Por HR Santana, Assistente Social e trabalhador do SUS
Hoje é o dia da/o Assistente Social, e infelizmente não temos muitos motivos para comemorar. Nos encontramos em luta permanente contra a radicalização da burguesia, que neste momento assumiu o poder pela face do moralismo religioso e falsa defesa das famílias, via golpe de Estado, emplacando fortes ataques na retirada de direitos da classe trabalhadora, desarticulando as organizações de lutas da classe e restringindo a participação popular no Estado. Para além disso estamos enfrentando esse cenário de pandemia e as pautas liberais permanecem avançando em todas as esferas de poder.
É grave a disseminação da pandemia e o aumento da crise econômica mais acelerada pela Covid-19, e também pela escolha do governo federal de priorizar salvar o sistema financeiro e não a vida dos trabalhadores, passando por cima de todos os alertas sobre a importância do isolamento social. Nós, Assistentes Sociais que atuamos diretamente com as vulnerabilidades da sociedade capitalista, sabemos que a ausência de políticas públicas efetivas trará consequências às famílias brasileiras, especificamente aos moradoras das periferias, áreas rurais, quilombolas, Ribeirinhos, população indígena, Negra, LGBTQIA+. Também as pessoas em situação de rua certamente estão sendo as mais impactadas neste cenário de omissão do Estado.
A perplexidade da desigualdade social revelada nesse momento tem que nos apontar para mudanças. Precisamos denunciar o Estado que assume essa postura genocida, expressão real do capitalismo na sua forma mais dolorosa, e que é sentida na pele da classe trabalhadora. Por isso, não podemos deixar a vida voltar a seguir sob sensação de normalidade durante ou após o período de pandemia, caso contrário seremos permissivos em reproduzir o passado. Não é por acaso que o movimento negacionista que está sentado na cadeira da presidência do Brasil, potencializa o genocídio da população indígena, a escravidão, as ditaduras e os diversos movimentos eugenistas com intuito de sucumbir o povo negro e indígena no Brasil.
Apesar dos nossos diversos campos de atuação profissional está diretamente relacionado ao Estado Burguês e muitos colegas de profissão terem optado somente pela reprodução dessa ordem para salvar seus empregos. Frente a isso, pensar o exercício da profissão da/o Assistente Social, nessa data tão importante para a nossa categoria, torna–se urgente levantarmos nossas bandeiras de lutas que norteiam o projeto ético e político da profissão de Assistente Social. Trazermos a consciência de classe e de construção coletiva, para que nossa profissão não esteja fadada a criminalizar, controlar e punir a classe trabalhadora. Já não bastam profissionais que negam a leitura critica sobre a realidade social e não fazem a luta em defesa de que as políticas públicas sejam laicas, universais e com ampla cobertura das necessidades sociais. É preciso que tenhamos em nosso horizonte uma nova ordem societária.
É desumano o apagão dentro das comunidades. Ver o meu povo perecer no esquecimento, lançado a própria sorte à margem do interesse econômico. Ver os mais pobres padecendo em sua própria ignorância política, retrato social do sistema que negou acesso aos diretos básicos.