Redação Bahia
O Diretório Municipal da Unidade Popular decide por lançar a pré-candidatura de Victor Aicau à vereança de Salvador. Militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e morador do bairro do Uruguai, Victor se propõe a dar voz ao povo pobre, trabalhador e sem-teto de Salvador na Câmara de Vereadores.
Com 25 anos, Victor Aicau vem se dedicando à luta popular desde 2012, onde ingressou no movimento estudantil secundarista em Feira de Santana, organizando várias lutas e greves estudantis por mais direitos, assumindo à presidência da AMES Feira de Santana. Em 2017, mudou-se para Salvador, morando na Ocupação Luísa Mahin, organizada pelo MLB, onde também contribuiu com a luta estudantil, construindo várias passeatas contra o aumento das passagens no transporte público, participando da diretoria da AMES Salvador como Tesoureiro. À época,militante da União da Juventude Rebelião (UJR), teve destacado papel na campanha de legalização da Unidade Popular.
Ainda na Ocupação Luísa Mahin, aproximou-se do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), onde participou da luta pela sua moradia e, junto com as famílias, conquistou o auxílio-aluguel. Indo morar no Uruguai, bairro pobre da cidade-baixa de Salvador e que reside até hoje, Victor passa à coordenar os núcleos de famílias sem-teto do MLB pela luta à moradia digna.
Em 2019, Victor esteve à frente da tarefa de coordenar a Ocupação Maria Felipa, onde mais de 100 famílias se organizaram e ocuparam a área admnistrativa do antigo Hospital Couto Maia, hospital de isolamento abandonado há 2 anos naquele período pelo Governo do Estado da Bahia e que segue abandonado, mesmo em período de pandemia. Após 27 dias de ocupação, as famílias foram expulsas com uma operação ilegal que contou com uso de helicóptero, tropa de choque, gás lacrimogêneo, spray de pimenta e cães policiais contra trabalhadoras, crianças e idosos.
Depois desse episódio, as famílias da Maria Felipa se organizaram com 200 famílias e ocuparam um galpão abandonado pelo Governo do Estado há mais de 20 anos e que mesmo assim, gerou uma outra expulsão ilegal e violenta em menos de 24 horas de ocupação. Nesse dia, Victor foi sequestrado durante várias horas pela PM da Bahia, sofrendo torturadas psicológicas e ameaças diversas. Para ele, “o exemplo de luta e resistência das famílias sem-teto é o que me deu forças para enfrentar essa trincheira institucional. Percebemos que é importante voz ao jovem preto e trabalhador, porque o que temos na esmagadora maioria das representações dos vereadores são brancos e ricos. Então, o propósito dessa pré-candidatura é de fazer ecoar mais alto a indignação do povo pobre e preto que é excluído desse e de tantos outros espaços de poder”.
“Vivemos em uma cidade extremamente desigual. Salvador é dividido entre a cidade dos pobres, onde impera a desigualdade e o total abandono do Estado para a grande maioria, e a cidade dos ricos, onde tudo funciona para uma infíma minoria. Estamos no topo dos rankings de desemprego e trabalho informal, é a cidade mais preta fora de África, mas é a que o jovem preto é exterminado pela Polícia Militar. É a cidade em que mais de cem mil pessoas não tem sequer onde morar e também onde mais pessoas moram em grupo de risco, basta uma chuva para alguém perder sua casa que conquistou com tanto suor ou até mesmo sua vida. Por isso, é uma honra ter recebido essa missão pela Unidade Popular com a tarefa de defender um programa revolucionário para Salvador.”, disse, ao Jornal A Verdade.