Segundo dados de 2013 do IBGE, Alagoas tem uma população estimada em 3.300.935 habitantes, e é o segundo estado com a maior concentração de renda no Brasil, porém, com os piores indicadores sociais. Para os turistas e os membros da burguesia, Maceió é um paraíso, mas os mais pobres sofrem diversos tipos de repressão.
O prefeito Rui Palmeira (PSDB), que se apresentou como o “novo” e a “solução” com sua gestão inútil e ditatorial faz perpetuar velhos problemas e – o que é pior – ainda os agrava.
A edição do Bom Dia Brasil, da Rede Globo, de 17 de julho, mostrou que, na Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), onde ficam armazenados os medicamentos distribuídos pela prefeitura a 68 postos de saúde na capital, foram encontradas dezenas de remédios com validade vencida até depois de dois meses. Entre os medicamentos perdidos, suplementos alimentares, produtos para portadores de diabetes e substâncias de uso controlado para pacientes psiquiátricos. O mais curioso é que os medicamentos que perderam a validade no depósito por falta de uso são os mesmos que estão em falta nas unidades de saúde, vitimando, assim, a população mais pobre, que depende da distribuição desses remédios para o tratamento de suas enfermidades.
Repressão do Estado
Enquanto isso, as ruas fervem quando o assunto é repressão. Trabalhadores do comércio popular são removidos à força bruta pela guarda civil, que se tornou presença constante nas ruas do Centro de Maceió, sendo que, em sua maioria, as lojas do Centro vendem móveis, eletroeletrônicos, roupas e sapatos, enquanto os “vendedores ambulantes” vendem DVDs, canetas, raquetes para matar insetos, lanternas, etc.
Quando alguém lhes pergunta, os donos de lojas respondem que os ambulantes tiram a visibilidade de suas lojas, embora mais de 80% deles vendam suas mercadorias no chão ou penduradas nas paredes. Ora, como poderiam tirar a visibilidade de uma loja que ostenta uma placa enorme, a três, quatro ou mais metros do chão, anunciando que está ali (e que ainda tem propaganda no rádio, na televisão e nos jornais)?
Os pescadores da Vila do Jaraguá, que existe no mesmo local há mais de 415 anos, estão prestes a serem expulsos do seu lugar de origem porque a Prefeitura quer o terreno para construir uma marina (1), já que os ricos e poderosos do Estado pretendem atracar suas lanchas e iates mais perto do Centro.
Para atender aos interesses do grande capital, a gestão do prefeito Rui Palmeira (PSDB) promove uma feroz perseguição aos moradores da vila, na tentativa de realizar o que a coordenadora do Cepa Quilombo e do Museu da Cultura Periférica, Sirlene Gomes, chamou de “faxina social”.
A vila é uma comunidade tradicional e, segundo a Constituição brasileira, comunidades deste tipo não podem ser removidas do seu lugar de origem. E outros mais. A Organização das Nações Unidas (ONU), em sua Declaração Universal dos Direitos Humanos, garante que todo ser humano tem direito à moradia digna. Porém, em nome do lucro máximo, a Prefeitura quer passar por cima da ONU e da Constituição da República Federativa do Brasil.
Isso porque, durante a campanha eleitoral, o slogan do atual prefeito era “O cara é bom”.
E se o “cara” fosse mau? Nem quero imaginar o que poderia ter acontecido.
E a vila de pescadores ainda tem sua imagem vinculada na mídia como se os que moram lá fossem traficantes de drogas.
Se existe algum tráfico na vila de pescadores, esse tráfico só pode ser o tráfico de frutos do mar para a mesa dos alagoanos; o tráfico de cultura popular, a exemplo do maracatu, da capoeira, do artesanato…
É o tráfico de uma luta incansável que contagia toda a cidade, seja entre os pescadores, seja entre os trabalhadores do comércio popular, os estudantes, as mulheres… Resumindo: todos os que lutam, e, parafraseando Olga Benário, unidos pelo justo e pelo melhor do Brasil e do mundo.
Só resta lutar até o fim por esta causa legítima, já que agora os olhos do abutre do grande capital estão voltados para a Vila em Jaraguá. Se nada for feito agora, amanhã os expulsos podem ser os moradores do Jacintinho, Feitosa, Benedito Bentes (2), entre outros. Unidos, venceremos essa guerra.
Talvanes Faustino, Maceió
¹Marina é um pequeno centro portuário de recreação usado primariamente por iates privados e botes recreacionais. As marinas normalmente possuem corredores primários e secundários, permitindo acesso a todos os barcos atracados. Muitas vezes, oferecem serviços como lavagem, venda de combustível e manutenção
²Os nomes citados são de bairros da periferia de Maceió.
O capitalismo mete nojo. O pcdob é uma bosta e estarem na nossa Festa do Avante é um disparate, como passar com a fronha daquele chulo do zé eduardo dos santos e da chula da dilma. Parabéns pelo vosso jornal, entristece-me que não hajam ligações entre o PCR e o PCP.
Pedro Marques Portugal