Foto: Jornal A Verdade
NATAL E MOSSORÓ Nesse último mês, a Universidade Potiguar (UnP) iniciou um processo de demissão em massa. Até o dia 01/07, mais de 20 professores foram demitidos com doutores e mestres afastados que ensinavam lá há décadas. Tudo isso surgiu sem justificativa clara, se baseando na Comissão Própria de Avaliação (CPA) que, no entanto, não foi divulgada para os alunos que, por sua vez, sentem que as demissões não se baseiam no desempenho, mas em outros fatores.
Em nota pública, a Turma de Direito 2019.2 do campus de Mossoró afirmou que as demissões atacam o pensamento crítico e a produção científica da instituição. Declararam que “é um ato político e totalmente passível de indignação por parte da atual gestão da coordenação do curso de Direito eleger para a demissão professores que incentivam os alunos a pesquisar, desafiando-os, tirando-os das suas zonas de conforto” e isso resume o pensamento dos estudantes que desde que souberam da ação, se mobilizam e contrariam a atitude. Com a manifestação mais recente ocorrida no primeiro dia de julho em Mossoró, atos já ocorreram também em Natal, no campus da Salgado Filho, convocados pelo DCE Emmanuel Bezerra dos Santos da UnP.
Esse cenário é fruto da precarização do trabalho. As novas regras da CLT aprovadas pela Reforma Trabalhista abrem caminho para esses abusos: troca-se o quadro de funcionários para reduzir custos demitindo doutores e mestres e contratando graduados inexperientes que recebem menos ou recontratando os antigos com acordos cada vez mais precários. Além disso, como a UnP é da rede Laureate, uma das maiores multinacionais de ensino superior, o cenário não é isolado.
As universidades paulistas do grupo, Anhembi-Morumbi, Fiam-Faam e FMU, demitiram mais de 200 professores no total. Em 2017, demissões desempregaram 150 professores, um terço do quadro docente, na UniRitter, também da Laureate, e mais 100 na UnP. Essa agenda de demissões pode precarizar a educação, mas é positiva para a multinacional que pode aumentar o lucro dos acionistas e continuar a construção do seu império global.
O Brasil é o país com o maior número de universidades da Laureate e as ações tomadas pela multinacional revelam a contradição fundamental entre o grupo e o povo brasileiro: lucros a todo custo, sem considerar o impacto na sociedade, sucateando a educação e demitindo centenas num país assolado por uma crise que já deixou milhões de trabalhadores desempregados.
Hafael Thor
Trabalhador