A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sempre foi protagonista das lutas pela soberania nacional e liberdades democráticas. Recetemente, com os avanços nas políticas de acesso por cotas, passou a contar com um contigente maior de estudantes oriundos das camadas populares da sociedade que, ao se depararem com as possibilidades de debates dentro da instituição e a necessária batalha contra as desigualdades em nosso país, passam a ser agentes intensificadores das lutas dentro do espaço acadêmico.
Neste momento, o debate político sobre os rumos do país vibra nos corredores da maior universidade federal brasileira. Diversos atos, manifestos e seminários mobilizam estudantes, professores, técnico-administrativos e trabalhadores terceirizados. A indignação contra os ataques vindos do governo golpista de Temer contra a universidade e o povo brasileiro tem trazido uma noção de responsabilidade às mais de 100 mil pessoas que circulam nos campi da UFRJ.
No dia 22 de junho, uma importante mobilização captaneada inicialmente pela Associação de Docentes da UFRJ (AdUFRJ), e convocada em seguida pelo Sintufrj (sindicato dos servidores), Centro Acadêmico de Engenharia (CAENG), Diretório Acadêmico da Escola de Químca (DAEQ) e DCE, levou cerca de 500 pessoas a realizarem uma corrente humana nos corredores do Centro de Tecnologia, com ampla participação de professores da Engenharia, Física e outras áreas das Ciências Naturais, considerado um público de difícil mobilização.
A presidenta da AdUFRJ, Tatiana Roque, explicou que “a mobilização é contra o fim do Ministério de Ciência e Tecnologia, mas também contra o teto de gastos enviado pelo ministro da Fazenda Henrique Meireles, que significa um retrocesso nos investimentos da Educação, que não pode ser encarada como gasto, pois é investimento”.
Thais Raquel, presidenta do CA de Engenharia e militante do Movimento Correnteza, disse que “para os estudantes esse ato unitário foi muito importante, pois na maioria das vezes nos mobilizamos sozinhos na comunidade acadêmica”. Para ela, “somente com a movimentação conjunta de toda a UFRJ podemos resistir aos ataques”.
Já para Francisco de Assis, coordenador geral do Sintufrj, o ato foi simbólico. “Ciência e Tecnologia são soberania. As elites brasileiras sempre tiveram em mente o ataque às instituições públicas de pesquisa e educação, pois só pensam no lucro que a venda deste patrimônio pode lhes render”.
Universidades devem ser pontos de resistência à ofensiva das elites contra o povo
Esse tipo de ato indica que na luta para resistir aos ataques anti-povo feitos pelo governo golpista de plantão, mídia e demais interesses conservadores da sociedade, as universidades têm forte potencial de mobilização, pois influenciam a sociedade por seu grau de importância ideológico, mas também pelo grande contigente de jovens e trabalhadores, que levam para suas casas e bairros os exemplos de lutas e debates vividos ali.
Redação Rio de Janeiro