Da Redação
BRASIL – Se utilizando da crise gerada pela epidemia de COVID-19, os acionistas da indústria de calçados anunciaram por meio de seus executivos que pretendem demitir 11 mil operários em todo o país. Os números foram confirmados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O setor atualmente emprega cerca de 270 mil pessoas no Brasil.
Outro setor que também projeta fortes demissões é o de bares e restaurantes. Segundo a ANR (Associação Nacional de Bares e Restaurantes), mais de 600 mil pessoas perderão o emprego. Ao todo, a previsão de economistas é que o número total de desempregados pode chegar a 40 milhões de trabalhadores.
Ouvido pelo jornal A Verdade, Leonardo Péricles, presidente da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), disse que o Brasil já vivia antes da COVID-19 uma situação de enorme desemprego, resultado da política econômica pró-mercado de Bolsonaro e Paulo Guedes.
Leonardo lembrou que “a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, revelou que o país terminou o ano de 2019 com mais de 12 milhões de desempregados, 4,8 milhões de desalentados (pessoas que desistiram de procurar emprego) e 41 milhões de trabalhadores na informalidade, isto é, sem direitos e sem carteira assinada”.
“Agora, com a pandemia, o que vemos é o governo atrasando o pagamento do auxílio de R$ 600,00 aos trabalhadores informais e adotando medidas para reduzir o salário dos trabalhadores em 25% e até 50%. Este governo não é só impopular, ele é anti-povo”, disse.
O presidente da UP afirmou ainda que, “caso tivéssemos no Brasil um governo popular, seria adotada uma medida simples, mas profundamente humana: a proibição de qualquer demissão”. Segundo ele, o partido está debatendo o lançamento de uma campanha pela revogação de todas as demissões que ocorreram este ano, auxílio de dois salários mínimos por mês para cada desempregado e a imediata suspensão do pagamento da dívida pública, que este ano prevê o repasse de um trilhão de reais aos bancos e fundos de investimento.
“Defendemos a revogação de todas as demissões. Não é justo que os patrões protejam seus lucros, e nós, os trabalhadores, sejam demitidos e nossas famílias fiquem desamparadas. Revogar as demissões e garantir os salários dos trabalhadores é a primeira medida para combater a COVID-19”, defendeu.