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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Trabalhadores do IFood fazem paralisação

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MOBILIZAÇÃO – Trabalhadores de entrega se mobilizam em Belo Horizonte. (Foto: Marc Brito/Jornal A Verdade)
Marc Brito

MINAS GERAIS – Neste momento em que milhares de pessoas evitam sair de casa, a procura por serviços de entrega em domicílio de alimentos e outros produtos aumentou consideravelmente. Não é raro ver nas redes sociais anúncios patrocinados da Rappi, iFood e outras empresas, buscando recrutar novos trabalhadores com falsas promessas como “seja seu próprio chefe” ou “ganhe dinheiro com a sua bicicleta”.

Porém, a realidade passa longe dessas ilusões capitalistas. Com jornadas de trabalho exaustivas, que superam 12 horas diárias, custos de manutenção dos veículos por conta dos próprios trabalhadores e, agora durante a pandemia da Covid-19, exposição intensa dessas pessoas nos ambientes mais variados possíveis, fechados ou com grande circulação de pessoas. Nem ao menos álcool em gel, luvas e máscaras foram oferecidas pelas empresas aos trabalhadores, expondo suas vidas e a de milhares de pessoas ao coronavírus.

Só na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mais de 1.500 estabelecimentos utilizam o serviço de delivery (entregas em domicílio). As contratações para todos os cargos também crescem, como comenta uma trabalhadora da Rappi, que não quis ser identificada: “Querem dar treinamento para 50 pessoas num espaço super reduzido e sem ventilação. Além do descaso com os entregadores, que continuam sem as mínimas condições de higiene e segurança”.

Apesar das recomendações para preservar a saúde dos trabalhadores, o caminho escolhido pelas empresas que promovem entregas via aplicativos é o contrário, como explica Vanessa, militante da Unidade Popular e trabalhadora do iFood:

“A empresa tem mandado mensagens diárias incentivando os entregadores a trabalharem nas ruas, mas não distribuíram máscaras, álcool em gel. A única coisa que eles fizeram foi mandar para o cliente a opção de ter contato ou não com o motoqueiro. Mas a gente pega o produto no restaurante, a pessoa coloca a mão nos produtos, nos plásticos. A gente é obrigado a trabalhar com a máquina de cartão pareada do iFood, que vai pra mão do cliente… Tá difícil, tá muito difícil”.

Com a exploração cada vez mais desenfreada e a precarização ainda maior desse trabalho, no mês de março, ocorreram paralisações em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Essas paralisações reivindicam mais direitos para os trabalhadores, como o valor adicional de rota, que foi cortado há mais de dois meses pela empresa, segurança no trabalho, salário fixo e outras garantias.

“A gente não tem salário fixo nenhum. Somos obrigados a trabalhar com essas taxas baixas, principalmente na chuva. Quando começa a chover, eles dão 85 centavos por quilômetro, abaixo do prometido pela empresa. Não temos auxílio de nada, nem de acidente, nem de doença, de nada”, completa Vanessa.

Com essas paralisações, outras empresas de entrega também estão sendo denunciadas pelos trabalhadores autônomos, que não podem recorrer à quarentena para sustentar suas casas. Porém,  é muito importante destacar que, ao contrário do que pregam os ideólogos burgueses e socialdemocratas, que se esforçam para esconder a luta de classes e afirmam que essas novas modalidades de trabalho significam o fim da classe trabalhadora, a luta desses trabalhadores reforça a teoria revolucionária de organização da classe trabalhadora como única saída para enfrentar os capitalistas em qualquer lugar e condição.

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