Após dois meses de salários atrasados, os trabalhadores da empresa Suprema, que presta serviços terceirizados no Restaurante Universitário da Universidade Federal da Paraíba (UFCG), resolveram no início dessa terça-feira (19/05) cruzar os braços.
Além do atraso no pagamento, empresa desde o começo do ano não paga o reajuste do salário mínimo a seus funcionários, não repassa o vale-transporte, nem deposita o FGTS. Apesar deste flagrante desrespeito aos direitos trabalhistas, a empresa assediava moralmente os trabalhadores para que continuassem trabalhando mesmo sem receber.
Após reunião com representantes da Reitoria, os trabalhadores terceirizados decidiram manter a paralisação, saindo em passeata pelo campus universitário, rumo à Reitoria, onde estava previsto para se iniciar uma reunião sobre o orçamento da universidade entre o Reitor e os diretores de centro. Imediatamente, o movimento recebeu o apoio dos estudantes.
O Reitor da UFCG, Edilson Amorim, afirmou que não havia atraso no pagamento feito às empresas que justificasse tamanha demora dos salários, e se comprometeu a chamar uma reunião com as empresas envolvidas para a solução do problema.
Para Wilton Maia, representante do Movimento Luta de Classes, o caso dos terceirizados da UFCG não é isolado. “É o retrato fiel do que acontece com os trabalhadores terceirizados no país. Além dos baixos salários, ainda sofrem um tratamento similar ao da escravidão. Talvez até pior, pois os escravos ainda recebiam comida para trabalharem. Se for aprovado o PL 4330, da terceirização, que está tramitando no Congresso Nacional, essa será a situação a que estarão submetidos todos os trabalhadores brasileiros”, disse.
Já para Edísio Leite, militante da União da Juventude Rebelião e diretor da UNE, que também esteve presente, esse é o reflexo do ajuste fiscal nas universidades. “Este corte está causando um verdadeiro caos para os estudantes, que além de sofrerem com a falta de assistência estudantil, estarão agora sem poder se alimentar no RU por conta de empresas que não estão nem um pouco interessadas no desenvolvimento da universidade, e sim na obtenção de lucros, mesmo que para isso coloque os seus próprios funcionários em situação de penúria”, afirmou.
No momento, os trabalhadores mantêm o serviço paralisado até que os pagamentos atrasados sejam regularizados.
Redação Paraíba