UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Mobilizações do MLB por um natal sem fome reúnem milhares de famílias em todo país

Leia também

Milhares de famílias em cerca de 15 estados do Brasil se organizaram neste dia 20 de dezembro para denunciar e lutar contra a fome e, principalmente, contra quem lucra com ela: as grandes redes de supermercados e do agronegócio.

Redação


LUTA POPULAR – Neste ano, foi declarado que o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU. Mas o que os dados revelam além disso é que cerca de 13,5% dos brasileiros ainda enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave, e a fome (insegurança alimentar grave) atinge cerca de 3,4% da população.

Ou seja, hoje, quase 7 milhões de brasileiros se encontram em situação de fome, e, no total, são 27 milhões que não poderão desfrutar de uma ceia digna, mesmo após ter trabalhado o ano todo e muitos que trabalharão inclusive durante as festividades, sendo as mulheres e a população negra, os mais afetados.

Diante desse cenário, inúmeras famílias organizadas no MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) não viram outra alternativa senão a da luta, como relata Pedro, metalúrgico da zona leste de São Paulo, 23 anos.

“Esse ato é muito importante pra demonstrar as coisas que muitas vezes a gente não vê no dia a dia, só de estar aqui você percebe como faz diferença as pessoas estarem unidas, organizadas, como faz diferença lutar por aquilo que é nosso por direito e que faz diferença pra nossa vida. Ver isso dá uma esperança, dá uma nova perspectiva pro nosso futuro”, afirma.

O mês de dezembro em geral é marcado pela solidariedade, comunhão, amor ao próximo, como justamente ensinou o lutador da causa dos pobres: Jesus Cristo. Mas, apesar de toda a fraternidade do nosso povo, uma realidade fica ainda mais evidente neste período, a realidade da fome.

Em contraponto, segundo a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), em 2024, o faturamento do setor supermercadista foi de R$ 1,067 trilhão, representando 9,12% do PIB, sendo liderado o ranking de lucros pelo Grupo Carrefour, seguido por Assaí Atacadista e Grupo Mateus.

Por que é então que, com tanto alimento sendo vendido, o povo ainda assim, não consegue se alimentar dignamente?

Contradição se evidencia

No sistema capitalista, o capital, os lucros, como o próprio nome diz, são a prioridade. Os números revelam uma gigantesca contradição. Enquanto os donos das grandes redes de supermercados faturam bilhões por ano, a imensa maioria do povo brasileiro vive na miséria e com baixos salários mesmo trabalhando mais de 40 horas semanais e quase 7 dias por semana.

“O Brasil aprendeu a enfrentar a fome. A forte redução da insegurança alimentar mostra que o país construiu uma estratégia emergencial e eficiente de redução da fome. O Plano Brasil Sem Fome, lançado em 2023, consolidou essa estratégia”, destacou Valéria Burity, Secretária Extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do Ministério do Desenvolvimento Social.

Como poderia o Brasil ter aprendido a enfrentar a fome, como diz o governo, se a raiz do problema não foi combatida? Haverão famintos no Brasil enquanto prevalecer o interesse de famílias como a Saadé – uma das principais donas do Grupo Carrefour – que declara uma fortuna de 34 bilhões de dólares.

Como relata Idália, 51 anos, auxiliar de limpeza nos metrôs em São Paulo, “é a minha primeira vez aqui no MLB e eu tô achando muito interessante porque eu vejo que as pessoas falam por aí que tá tudo bem, mas tá faltando moradia, alimentação”.

Quem luta, conquista

Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Alagoas, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Sergipe foram alguns dos estados onde as famílias do MLB fizeram manifestações da campanha “Natal sem fome” realizada pelo MLB.

No Pará, onde 44,6% dos lares vivem com algum grau de insegurança alimentar foram conquistadas 100 cestas básicas.

No Estado de São Paulo, mais de 500 famílias ocuparam uma das lojas da Rede Bem Barato. Com cerca de 40 crianças e inúmeras pessoas idosas, resistiram mesmo em meio a forte repressão policial e saíram com a conquista de 250 cestas mais uma negociação em aberto para o recebimento de cestas mensais.

“Eu me senti muito triste porque enquanto a gente tá atrás de uma alimentação pra botar na mesa de quem tá faltando, eles vêm com aqueles escudos, aquelas bombas de gás, spray de pimenta para intimidar a gente, para ver se a gente sai. Mas nós somos muito fortes, somos um povo de luta! Eu não tenho medo da morte no MLB! Eu vou morrer na luta igual as outras morreram lutando!” relata Mônica, de 66 anos, militante do MLB há 6 anos.

No Rio Grande do Sul as famílias também conquistaram negociações com a rede Comercial Zarrari. Já em Santa Catarina, onde recentemente a polícia realizou uma operação para criminalizar militantes do MLB e a Unidade Popular, a resposta das famílias foi ocupando as ruas: foram vendidos mais de 70 jornais em uma grande panfletagem no centro, para dialogar com os trabalhadores do comércio da 6×1. Além da construção de um novo núcleo de base do MLB, com famílias decididas a lutar contra essa exploração e lutar por uma nova sociedade.

Pelo poder popular e Socialismo

Em todos os estados, a contradição mais evidente é a de que hoje, aqueles e aquelas que trabalham construindo as riquezas do país, são os principais afetados pela fome, já que o salário mínimo do Brasil é um dos mais baixos do mundo!

Roberto*, operário de 58 anos da cidade de Diadema (SP) conta: “Eu entrei nesse grupo agora, tô gostando muito. Em busca da nossa moradia, nossa cesta básica. Nós temos o direito de votar, mas não temos o direito de ganhar, quem ganha mais são os empresários, então nós estamos correndo atrás dos nossos direitos, do que é nosso por justiça. Nós não deveríamos ter que só trabalhar pra enriquecer mais o rico.”

A meta da ONU com a campanha “Fome Zero” é erradicar a fome no mundo até 2030. Entretanto, quem tem fome tem pressa e se esses quase 27 milhões de brasileiros precisarem esperar até 2030, a depender das vontades e interesses de meia dúzia de bilionários, sabemos o que irá acontecer.

O recado dado pelas famílias é claro: em luta estão e em luta seguirão. Enquanto houver fome no Brasil e no mundo se erguerá a bandeira do socialismo e da verdadeira pátria livre.

More articles

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimos artigos