Mais de 150.000 mulheres dos estratos populares foram às ruas de Roma no último sábado de novembro. Centenas de associações de mulheres animaram o evento “Nenhuma a menos!”, que confirmou o crescente protagonismo do gênero oprimido.
Uma manifestação colorida e combativa, marcada pelas palavras de ordem pedindo basta à violência dos homens contra as mulheres, que convocava a uma agitação permanente contra o ataque em curso da Lei 194 e contra o projeto de Lei Pilloni, em discussão no Parlamento, sobre a reforma do direito da família em caso de separações.
Na Itália, como em outros países, as mulheres chegaram ao Dia Internacional Contra a Violência, de 25 de novembro, em condições mais difíceis: mais pobreza, crescente precariedade, cortes salariais, um clima político reacionário.
A violência contra as mulheres tem muitos rostos. Não são apenas estupros, espancamentos e feminicídios. São o desemprego e as diferenças de salários, segregação nos empregos e qualificações mal pagas, trabalho precário, flexível e com cada vez menos proteção, falta de serviços sociais, de assistência, de creches, de cantinas, de estruturas de ajuda para os idosos e grande opressão do trabalho doméstico.
Uma violência diária e legalizada que é o pano de fundo para os casos de crime, que aumentaram com a crise econômica, as políticas de austeridade e a disseminação da pobreza. Uma violência que tem como base a dupla opressão que as mulheres sofrem.
A ruptura do ciclo de violência econômica, social, familiar, psicológica e física contra as mulheres, a recusa de pagar a conta da crise e de carregar em seus ombros o peso do desmantelamento do “Estado de bem-estar”, o fim da discriminação no emprego e a demanda por salários iguais, a defesa dos direitos adquiridos por décadas de batalhas políticas e culturais são as características atuais e reivindicações do movimento das mulheres.
Com as manifestações, no final de novembro, o movimento de mulheres relançou a luta por essas questões, fortalecendo a própria unidade inferior e se preparando para o próximo 8 de Março, que todos os sindicatos devem proclamar.
É claro que essa luta para crescer deve se bater frontalmente contra um governo reacionário e xenófobo, com sua política autoritária, racista, machista, chauvinista e belicista, cria o terreno em que se desenvolve a violência contra as mulheres em todas as suas formas.
Um governo que ataca o direito à maternidade expondo a operária aos abusos dos patrões e visa a cancelar o direito ao aborto; que com a Lei Salvini afeta as mulheres imigrantes e suas lutas; que levanta o mito da família burguesa para acorrentar ainda mais as mulheres; que continua a penalizar as mulheres que trabalham com leis-fraude como o decreto dignidade e “quota 104”, e com a esmola da renda de cidadania; que torna a divisão do proletariado em todas as suas formas (por nacionalidade, sexo, idade, etc.) sua arma preferida.
Nós, comunistas, apoiamos a luta da mulher operária e das camadas populares convencidos de que o problema da emancipação da massa feminina não é um problema local ou nacional, mas um grande problema social que requer a derrubada do sistema que constantemente reproduz a opressão e discriminação econômica das mulheres, práticas patriarcais, violência: o capitalismo.
O sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção e sua necessidade de reprodução de baixo custo da força de trabalho é a causa mais profunda da condição de dupla opressão, discriminação, subalternidade das mulheres e privilégio do homem.
Sem a abolição da propriedade privada dos meios de produção, não pode haver igualdade real entre os sexos, uma libertação política e social das mulheres, o fim da opressão de “ela” por “ele”, assim como da competição entre “ele” e “ela”.
Para nós, comunistas, “ela” e “ele” pertencem à mesma classe proletária e juntos são chamados a lutar contra a burguesia.
Somos pela unidade do proletariado, pela solidariedade de classe e pelo apoio mútuo na luta organizada contra o capital.
A vitória do proletariado é baseada na unidade e na luta da mulher e do homem proletários. A operária, a mulher do estrato popular, desempenha um papel indispensável na luta por uma nova sociedade em que a exploração é abolida, assim como a opressão da mulher.
Sem a rebelião e a organização das mulheres, suas aspirações e suas energias, não será possível derrotar a classe capitalista e construir o novo mundo.
Da mesma forma, o trabalho de formação do partido independente do proletariado não pode ignorar a contribuição das mulheres proletárias mais avançadas e conscientes.
Artigo extraído do jornal Centelha, da Plataforma Comunista – pelo Partido Comunista do Proletariado da Itália, nº 94, edição de dezembro de 2018