Para enfrentar a crise do capitalismo, o governo federal cortou 52 bilhões de reais em custeio – salários dos servidores públicos federais e investimentos nas áreas sociais – visando aumentar o superávit primário e garantir o pagamento dos juros da dívida pública. Mas, como em todos os países, os trabalhadores resistem a esses ataques a seus direitos e, no dia 24 de agosto, os trabalhadores do setor público e do campo se uniram e tomaram a Esplanada dos Ministérios para dizer que não deixarão passar as propostas do governo de colocar sobre os ombros da classe trabalhadora o ônus da crise do capitalismo.
Trinta mil trabalhadores, em sua maioria servidores públicos e militantes do MST e do MTST, e representações das centrais sindicais (Conlutas, CUT e CTB) caminharam gritando palavras de ordem contra a política de arrocho salarial e o corte de verbas sociais. A marcha continuou afirmando que o que cria emprego são a reforma agrária e os investimentos em políticas públicas. Durante a manifestação, que prestou solidariedade às categorias em greve, foi denunciada a posição desrespeitosa do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) nas negociações com os servidores públicos.
Trabalhando com o prazo do final de agosto, quando será votado o orçamento da União no Congresso Nacional, o governo tratou de transformar as negociações em enrolação. Cientes dessa tática covarde do governo, os trabalhadores ligados à Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) estão em greve desde 6 de junho. Apesar da arrogância do governo ao não aceitar negociar com o Comando de Greve, os servidores se mantêm unidos – e de braços cruzados. Também na base da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) alguns locais paralisaram o trabalho. Os servidores ligados aos órgãos do Ministério da Cultura, em todo o país, reunidos em seu Encontro Nacional, resolveram encampar a proposta do RJ e também deflagraram greve. Os servidores que trabalham nos teatros, museus, bibliotecas e demais espaços culturais denunciam que o governo só destina 0,06% do orçamento para a cultura, enquanto dedica quase 45% para pagar a dívida interna e externa. A greve é pelo cumprimento de um acordo firmado com o governo Lula, em 2007.
No Rio de Janeiro, todos os museus já fecharam suas portas e a repercussão da greve já chegou a outros países. As cinco Associações de servidores da cultura (Asban, Asbram, Asminc, Asphan e Asserte) estão unidas e participando do comando da greve.
No Arquivo Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, os servidores realizaram uma paralisação de 24 horas no dia 24 de agosto, em defesa do Plano de Carreira e pela mudança do diretor-geral. E, diante da represália da direção em cortar o ponto, os servidores, tendo à frente a Associação dos Servidores (Assan) e o diretor do Sintrasef, Vicente de Oliveira (militante do Movimento Luta de Classes), ocuparam um andar inteiro do órgão, exigindo a suspensão do corte do ponto, o que acabou acontecendo por causa da postura combativa dos servidores, que não pouparam vaias aos diretores de administração e de Recursos Humanos do órgão. No Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), os companheiros do MLC ajudaram a fechar o setor de protocolo; e os servidores do Instituto Nacional do Câncer (Inca) realizaram ato público contra a privatização do hospital.
Na base do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), os servidores se encontram também em greve em mais de 200 instituições de ensino, com o apoio dos estudantes, como é o caso dos alunos do Colégio Pedro II que, ao lado da UJR, participam do movimento.
Onde o MLC está tem luta e greve
Esses exemplos demonstram que os trabalhadores não ficam parados esperando as coisas caírem do céu. No Brasil e no mundo todo, onde as direções sindicais apontam o caminho da luta, das mobilizações e da greve, os trabalhadores respondem afirmativamente, se dispondo a lutar por seus direitos e por uma vida melhor.
Em todas essas lutas dos servidores públicos, os companheiros(as) do MLC estão presentes. Participam do comando de greve da Fasubra e propõem a continuidade do movimento em resposta à intransigência do governo. São os companheiros e companheiras do MLC que estão na linha de frente da greve da Cultura e no movimento do Arquivo Nacional. Como deliberou a reunião da direção: onde o MLC estiver, tem luta e greve contra os patrões capitalistas, pelos direitos dos trabalhadores e pelo socialismo.
Infelizmente, a plenária da Condsef deliberou encaminhar alterações na proposta do governo em relação ao PGPE e ao PST (para julho de 2012). Na nossa opinião, a proposta, além de insuficiente, é um desrespeito aos servidores ativos, aposentados e pensionistas que lutam para trabalhar de maneira digna ou ter sua aposentadoria respeitada. Por isso, o mais correto seria rejeitar essa proposta e continuar trabalhando pela greve geral da categoria, fortalecendo os setores que já se encontram em greve, e fazendo referência a eles para mobilizar os outros setores.
A plenária também aprovou um calendário de mobilização, que só terá efeito se todos os servidores da base se engajarem nessa luta pela construção efetiva da greve dos servidores públicos federais, única forma de luta capaz de derrotar a política do governo de privilegiar o pagamento da dívida pública em detrimento dos direitos dos trabalhadores.
Victor Madeira, diretor da Condsef