascista no Brasil. 

Assim como na luta armada contra o regime militar, onde os revolucionários raptavam embaixadores para a troca de presos políticos de várias organizações, o PCR e a UJR fizeram a ação e convidaram as organizações políticas e demais movimentos sociais a se incorporarem à ocupação do Memorial para ampliar a luta por memória, verdade e justiça. 

Fruto disso, foi criada a Comissão Independente do Memorial Ocupado, que vem garantindo a manutenção da ocupação e os enfrentamentos que temos com o governo do Estado, dirigido pelo fascista Romeu Zema (NOVO). Esta comissão é composta por companheiros e companheiras com histórico na pauta dos direitos humanos, sindicalistas e historiadores que pesquisam o tema.  

O Memorial tem quatro andares, sendo o primeiro abaixo do nível da rua e onde se encontra a carceragem. Todos os andares funcionaram como espaços de tortura, compartilhados entre o DOPS  e o DOI-Codi.

Nestes cinco meses de ocupação, vencemos o cerco de um mês e meio da polícia militar e iniciamos as visitas mediadas ao local, onde apresentamos o prédio aos visitantes e explicamos o funcionamento macabro que a ditadura dava àquele espaço. 

A grande repercussão desta luta nos meios de comunicação deve-se à grande pressão popular. Com muito apoio político, conseguimos derrubar a reintegração de posse do governador contra nosso Memorial e, com isso, estabelecer uma mesa de conciliação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 

Este processo das visitas mediadas se expandiu com o fim do cerco da PM. Atualmente, recebemos no Memorial Ocupado professores, estudantes, ex-presos políticos e a população em geral. Ao todo, já recebemos 4.800 pessoas inscritas pelo formulário para visitação. Entre as visitas, destaque para a ministra dos Direitos Humanos Macaé Evaristo e vários parlamentares comprometidos com a causa, bem como da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

Diariamente, militantes do PCR, da UJR, da UP e demais movimentos se revezam na manutenção e cuidados com o espaço. Desta forma, o prédio abandonado pelo governo cumpre função social dado por força dos comunistas, socialistas, anarquistas, democratas, progressistas e demais defensores dos direitos humanos.

Mesmo sendo já uma realidade, a luta pelo Memorial dos Direitos Humanos continua. É preciso impedir o governo Zema de fechar o prédio, vendê-lo e apagar esta importante memória. Nossa luta é para que o Estado assuma as obras necessárias para a adequação do prédio nos moldes do projeto museológico já elaborado por professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além de garantir que a gestão do espaço tenha participação ativa dos movimentos ocupantes e familiares das vítimas da ditadura. Continuamos aqui, resistindo na luta por memória, verdade e justiça.

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