Cerca de 2 mil trabalhadores estão em greve por tempo indeterminado até terem suas reivindicações atendidas pelas empresas terceirizadas da construção civil na planta da BYD Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador.
Redação Bahia
TRABALHADOR UNIDO – Desde a última terça-feira (2/12), operários da construção civil que atuam na implementação da planta do monopólio bilionário chinês BYD iniciaram uma greve por condições mais dignas de trabalho. A greve foi produto da paralisação convocada nacionalmente pelo Movimento Luta de Classes (MLC) contra a escala 6×1.
A greve já alcança o quarto dia para conquistar as reivindicações da categoria. Entre elas estão, o pagamento de 30% por insalubridade; aumento do auxílio alimentação e transporte; instalação de bebedouros, vestiários, banheiros e fumódromos; disponibilização de mais ônibus para deslocamento dentro da fábrica, pois os trabalhadores teriam que caminhar mais de 4 km; regularização do pagamento de salários e a atualização do piso salarial.
Atualmente a maior parte dos trabalhadores na BYD são de empresas terceirizadas da construção civil que estão construindo a planta que futuramente terá 20 mil trabalhadores. Hoje, a montadora já alcançou a marca de 10 mil carros produzidos desde a inauguração da fábrica em setembro com cerca de 2 mil metalúrgicos trabalhando.
“Enquanto eles não resolverem tudo que temos aí de pendência nós vamos ficar parados e eles vão sofrer mais ainda. A obra deles depende da gente e se a gente não trabalhar nada lá dentro vai ser feito” disse o operário Paulo Henrique ao defender a greve. “Quem nos representa está aqui [aponta para camiseta do jornal A Verdade], o Movimento Luta de Classes!”, completa.

Trabalhadores fundam novo sindicato
Desde o início da paralisação, o sindicato que deveria representar os operários da construção civil de Camaçari, o SINDTICCC, negou à imprensa burguesa reconhecer ou participar das reivindicações legítimas da categoria.
Representantes do sindicato apareceram pela primeira vez na paralisação no terceiro dia em que centenas de trabalhadores lutam contra a exploração das empresas que tem explorado os trabalhadores em condições análogas à escravidão, sem acesso a água, banheiros e vestiário.
A unidade dos trabalhadores não foi abalada a partir das ameaças do sindicato pelego. Em assembleia, os operários decidiram por criar o Sindicato Livre de Trabalhadores da Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial de Camaçari e Região, filiado ao MLC.
Brigadas do Jornal A Verdade
As brigadas do jornal A Verdade na porta da fábrica foram fator fundamental para o sucesso da mobilização dos trabalhadores na BYD Camaçari. Desde fevereiro brigadas quinzenais são realizadas bem cedo durante a entrada dos trabalhadores. Recentemente as brigadas passaram a ser semanais e o número de jornais vendidos por brigada passou a aumentar para 15 a 20 jornais vendidos. A partir da chamada nacional do Movimento Luta de Classes para a construção de paralisações contra a escala 6×1, os brigadistas do jornal passaram a estar pelo menos duas vezes por semana na fábrica.
Desde o começo da greve o número de jornais vendidos tem aumentado, somando 220 jornais vendidos nos últimos três dias de paralisação. Os operários reconhecem que o jornal e os movimentos que o constroem são os verdadeiros representantes de suas pautas. Sem o trabalho contínuo de brigadas operárias não seria possível construir essa luta junto com os trabalhadores.