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segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Petroleiros em greve por melhores salários e condições de trabalho

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Milhares de operários e operárias da Petrobras entraram em greve para obrigar a empresa a negociar o Acordo Coletivo de Trabalho. Após ofensivas de privatizações e vendas de ativos, trabalhadores lutam por melhores salários e condições de trabalho.

Ana Mattos | Rio de Janeiro


TRABALHADOR UNIDO – Desde setembro, a Petrobras e os sindicatos de petroleiros de todo o país iniciaram as negociações do Acordo Coletivo de Trabalho deste ano. Até o momento foram apresentadas 3 propostas pela empresa, as quais apresentam retirada de direitos e não garantem uma reparação por todas as perdas salariais dos anos dos governos Temer e Bolsonaro. Como se não bastasse, todo o processo de “negociação” tem sido tocado com muita intransigência pela companhia que, a qualquer sinal de enfrentamento por parte das entidades sindicais, suspende as reuniões de forma unilateral, se negando a manter qualquer diálogo.

De acordo com informações recolhidas na tarde desta segunda, estão paralisadas 36 plataformas e 5 campos terrestres de petróleo, uma fábrica de fertilizantes e uma usina de biodiesel, além de 4 refinarias, uma termoelétrica e 4 navios, além de dezenas de sedes administrativas da empresa.

A resposta da categoria petroleira foi de rejeição de ambas as propostas de forma quase unânime, demonstrando o tamanho da insatisfação com os ataques perpetrados pela companhia e seus acionistas. A empresa, que garante vultuosas parcelas de lucros e dividendos para os seus acionistas todos os anos – sendo a 14ª empresa que mais pagou proventos em 2024 no mundo, a 4ª no setor de petróleo, somando 75,8 bilhões de reais – alega questões financeiras, o que deixa claro para toda a categoria a real intenção: remunerar sanguessugas enquanto explora e desvaloriza aqueles que realmente geram valor para a empresa e para o país.

É nesse espírito de indignação que uma greve unificada foi aprovada nas assembleias de norte a sul do país. A greve começou nesta segunda (15/12), mas as movimentações começaram antes. No heliporto do Farol de São Tomé, por exemplo, o Sindipetro NF em conjunto com os trabalhadores das plataformas iniciaram há mais de uma semana os piquetes como forma de aviso, atrasando voos para as plataformas da Bacia de Campos.

PM do Rio ataca grevistas

Já no primeiro dia de greve o movimento foi forte em muitas unidades. Foram trabalhadores de dezenas de plataformas que solicitaram o desembarque, enquanto os colegas que já estavam desembarcados se negaram a subir. No Complexo de Energia Boaventura (antigo Comperj/Gaslub), na cidade de Itaboraí (RJ), os trabalhadores cruzaram os braços e foram atacados pela polícia, que os receberam com bombas e spray de pimenta.

Na Reduc, em Duque de Caxias (RJ), dois trabalhadores foram presos, sendo um deles o secretário geral do Sindipetro-Caxias, enquanto posicionavam faixas informativas sobre a greve na entrada dos caminhões. Outras refinarias, como a REGAP, REPLAN, REVAP, também aderiram a greve e cortaram a rendição das equipes de turno. Entre os prédios administrativos, a adesão foi parcial, com destaque para o EDIRN que teve 90% de participação dos trabalhadores.

“As propostas da empresa são sempre um escárnio para a gente, com corte de efetivo. com condições de segurança cada vez piores. Na unidade que eu trabalhei, na sexta-feira teve um acidente e uma pessoa saiu queimada de lá por causa da pressão de trabalho. Então a greve é sobre tudo isso. É sobre colocar os interesses de acionista na frente do que é realmente importante para a empresa que são os trabalhadores.”, afirma Igor Tavares, operário da Reduc e militante do MLC.

Luta dos trabalhadores é pelo próprio direito

A greve petroleira é uma resposta a anos de desvalorização e ataques contínuos à companhia e aos petroleiros. Mesmo com a eleição de um governo dito progressista, a realidade continua sendo a mesma: baixo efetivo, sobrecarga de trabalho, assédio exacerbado, direitos trabalhistas negados, retirada de direitos a cada acordo coletivo.

A categoria petroleira já entendeu que apenas a greve é capaz de trazer mudanças efetivas para si, pois quem manda na Petrobras hoje são os acionistas e eles jamais irão abrir mão de roubar o fruto do trabalho dos petroleiros para beneficiá-los. A previsão é de que o movimento paredista continue nesta terça e nos próximos dias.

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