Redação RN
No dia 10 de Abril ocorreu uma plenária anticapacitista organizada pelo Movimento correnteza no RN. A necessidade do aprofundamento sobre essa luta ficou evidente no início do ano, quando os alunos com deficiência da UFRN passaram a denunciar nas redes a negligência que estava ocorrendo: semanas se passaram sem que o auxílio inclusão e acessibilidade (no valor de R$ 400,00) fossem transferidos e sem que a reitoria desse uma resposta conclusiva sobre a situação.
O movimento Correnteza RN, de prontidão partiu em busca das informações e a situação foi minimamente esclarecida: alegando atraso nos repasses do MEC (Ministério da Educação), a UFRN atrasou o repasse a estes estudantes e, por fim, decidiu que o agendamento do pagamento continuaria sendo feito, mas agora de mês em mês, pois, segundo a UFRN, o impasse no repasse de verbas para a universidade retira a possibilidade de planejamento de bolsas e auxílios a longo prazo.
O mais importante é perceber que os cortes orçamentários nas universidades públicas estão criando – ou melhor, piorando – situações cada vez mais preocupantes para os alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Dentre deste setor estudantil mais empobrecido, além dos negros, indígenas, das mulheres e dos LGBT’s, temos também os discentes com alguma deficiência. Infelizmente, este tem sido um debate marginalizado em todo campo da Esquerda, mesmo sendo extremamente importante, não só porque tais pessoas merecem viver dignamente, mas porque no trato reservado às pessoas com deficiência, podemos enxergar a brutalidade desumana do capitalismo.
Os corpos da classe trabalhadora servem, para a burguesia, apenas enquanto força de trabalho e fonte de mais-valia. Somos produtificados, objetificados, transformados em mercadoria; e justamente por sofrermos de tal condição, aqueles corpos que, por algum motivo biológico ou psíquico, não possam cumprir sua “função” trabalhadora da forma como deseja a burguesia, serão ignorados pelo estado burguês, preteridos nas vagas de emprego, mal recebidos nos estabelecimentos públicos ou privados, etc.
Na plenária foi debatido alguns pontos crucias que fundamentam a análise e a luta anticapacitista. Efetivamente, foi levantado a questão do capacitismo funcionar como um modus operandi do capitalismo, isto é, o capitalismo se mantém no processo de desumanização das pessoas com deficiência (PcDs), e desse entendimento foram discutido diversos outros pontos, como: a inclusão das PcDs no mercado de trabalho, no ensino educacional formal, e no próprio meio de lutas políticas tanto no que se refere ao Movimento Estudantil como também nas lutas populares. E todos esses debates foram feito de maneira histórica, ou seja, as discussões levaram em consideração o processo dialético, histórico da sociedade e a maneira da sociedade capitalista lidar com as pessoas com deficiência.
Depois de levantar esses e outros pontos para o debate, e discutido de forma inicial, ocorreu um debate final sobre o que é e como construir uma luta anticapacitista aliada com a luta anticapitalista. Portanto, devemos organizar uma luta pela transformação radical da sociedade. Toda a estrutura capitalista é construída para explorar e matar o povo pobre, as mulheres, os negros, as pessoas com deficiência e todo tipo de pessoas que o sistema capitalista julga como não explorável é descartável.