MLB ocupa terreno da Rede Ferroviária em Natal

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No último domingo (20/12), cerca de 120 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e vindas dos bairros Rocas, Santos Reis, Vietnã e Jacó ocuparam um terreno da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) abandonado há vários anos na Zona Leste de Natal (RN).

Segundo o coordenador do MLB, Welington Bernardo, a área de nove mil metros quadrados é propriedade da União e será reivindicada pelo movimento para a construção de moradias populares para famílias sem-teto. “Queremos que esse terreno seja destinado para as famílias que não têm onde morar, não têm condições de pagar aluguel e, apesar de serem cadastradas no programa Minha Casa, Minha Vida, não sabem quando terão acesso à moradia”, disse Wellington.

Em assembleia, realizada logo após a entrada no local, as famílias batizaram a ocupação de Padre Sabino, em homenagem ao religioso que durante mais de duas décadas foi pároco em Mãe Luiza, bairro da capital potiguar. Durante décadas, Padre Sabino Gentili desenvolveu projetos sociais com o povo pobre. Ligado à Teologia da Libertação, Sabino defendia uma igreja mais presente na luta contra as injustiças sociais e na defesa dos direitos do povo.

“Daqui não saio e daqui ninguém me tira”

Uma das ocupantes é a companheira Annecy, de 64 anos. Dona de casa, Annecy contou que a renda da família de três pessoas é de R$ 700. “Só de aluguel pago R$ 350, não está fácil. O que sobra tem que pagar as contas e mal dá pra comer. Daqui não saio e daqui ninguém me tira. Preciso de um lugar digno para morar”, disse.

Essa é a mesma situação de dona Maria de Fátima, auxiliar de serviços gerais. Ela está devendo dois meses do aluguel e não pensou duas vezes antes de se juntar às outras famílias e ocupar o terreno. “Ganho um salário mínimo e não consigo pagar o aluguel em dia. Tenho um filho adolescente que ainda não me ajuda financeiramente, e as contas de água e luz também só pago com atraso. Já me cadastrei no Minha Casa, Minha Vida duas vezes, mas nunca fui contemplada”, desabafou Maria.

Já Tânia Maria de Barros, desempregada, acredita que com a ocupação e o MLB estará mais próxima de conquistar seu direito a morar dignamente. “Meu marido é pescador e o que ele ganha quando passa quinze dias no mar mal dá pra comer. O aluguel de R$ 240 eu pagava com o dinheiro do Bolsa Família. Agora, quero minha casa construída aqui”, afirmou.

Segundo a Fundação João Pinheiro, a região metropolitana de Natal possui um déficit habitacional de mais de 53 mil moradias, o equivalente a 47% do déficit total do Rio Grande do Norte.

Da Redação