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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

As políticas de permanência estudantil

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Apesar da aparente política de gratuidade das universidades públicas, a permanência da juventude neste espaço está comprometido.

Larissa Maciel e Tarcísio de Lucca


Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade

SÃO PAULO – O ingresso na universidade pública é um processo cheio de dificuldades à juventude, principalmente para os jovens que estudaram em escolas estaduais ou municipais, já que estas sofrem de constante abandono por parte do Estado. Ou seja, existe um grande abismo entre esses estudantes e aqueles que se formaram em escolas privadas.

A juventude se submete aos vestibulares ou ao Enem, pois estes funis são a única possibilidade de ingresso na universidade pública, mesmo sabendo que o número de vagas é muito menor do que a quantidade de inscritos. A pressão do vestibular constantemente tem como consequência o desenvolvimento de transtornos psicológicos. Porém, o ingresso na universidade é apenas um passo à graduação. A permanência na universidade continua sendo um grande desafio. É comum falarmos que o ensino nas universidades públicas é gratuito e de qualidade, mas esta “gratuidade” ainda nos obriga a arcar com os custos de materiais para acompanharmos o curso, além dos custos com trabalhos de campo, visitas técnicas, etc. Sem falar no custo do transporte, que, apesar da péssima qualidade, tem que ser pago diariamente para se chegar até a faculdade e acaba pesando muito no bolso dos estudantes de baixa renda, sendo um dos principais motivos da evasão nas turmas do ensino superior.

A ameaça do governo às Instituições Federais de Ensino, com os cortes de 30% de suas verbas, significa um ataque direto à permanência estudantil. O corte no orçamento de custeio dessas instituições significa o corte nas bolsas de permanência, aumento no preço dos restaurantes universitários, corte nos transportes universitários, nas vagas das moradias estudantis e o fim de tantas outras políticas que garantem possibilidade de estudar aos estudantes mais pobres. A política de permanência, apesar de ser deficitária, é o que garante a possibilidade de milhares de estudantes se formarem no ensino superior. Cabe à juventude travar a luta pela defesa da assistência estudantil e pela manutenção da educação enquanto um processo emancipador.

O objetivo final do Governo Bolsonaro é a privatização das universidades públicas, justificado pela falta de recursos para sua manutenção, enquanto o Estado gasta bilhões com o pagamento da Dívida Pública. Mas enquanto Bolsonaro e seu governo de banqueiros e os tubarões da educação não conseguem implementar seu programa na completude, querem ao menos garantir que a universidade volte a ser um espaço frequentado apenas por aqueles que podem arcar com seus altos custos. O corte da verba destinada à permanência estudantil é ferramenta para tal objetivo. Foi com muita luta que conquistamos o direito de o povo brasileiro estudar, desenvolver ciência e tecnologia e construir projetos de extensão que visam às necessidades que temos na nossa sociedade, e não apenas o lucro de uma pequena minoria. Não será de mão beijada que entregaremos esse direito para um governo que acha que educação é mercadoria.

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