Disputar as ruas neste 7 de Setembro

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OFENSIVA DO POVO – Manifestação pelo Fora Bolsonaro no dia 19 de junho de 2021 mostrou que é possível avançar com a luta do povo. (Foto: Carolina Barbosa/Jornal A Verdade)
Alexandre Ferreira

BRASÍLIA (DF) – Nos últimos dias, uma palavra vem sendo repetida com frequência: medo. Muitos dizem “sou pelo Fora Bolsonaro, mas estou com medo de ir à passeata no dia 7 de setembro”. Encher as pessoas de medo é justamente uma tática do fascismo. A propaganda do terror, colocar a classe trabalhadora e a juventude na defensiva, sem reação, paralisar as lutas. Assim o fascismo segue avançando.

Muitas organizações também vêm reproduzindo este sentimento. Além de estarem, de fato, com medo, por vezes também estão mais preocupadas com as eleições de 2022, imaginando que nas eleições o fascismo será varrido. Uma grande ilusão, pois, se depender do fascismo, nem eleições teremos.

Assim, nós, revolucionários, devemos enfrentar este estado de espírito no seio da esquerda e do povo, retomando a ofensiva política. O fascismo só pode ser derrotado pela força das massas, com o povo nas ruas.

Também em muitos momentos se fala na palavra “correlação de forças” e que “não temos correlação de força para avançar”. Usam esta palavra no sentido de que nada se pode fazer. Precisamos encarar esta realidade, transformar este estado de espírito em favor da classe trabalhadora.

TORCIDAS ORGANIZADAS – Ato em maio de 2020, protagonizados pelas torcidas organizadas marcaram a revolta popular contra o governo. (Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade)

Em maio de 2020, quando o povo foi às ruas, com as torcidas organizadas protagonizando num primeiro momento, foi um bom exemplo de como reverter a correlação de forças e mudar o estado de espírito das massas, colocando-a na ofensiva. Prova disso, dias depois, foi despejado o acampamento dos fascistas autointitulados “300” e o intuito do presidente de fazer uma intervenção militar, como revelado pela revista Piauí, de maio, foi impedido.

POVO NA RUA, FORA BOLSONARO – Ato Fora Bolsonaro em Brasília no dia 19 de junho de 2021. (Foto: Emilia Silberstein/Jornal A Verdade)

No dia 29 de maio, apesar de muitos setores da socialdemocracia inicialmente acharem que não deveríamos convocar atos massivos, a posição da Unidade Popular (UP) e de outras organizações era de que era sim o momento, o que se demonstrou, na prática, um acerto. Foram grandes mobilizações, que chegaram a um milhão de pessoas em 500 cidades, de todos os estados e até no exterior. Estas mobilizações colocaram um grande espírito de otimismo e de ofensiva.

Não há espaço vazio na política nem nas ruas

Infelizmente, após a grande mobilização do dia 24 de julho, setores jogaram para esfriar as mobilizações. Foram convocados atos pontuais e nenhuma mobilização unitária de peso, apenas um indicativo para o dia 7 de setembro, 45 dias após o último ato. Isso deu espaço para o governo fascista se rearticular e retomar a ofensiva, convocando um ato para o dia 7 de setembro, utilizando toda a estrutura do governo, do agronegócio e de parlamentares de direita para realizar um ato nacional no Distrito Federal, com caravanas de ônibus e diárias de hotéis garantidas. Ainda sendo ajudado pela grande mídia, que vem, todos os dias, divulgando o ato dos fascistas e quase sem citar o ato do Fora Bolsonaro.

OFENSIVA POPULAR – As manifestações representam o desejo popular de derrubar o governo Bolsonaro. (Foto: Vitor Viana/Jornal A Verdade)

Retomar a ofensiva com o povo nas ruas

Agora é hora de estarmos presentes nas ruas no dia 7 de setembro, defendendo a derrubada deste presidente, reforçar a mobilização, mostrar que não nos intimidarão. Ao mesmo tempo, é necessário garantirmos a convocação de um grande ato unitário ainda neste mês, após o 7 de setembro.

A indignação que o povo está sentindo, com crescimento da fome, alimentos caríssimos, gasolina chegando a R$7,00, desemprego em alta, gás de cozinha batendo recorde e a popularidade despencando de Bolsonaro, como mostram todas as recentes pesquisas, mostrando que o governo Bolsonaro atravessa seu momento de maior reprovação, à base de mais de 60% da população. Ou seja, a maioria da população é contra Bolsonaro, e esta maioria precisa estar nas ruas e em ofensiva.

Como muito bem nos ensinou Georgi Dimitrov, “o fascismo é um poder feroz, porém é precário”. A realidade material da vida, com o crescimento da miséria e do desemprego, dá as condições para o crescimento da indignação e para a derrubada do governo.

Vamos dedicar todas nossas energias para fortalecer as mobilizações populares, crescendo o grau de organização do povo para, de uma vez por todas, derrubar o governo dos fascistas e construir uma alternativa de poder popular.