A realização da COP 30 em Belém demonstra um momento decisivo para organizar a resistência contra a destruição ambiental, desmascarando a responsabilidade das potências capitalistas na crise climática.
Fernando Alves | Redação
BRASIL – Com a realização da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém do Pará, abre-se um momento importante para organizar a luta em defesa da natureza, da humanidade, contra a destruição do planeta e desmascarar as corporações e governos capitalistas que são os verdadeiros responsáveis pela crise ambiental.
O desenvolvimento acelerado e desordenado da produção capitalista e a busca incessante do lucro pelos grandes monopólios e países imperialistas traz como consequência o aumento da destruição do planeta. Para garantir seus privilégios, dominar a riqueza das nações e controlar regiões estratégicas do mundo, um punhado de capitalistas lança mão de todas as formas de política e artifícios de exploração. Mas a verdade é que os países dominantes não querem assumir nenhum compromisso com a defesa do meio ambiente o do planeta.
Prova disso é a posição do Governo dos Estados Unidos. Logo no início de seu mandato, Donald Trump anunciou a saída do país do Acordo de Paris e retirou a possibilidade de assinatura de qualquer acordo sobre o clima. Agora, segundo publicação da rede de notícias Bloomberg, procuradores gerais de 17 estados dos EUA solicitaram que o governo estadunidense não envie representantes oficiais para o COP 30. Para eles, a participação dos EUA legitimaria “políticas contrárias” à agenda de Trump.
O fracasso do Acordo de Paris
Também faz parte desse problema o fato de que os países imperialistas não cumpriram os compromissos assumidos na última Conferência do Clima, realizada em Paris, em 2015. A emissão de gases poluentes, que destroem a atmosfera e aceleram o aumento das temperaturas, levando ao aquecimento global, ao derretimento das geleiras, o que, por sua vez, provoca a ocorrência de fenômenos como enchentes, maremotos, terremotos, desertificação, altas temperaturas, são consequências das ações dos países ricos e suas empresas sobre a natureza.
O objetivo principal do Acordo de Paris era impedir que o aquecimento global ultrapassasse o limite de 1,5º C, mas a ONU já reconheceu que este objetivo não foi alcançado.
Entre as consequências, está o derretimento das geleiras, em especial do Polo Ártico, que perdeu 7% de sua superfície, e da Antártida, que vem que vem sofrendo os mesmos impactos. Esse é o sinal mais grave, pois esses polos funcionam como um ar-condicionado para o equilíbrio climático, já que levam correntes marítimas geladas e correntes de ar para os trópicos, que são as partes mais aquecidas do planeta. As cadeias de montanhas também vêm sofrendo esses efeitos, como o Himalaia, os Alpes e os Andes, além dos lagos glaciais.
O Acordo de Paris estabeleceu que os países criassem as condições e se adaptassem às bruscas mudanças climáticas, sem ameaçar a produção de alimentos.
A polêmica criação de uma fonte de financiamento por parte dos países mais ricos para ajudar o chamado grupo de países pobres na transição para o desenvolvimento de baixo carbono – Carbono Zero, não foi efetivado. Nesse caso, os países imperialistas assumiram o compromisso, através das Contribuições Nacionalmente Determinadas (CDNs), de dar um aporte de US$ 100 bilhões por ano para medidas de combate às mudanças climáticas.
Essa política é muito perigosa, pois ela pode interferir na soberania dos países, como é o caso do Brasil. Os países financiadores podem sentir-se no “direito” de exigir a criação de uma área de interesse internacional da Amazônia e, por tabela, uma tutela desses países sobre a região. Isso representaria a desnacionalização da Amazônia, a privatização da floresta e o controle dos países ricos sobre a maior parte do território brasileiro e de mais oito países.
Apesar desse perigoso caminho, o governo brasileiro vem estimulando a financiamento internacional da Amazônia, ignorando as consequências futuras dessa medida.
A Amazônia está ameaçada
Por fim, o governo brasileiro anunciou a liberação para pesquisa de petróleo e gás na Foz do Rio Amazonas. Essa decisão coloca em risco uma região que ainda está preservada e abrange o litoral dos Estados do Amapá e do Pará, onde se encontram florestas nativas, a Ilha de Marajó, santuários de aves, tartarugas e uma infinidade espécie animais e de plantas, uma infinidade de ilhas; do Maranhão, que pode comprometer os Lençóis Maranhenses; do Piauí, que possui a Foz do Rio Parnaíba; dos litorais do Ceará e Rio Grande do Norte. Toda essa região e sua biodiversidade podem ficar comprometidas, apenas para satisfazer os interesses da indústria do petróleo, hoje controlada pelas petrolíferas multinacionais.
A Amazônia é estratégica. A região possui 15% de água potável do planeta, sua biodiversidade é incalculável, é abundante em minerais estratégicos e terras raras, detém grandes reservas de gás e petróleo. Porém, vem sofrendo com décadas de ações predatórias do latifúndio, madeireiras, das mineradoras, do tráfico de ouro e pedras preciosas e da intervenção destruidora do Estado burguês e dos capitalistas. Sofre com a invasão de terras indígenas. Também a questão fundiária representa o maior dos problemas, já que a luta pela terra é uma das mais radicais do mundo, com 36% da região registrada como propriedade privada.
Os povos da Amazônia e todos os brasileiros devem lutar em defesa da nossa soberania e da preservação da natureza, contra as ameaças imperialistas e o entreguismo do nosso território.
Matéria publicada na edição nº324 do Jornal A Verdade.