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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Entrevista com o jornalista Flávio Gomes: “O futebol brasileiro tem um dono, a rede Globo”

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flavio gomes espn 2Flavio Gomes é jornalista,escritor e professor de Jornalismo. Por atuar em jornais, revistas, rádio, TV e internet, se encaixa no perfil do que se convencionou chamar de multimídia. Sua carreira começou em 1982 no extinto jornal esportivo “Popular da Tarde”. Passou pela “Folha de S.Paulo”, revistas “Placar”, “Quatro Rodas Clássicos” e “ESPN”, rádios Cultura, USP, Jovem Pan, Bandeirantes, Eldorado-ESPN e Estadão ESPN — as duas últimas entre 2007 e 2012, quando a emissora foi extinta. Foi colunista e repórter do “Lance!” de 1997 a 2010. Sua agência Warm Up fez a cobertura do Mundial de F-1 para mais de 120 jornais entre 1995 e 2011. De 2005 a setembro de 2013 foi comentarista, apresentador e repórter da ESPN Brasil, apresentador e repórter da Rádio ESPN e da programação esportiva da rádio Capital AM de São Paulo. Em janeiro de 2014 passou a ser comentarista, repórter e apresentador dos canais Fox Sports no Brasil. Por fim, tem uma estranha obsessão por veículos soviéticos. “A Lada foi a melhor marca que já passou pelo Brasil”, garante. Além disso, é um crítico ferrenho do processo de elitização do futebol brasileiro, onde os times pequenos vão morrendo por inanição. O jornalista concedeu ao Jornal A Verdade um rápida entrevista sobre o futebol brasileiro, seus problemas entre outros assuntos.

A Verdade – O futebol é um ambiente milionário num país de muitas desigualdades.Qual sua opinião em relação aos salários pagos atualmente nos grandes clubes brasileiros?

Flávio Gomes – São exagerados, e por causa deles estão todos quebrados. Claro que os jogadores são os menos culpados. Dirigentes de clubes não se importam com as contas, porque o dinheiro não é deles. Enquanto não houver uma lei que responsabilize dirigentes pela quebradeira geral, isso não vai mudar.

Vivemos em 2014 a Copa do Mundo no Brasil, na sua opinião, qual o legado da Copa em termos técnicos do futebol e em termos políticos para o país?

Foi uma boa Copa. Mas não houve legado técnico e esportivo nenhum. A derrota para a Alemanha por 7 a 1 deveria ser um divisor de águas. Deveria ter resultado na queda de toda a cúpula do futebol brasileiro, numa reformulação geral. Não aconteceu nada. Temos alguns bons estádios, e é só.

Na sua opinião qual é o principal problema do futebol brasileiro?

A distribuição de receita obscena por parte da TV. O descaso com os clubes pequenos, com o futebol do interior, a falta de um calendário que permita que todos joguem o ano todo, a gestão da CBF, tudo é muito ruim. Um grande simpósio, talvez até promovido pelo governo federal, deveria ser realizado. Está tudo muito ruim, e ninguém se importa com a morte dos clubes que sempre foram a base do futebol brasileiro, formando jogadores e envolvendo suas cidades. Uma revisão da Lei Pelé também é necessária, para proteger os clubes e estimulá-los a formar jovens atletas. E o fim do STJD.

Existe já algum tempo, um processo de profissionalização do futebol. Os clubes estão cada vez mais virando empresas. Qual sua opinião sobre as consequências disto?

Nenhum está virando empresa. Eles estão movimentando muito dinheiro, mas são administrados com total irresponsabilidade, como sempre foi.

Qual sua opinião sobre o papel atual da CBF no futebol brasileiro?

A CBF não zela pelo futebol. Se preocupa apenas com a seleção e seus contratos. Não faz nada de útil.

Vivemos já há algum tempo um processo de elitização do futebol brasileiro. Qual sua opinião sobre as consequências que isso acarreta?

Como já dito, a morte dos clubes menores. Um tiro no pé. E tudo porque o futebol tem um dono, a Globo, que distribui dinheiro segundo seus interesses.

Alguns jornalistas dizem que o futebol brasileiro está em crise, qual sua análise sobre isso?

É visível. Estádios vazios, poucos craques, times ruins, clubes falindo. E a seleção levando de 7 na Copa em casa. Mais crise do que isso, impossível.

Os times mineiros, Cruzeiro e Atlético, venceram os campeonatos nacionais realizando um feito inédito para o estado de Minas Gerais. Na sua opinião qual é o motivo deste sucesso?

Bom planejamento, nada mais. Profissionais competentes e gestão responsável.

Renato Campos

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