Funcionário do setor de vendas da empresa multinacional sul-coreana Hyundai Motor Company localizada na região metropolitana de São Paulo, denuncia o tratamento abusivo da empresa e seus patrões com os(as) trabalhadores(as) para o jornal A Verdade.
Pedro Dragoni e Thales Caramante
MOGI DAS CRUZES (SP) – A classe trabalhadora enfrenta diariamente o transporte público precário, o descaso do Estado, os altos impostos e a exploração no trabalho. Um dos funcionários da supracitada empresa sul-coreana nos relatou a “sobrecarga de trabalho, o tratamento chantagista dos patrões, a total falta de noção sanitária em função da pandemia do Covid-19.”
Os representantes da empresa apenas utilizam do discurso de “estarem no mesmo barco” em meio a pandemia e de que a “empresa é uma família”, dentre outras frases sensacionalistas com o intuito de manter os trabalhadores nas fábricas trabalhando em serviços não essenciais para a economia. Um trabalhador anônimo relatou:
“Antes mesmo dessa pandemia, já havia um descontentamento com o burguês, porque era de se notar que se abriam mais lojas, entrava mais dinheiro, que o trabalho aumentava, mas a grana [para os trabalhadores], não… cada vez menos, e cada vez menos funcionários.
Isso tudo acarretou um descontentamento de grande parte dos funcionários e até parte do administrativo. Havia uma preocupação no setor dos mecânicos, […] com a própria baixa nas vendas e o pouco faturamento.
O aborrecimento de funcionários que eram obrigados a chegarem mais cedo no trabalho, e como, [hoje com frota reduzida], o transporte público não colaborava, nós éramos obrigados a vir trabalhar de carro, o que é um gasto de combustível, algo que não era reposto pela empresa.
A empresa dava o vale, mas o horário não batia. Por isso pediram aumento: algo que não foi atendido, e como não havia condição de ‘pagar pra ir trabalhar’, o pessoal acabava pedindo as contas.
Agora com a pandemia, a situação agravou de modo geral. Já que o patrão chantageia com o “melhor trabalhar e receber”, [ou seja, melhor] pegar o vírus do que ficar sem emprego. Algo que o setor da faxina, por ter uma situação mais precária, acabava tendo que se sujeitar.
O “engraçado” – e que é de um cinismo absurdo –, é que tem aqui uma placa na oficina escrita: “Aberta para serviços essenciais. Estamos aqui a postos para você e para o Brasil”. Então fica naquela, né, é a famosa “negociação”: Ou vem, ou é rua. O que você prefere? [A empresa] joga um contra o outro… A gente paga a contribuição para o Sindicato, mas não fazem nada pelos trabalhadores aqui.” – Finalizou.