Redação Minas Gerais
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
BELO HORIZONTE (MG) – No dia 20 de novembro, cerca de 200 famílias ocuparam um terreno sem função social na região do Barreiro, em Belo Horizonte, e assim nasceu a Ocupação Carlos Marighella. As famílias viviam em áreas de risco, próximas a córregos que transbordam todos os anos. Parte destas famílias também viviam em casas de aluguel ou morando de favor em casa de parentes. Cansadas de esperar uma atitude da Prefeitura, as famílias procuraram o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
De acordo com o zoneamento urbano do Plano Diretor do município, o terreno é uma Área Especial de Interesse Social (Aeis), ou seja, pode ser destinado à moradia. Mas, mesmo com o plano sendo aprovado pela atual gestão do prefeito Alexandre Kalil (PSD), a Guarda Municipal foi em peso à ocupação pressionar as famílias para que desocupasse o terreno. A Ocupação contou com vários apoios, como a de Leonardo Péricles, presidente nacional da UP, e da vereadora eleita mais votada em BH, Duda Salabert (PDT), de moradores das ocupações próximas da região organizadas pelo MLB.
Ameaçando as famílias, a Guarda Municipal e a Polícia Militar estavam se preparando para efetivar o despejo sem aguardar decisão judicial, em um momento de pandemia e com a ausência completa de política habitacional do município. Com a intervenção do MLB, as famílias conquistaram uma reunião com a Prefeitura para resolver o problema de moradia para as famílias. Com a reunião marcada e com as famílias dispostas a lutar e se organizar pelo MLB, o terreno foi desocupado.
Para Elton Morais, morador da Ocupação Carlos Marighella, a situação é gravíssima: “Nós só queremos uma casa para morar. Esse povo todo morando de aluguel ou em casa de parente. Precisamos sair do aluguel. Enquanto isso, os empresários ganham milhões aí na pandemia e nós nesse sofrimento”. Segundo Dona Márcia, o terreno estava vazio há anos. “Aquele terreno está abandonado há mais de 40 anos e o Kalil vem dizer que é área verde. Mas não queremos desmatar nada não. Queremos morar!”.
A primeira reunião com representantes da Prefeitura aconteceu no último dia 24, com promessas de resolução do problema que ainda não se concretizaram. O MLB está acompanhando a situação, pressionando a Prefeitura para a resolução dos problemas e organizando as famílias para desenvolverem novas lutas.