Viver sem Temer: mulheres na luta contra o retrocesso
No último dia 16/10, realizamos o 2º Encontro Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário do Rio de Janeiro.
Desde sua criação, em 2011, nosso movimento vem crescendo em tamanho e representatividade. Num pais onde mais de 50% da população é composta por mulheres e mais de 40% dos lares brasileiros são comandados por mulheres, percebe-se o quão significativa e necessária é a organização dos movimentos de mulheres e a criação de espaços para a discussão e proposição.
Atualmente sofremos um golpe conservador, machista, misógino e contra a classe trabalhadora, que atinge diretamente as mulheres, principalmente negras, pobres e LGBT’s, uma vez que mais de 70% dos pobres do mundo são mulheres. Atrelado ao golpe veio a PEC 241, que congela os investimentos em saúde e educação, e mais uma vez atinge principalmente as mulheres exatamente porque é sobre nós que recaem as responsabilidades com a educação e a saúde das crianças e os cuidados com os doentes e idosos. Nós mulheres, somos a maioria entre os profissionais de educação e saúde, áreas que serão mais atingidas pela PEC 241.
O retrocesso não para, e além de termos uma dupla jornada de trabalho e ser a maioria entre os trabalhadores terceirizados, a reforma da previdência quer igualar a idade mínima entre os sexos para aposentadoria (65 anos) e a flexibilização das leis trabalhistas irão precarizar ainda mais nossas condições de trabalho.
Recentemente comemoramos os 10 anos da lei Maria da Penha, uma conquista importante das mulheres, mas que não significou uma redução da violência sofrida por nós, principalmente em relação às mulheres negra e trans. Após todos esses anos de vigência da lei os números de mortes não diminuíram: uma mulher é assassinada a cada 1 hora e meia, e estima-se que cerca de 500 mil mulheres são estupradas por ano no nosso país.
Sofremos diversos ataques por sermos mulheres e ainda mais se formos negras e ou LGBT’s. Cansamos de ocupar as posições que são desagradáveis a todos no mercado de trabalho e de recebermos menos do que os homens mesmo quando ocupamos os mesmos cargos. Cansamos de ter nossos filhos mortos e presos pela cor de sua pele. Cansamos de nos esconder e de nos sentirmos constrangidas, todos os dias, quando afirmamos uma sexualidade que não se encaixa nos padrões normativos. Cansamos de ser expropriadas e exploradas pelo sistema capitalista.
Para resistir a esses ataques, em 2015 ocupamos as ruas em manifestações que ficaram conhecidas como a Primavera das Mulheres. Como um dos resultados, tivemos a queda de Eduardo Cunha, autor de projetos que atacavam diretamente os nossos direitos, como o estatuto do nascituro e a proibição do uso da pílula do dia seguinte para as mulheres que sofreram estupro.
Recentemente elegemos mulheres feministas vereadoras em vários municípios (quatro delas como as mais votadas), o que nos dá ânimo e força em nossas pautas, além da representatividade a luta das mulheres. Uma vez que precisamos de mais maternidades, assistência as gestantes e creche para nossos filhos.
Queremos um sistema de saúde integral, que nos acolha em nossa subjetividade e necessidades. Um sistema de saúde que seja capaz de atender demandas relacionadas ao nosso corpo e a nossa mente. Saúde mental importa. Exigimos a descriminalização do aborto e a assistência como um direito ao nosso corpo e a nossas vidas.
O Movimento de Mulheres Olga Benário acredita que apenas com a união e a luta das mulheres, é que podemos conquistar uma vida melhor. Assim, precisamos ampliar nossa luta organizando plenárias, rodas de conversas, debates, atos e ocupações. Vamos ocupar cada canto deste país com a nossa luta!
Precisamos dar um basta! Somos a maioria neste país! Queremos direitos iguais. Também queremos viver em um país justo, onde possamos gozar da riqueza produzida por nossas mãos. Sabemos que um país justo só será possível quando se tornar socialista.
É por isso que lutamos pela igualdade de direitos e pelo socialismo!
Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2016