Com a presença de organizações da Europa, Ásia, Canadá e Estados Unidos, além de dezenas de organizações da América Latina e Caribe, aconteceu de 27 a 31 de julho, em Quito, Equador, o 19º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina, sob o tema das “Lutas interimperialistas e as tarefas dos povos”.
A Declaração Final denuncia o nível de exploração e submissão que vivem os países da região, a disputa dos governos imperialistas e suas multinacionais pela partilha das nossas riquezas, pela exploração da força de trabalho e do conhecimento aqui acumulados e como tudo isso leva a lutas intestinas entre esses países.
Ao mesmo tempo, a Declaração afirma o crescimento da resistência e luta dos trabalhadores e dos povos latino-americanos na busca de uma alternativa de mudança popular e revolucionária, longe das tentativas oportunistas dos variados setores do capital financeiro de envolvê-los em seus “contos da carochinha”.
Declaração Final
19º Seminário Internacional Problemas da Revolução na América Latina
As lutas interimperialistas e as tarefas dos povos
O mundo de hoje continua sua marcha consumido em meio de agudas e insolúveis contradições, localizadas em posições distintas e opostas, de quem aspira manter o status quo devido aos enormes benefícios que este lhes outorga, e de quem luta para que as coisas mudem – de maneira total e definitiva – em benefício dos trabalhadores e dos povos.
A riqueza que o planeta encerra e as incalculáveis utilidades que seu aproveitamento e exploração produzem com o trabalho e o conhecimento desenvolvido pela humanidade, provocam que aqueles que se apropriam delas mantenham permanentes disputas e conflitos para ser os principais beneficiários em sua partilha. Assim se explicam as lutas, os conflitos políticos e até bélicos que enfrentam os Estados imperialistas, por trás dos quais tentam alinhar todos os países e povos do mundo. As guerras no Oriente Médio (Síria, Irã, Iraque, Palestina), Europa Oriental (Ucrânia), Ásia (Iêmen, Paquistão, Afeganistão), África (Sudão do Sul, Nigéria, República Democrática do Congo) são manifestações das contradições interimperialistas ou agressões imperialistas.
Ao mesmo tempo, e contra o domínio imperialista e sua partilha de zonas de influência, desenvolve-se a luta dos trabalhadores e dos povos que resistem a continuar na condição de vítimas do sistema capitalista-imperialista que os explora e os oprime através dos mais diversos mecanismos. Assim vemos também um mundo no qual as contradições entre os donos do capital e os que unicamente possuem a força de trabalho se aguçam, tomando forma nos transcendentes combates que desenvolvem os trabalhadores da cidade e do campo, os camponeses, a juventude, os povos originários, os povos negros, as mulheres em cada um de nossos países.
Nosso continente expressa de maneira viva e clara estes fenômenos. Nele se trava uma guerra surda entre os donos do capital financeiro, que tecem suas redes sobre nossos países para crescer seus dividendos. Capitais americanos, chineses, alemães, japoneses, russos, ingleses, franceses, canadenses e de outras potências percorrem a geografia americana para se valer de nossas riquezas naturais e explorar a força de trabalho de seus homens, mulheres, jovens e até crianças.
A hegemonia que durante as últimas décadas detêm os capitais ianques na região sente o peso do acelerado crescimento dos investimentos chineses, que tiveram e têm como principais aliados para sua presença os governos denominados progressistas; os monopólios agrupados na União Europeia participam desta lide promovendo, principalmente, a assinatura de Tratados de Livre Comércio.
Aqueles que enaltecem esses investimentos chineses o fazem em nome de uma suposta política soberana e antiestadunidense, mas em realidade estão provocando um processo de renegociação da dependência, mas de nenhuma maneira rompem as redes do controle externo. O capital financeiro por sua natureza é espoliador: não existe capital financeiro que chegue para garantir o desenvolvimento, o bem-estar, e menos ainda para libertar os povos.
O sistema capitalista-imperialista é um só e seu domínio cobre todo o planeta, o que não impede que uma ou outra potência adote políticas específicas em função de seus interesses: estabelecem acordos, alianças, constituem blocos; em uns lados se coligam e em outros, entre eles mesmos, se confrontam; fenômenos que as organizações políticas revolucionárias devem ter presente e entendê-los para o impulso de nossa atividade e luta.
Anos, décadas de história, confirmam que o domínio total do capital traz consigo exploração, opressão, discriminação, destruição da natureza. A libertação dos povos exige necessariamente acabar com a dominação imperialista, liquidar o poder dos donos do capital. Combater o imperialismo, seja da cor que for, os representantes e lacaios de seus interesses econômicos e políticos em cada um dos países, as classes dominantes nativas, são tarefas simultâneas que andam de mãos dadas, indispensáveis para o triunfo da revolução e da luta pelo socialismo.
Entendemos a necessidade inevitável de desenvolver a consciência anti-imperialista dos trabalhadores, da juventude e dos povos em geral, de maneira que essas bandeiras estejam presentes em todos e cada um de seus combates. Assim, nas ações, irá se forjando uma frente anti-imperialista de caráter internacional, indispensável para o triunfo da revolução social em cada um dos países e em nível mundial.
Os desafios que os revolucionários da América Latina e do mundo enfrentam no caminho para conquistar uma sociedade de liberdade, em que os trabalhadores da cidade e do campo sejam os donos e protagonistas de seu próprio destino, expõe-nos também a necessidade de trabalhar pela unidade local e internacional dos povos e pela unidade das organizações políticas e sociais que lutam pelos mesmos objetivos.
Expressamos nossa solidariedade com os trabalhadores, os camponeses, a juventude, as mulheres, enfim… com quem luta por seus direitos, pelo pão, por justiça, por liberdade. Particularmente, expressamos nossa solidariedade com a luta anti-imperialista do povo curdo contra o Estado Islâmico fascista; e assim como também com a resistência do povo palestino.
Somos revolucionários, anti-imperialistas, antifascistas; somos lutadores consequentes contra o domínio dos donos do capital e estamos nas lutas dos povos que se puseram de pé para libertar a humanidade.
Quito, 31 de julho 2015
Partido Marxista Leninista da Alemanha, MLPD
Partido Comunista Revolucionário, PCR, Argentina
Partido Comunista Revolucionário, PCR, Brasil
Unidade Popular pelo Socialismo, UP, Brasil
Movimento Luta de Classes, MLC, Brasil
União da Juventude Rebelião, UJR, Brasil
Reconstrução Comunista, Canadá
Partido Comunista da Colômbia (marxista-leninista) PCdeC (ml)
Partido dos Comunistas dos Estados Unidos
Sindicato de Trabalhadores Independentes de Ofícios Vários, STINOVES, El Salvador
Juventude Revolucionária do Equador, JRE
Frente Popular, Equador
Mulheres pela Mudança, Equador
Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador, PCMLE
Frente Popular Revolucionário, México
Partido Comunista do México (marxista-leninista) PCM(ml)
Partido Comunista Peruano (marxista-leninista), PCP(ml)
Frente Democrático Popular do Peru, FEDEP
União da Juventude Estudantil do Peru, UJE
Partido Marxista Leninista do Peru
Coordenadora Caribenha e Latino-americana de Porto Rico
Partido Comunista do Trabalho da República Dominicana, PCT
Partido Comunista (bolchevique) da Rússia
Partido Comunista (bolchevique) da Ucrânia
Frente de Participação Estudantil “Susana Pintos”, Uruguai
Movimento Gayones, Venezuela
Partido Comunista Marxista-Leninista da Venezuela, PCMLV