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sábado, 23 de novembro de 2024

Do compromisso de Marielle Franco com os oprimidos, milhares de outras Marielles surgirão na luta

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Profundamente comovido e indignado com a execução brutal, por volta das 22h15 do dia 14/3/2018, de Marielle Franco (vereadora do PSOL no Rio de Janeiro) e seu motorista Anderson Pedro Gomes, expressamos nossa solidariedade aos familiares e companheiros de militância de Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes. Como mulher, negra, socióloga, de periferia e vereadora do PSOL, Marielle Franco deixa um legado de luta por direitos humanos e de compromisso com a classe trabalhadora injustiçada, na construção de uma sociedade justa e solidária. Nascida na favela da Maré, no Rio de Janeiro, Marielle Franco fez nos últimos dias denúncias de mortes de jovens em operações policiais e chefiaria a comissão legislativa que apuraria as ações da intervenção militar federal no estado do Rio de janeiro.

“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera”. Che Guevara.

Marielle Franco: Presente, agora e sempre!

Abraço terno na luta. Frei Gilvander Moreira.

Belo Horizonte, MG, 15/3/2018.

OBS.: Publicamos, abaixo: 1) uma Poesia; 2) Nota do PSOL; 3) Lista de vários mártires da luta social nos últimos meses no Brasil.

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Não… Eles não a mataram. Eles não a matarão.

“Morreu.
Morreu a preta da maré,
a negra fugida da senzala
que foi, sentar com “os dotô” na sala
e falar de igual pra igual com “os homi”.
A negra que burlou a fome de se saber,
que fez crescer dentro dela, o conhecimento.
Aquela, que por um momento de humanidade,
sonhou com a justiça, lutou por liberdade
e ousou ir mais alto,
do que permitia sua cor.
“Mas preta sabida, não pode!
Muito menos pobre! Não tem valor.”
Diziam as más línguas na multidão.
E ela ousou tirar seus pés do chão.
Morreu.
Morreu a “preta sem noção”,
que falava a verdade na cara do patrão,
que carregava a coragem, como bagagem,
no coração.
O tiro foi certo,
acertou com maldade,
ecoando seco no centro da cidade.”

*Anielli Carraro- Poeta de Volta Redonda

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  • Nota do PSOL: Marielle Franco, presente!

O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista que a acompanhava.

Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida reforçam essa possibilidade. Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!

Marielle, presente!

Partido Socialismo e Liberdade

14 de março de 2018.

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  • Lista de 24 mártires dos últimos meses no Brasil

Fernando Horta publicou no Facebook e publicamos aqui também a Lista de 24 mártires dos últimos meses no Brasil (Há outros anônimos e outros não catalogados):

  • Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 13/3/2018 – líder comunitário no Pará – assassinado;
  • Márcio Oliveira Matos, 26/01/2018 – líder do MST na Bahia – assassinado;
  • Leandro Altenir Ribeiro Ribas, 19/01/2018 – Líder Comunitário no RS – assassinado;
  • Jefferson Marcelo, 04/01/2018, Líder comunitário no RJ – assassinado;
  • Carlos Antonio dos Santos (Carlão), 08/02/2018 – líder movimento agrário Mato Grosso – assassinado;
  • José Raimundo da Mota de Souza Júnior, 13/7/2017 – líder quilombola/MST bahia – assassinado;
  • Eraldo Lima Costa e Silva, 20/06/2017 – líder MST Recife – assassinado;
  • George de Andrade Lima Rodrigues, 23/02/2018 – líder comunitário Recife – assassinado;
  • Luís César Santiago da Silva (“cabeça do povo”), 15/4/2017 – líder sindical Ceará – assassinado;
  • José Bernardo da Silva, 27/4/2016 – líder do MST Pernambuco – Assassinado;
  • Paulo Sérgio Santos, 08/7/2014 – líder quilombola na Bahia – Assassinado;
  • Rosenildo Pereira de Almeida (Negão), 08/7/2017 – líder comunitário/MST – Assassinato;
  • Jair Cleber dos Santos, 24/9/2017 – líder movimento agrário Pará – Assassinado;
  • Simeão Vilhalva Cristiano Navarro, 01/9/2015 – líder indígena Mato Grosso – Assassinado;
  • Fabio Gabriel Pacifico dos Santos (Binho dos palmares), 19/09/2017 – líder quilombola Bahia – Assassinado;
  • Valdenir Juventino Izidoro, (lobo), 04/6/2017 – líder camponês Rondônia – Assassinado;
  • Almir Silva dos Santos, 08/7/2016 – líder comunitário no Maranhão – assassinado;
  • José Conceição Pereira, 14/4/2016 – Líder comunitário Maranhão – Assassinado;
  • Waldomiro costa Pereira, 20/3/2017 – Líder MST Pará – Assassinado;
  • Valdemir Resplandes, 09/01/2018 – líder MST Pará – Assassinado;
  • Clodoaldo dos Santos, 15/12/2017 – líder sindicalista sindipetro RJ – assassinado;
  • João Natalício Xukuru-Kariri, 19/10/2016 – líder indígena Alagoas – Assassinado;
  • Edmilson Alves da Silva, 16/02/2016 – Líder comunitário alagoas – Assassinado;
  • E, ontem, dia 14/3/2018, às 22h15, foi executada brutalmente a vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Pedro Gomes.

“Quantos precisarão ainda morrer?”, perguntou Marielle Franco alguns dias antes de ser assassinada.

MARIELLE FRANCO, Presente sempre em nós na luta!

Marielle Franco não foi apenas assassinada, ela foi semeada no tecido social das classes trabalhadora e camponesa. Você, Marielle Franco, se tornou semente de milhares de outras Marielles que surgirão na luta em prol dos Direitos Humanos, visando construir uma sociedade de paz, como fruto da justiça social, agrária, ambiental e urbana. Não foi em vão sua doação de vida! Perdemos apenas sua presença física. Você partilha vida plena e estará sempre viva em nós, na luta. Obrigado pelo seu testemunho de coragem, de perseverança e de amor ao próximo oprimido.

Abraço terno. Frei Gilvander  Moreira.

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