UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Secundaristas lutam contra privatização da Educação na Paraíba

Outros Artigos

No final de junho, os estudantes e a população da Paraíba foram surpreendidos com a notícia de que o Governo do Estado iria selecionar uma Organização Social (OS) para gerenciar a educação da rede estadual de ensino. Esta é uma medida neoliberal que visa a privatizar um serviço público essencial que é dever do Estado. O governo decidiu lançar o edital de seleção da OS sem diálogo algum com os estudantes, com os professores e com a sociedade paraibana. O edital prevê que, ao todo, os serviços e a gestão de 652 escolas estarão nas mãos da Organização Social escolhida. Segundo o edital, a execução do contrato do governo com a OS já terá início em agosto deste ano em 75% das escolas indicadas para este verdadeiro leilão.

O sistema de ensino por meio de Organizações Sociais é caracterizado da seguinte maneira: as escolas e seus serviços serão gerenciados por uma empresa; os recursos necessários à execução dos serviços são verbas públicas, porém são as OSs, de cunho privado, que os administram e os redistribuem como quiser. Além disso, a implantação de Organizações Sociais em substituição à administração pública acaba com os concursos. Portanto, os novos profissionais que trabalharão para as OSs não terão as garantias adquiridas de um servidor efetivo, sendo facilmente explorados. Também a gestão do ensino via OSs poderá terceirizar todas as tarefas da escola, como alimentação, segurança e limpeza, fazendo com que a escola se torne uma mercadoria lucrativa. Com essa teia financeira, redistribuindo o dinheiro e tirando das responsabilidades do Estado, há uma probabilidade relevante de corrupção e desvio de verbas.

Para a presidente da Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas (Apes), Denise Cruz, “se a educação pública ofertada pelo Estado já é precária atualmente, a entrega do serviço a uma Organização Social em nada melhorará a vida dos estudantes. Pelo contrário, como uma OS é uma entidade privada, ela atuará não para melhorar a educação, mas sim em prol dos próprios interesses, na busca do lucro a todo custo. Por estas razões, a Apes não dará paz ao Governo e não mediremos esforços para mobilizar os estudantes e barrar essa privatização da educação paraibana”.

No dia 18 de julho, a Apes organizou uma ocupação no prédio da Secretaria de Educação, no Centro Administrativo do Estado, mesmo dia em que se realizou a entrega dos envelopes com as propostas de execução dos serviços por parte das Organizações Sociais. Após seis horas, os estudantes foram recebidos e foi agendada uma audiência com o secretário para o dia 25.

No dia 21, foi realizado o comício pelas “Diretas Já!”, em João Pessoa, com a presença de vários senadores e deputados federais, no qual o governador do Estado, Ricardo Coutinho (PSB), se colocava como figura central. Durante do ato, a Apes promoveu intervenções em repúdio ao processo de terceirização. O momento de fala dos oradores no palco foi respeitado em todos os momentos, e assim também seria na fala do governador Ricardo Coutinho, último inscrito na ocasião.

Porém, incomodados com as críticas, funcionários comissionados do governo pisaram sobre a faixa confeccionada pela Apes com os dizeres “Não à privatização da Educação! Fora OSs!”, tentando ainda rasgá-la. Apesar das tentativas dos estudantes de explicar que o protesto só se daria após a intervenção do governador, os funcionários partiram para a agressão, empurrando os que empunhavam a faixa. Três estudantes foram agredidos com empurrões e socos e até com o mastro de uma bandeira.

A tentativa truculenta e desesperada de impedir que o governador escutasse a posição contrária à sua política de terceirização da educação gerou um resultado contrário, e o governador teve que ouvir durante sua fala as palavras de ordem dos estudantes revoltados contra sua ação privatista e contra a violência de seus funcionários ao movimento estudantil. A Apes lançou uma nota de repúdio a estes fatos e recebeu grande solidariedade nas redes sociais.

Na audiência do dia 25, o secretário de Educação, Aléssio Trindade, foi cobrado para que o governo tome providências sobre os agressores. Sem querer se comprometer, o secretário quase não falou durante toda a reunião, blindado por assessores que, mesmo constrangidos, cumpriram o papel de defender a posição indefensável do governador em impor este processo de terceirização.

“O único compromisso assumido pelo secretário foi o de promover um ciclo de debates nas escolas sobre o tema. É claro que isso não resolve o problema, mas será mais um espaço de pressão que iremos usar. O Dia do Estudante está chegando e vamos mobilizar as principais escolas da capital para uma grande passeata contra as OSs e a privatização do ensino. A luta está apenas começando”, afirmou Denise.

Redação Paraíba

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes