Aumento das passagens em Campina Grande

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Prefeitura quer aumentar preço da passagem e ainda repassar mais de R$ 4 milhões por ano para empresas de transporte


Rayanny Felix, militante da UJR

Na última sexta-feira (22), foi divulgada a notícia de uma proposta absurda de aumento do preço da passagem de ônibus em Campina Grande (PB), que sairia de R$ 3,90 para R$ 5,21, um aumento de R$ 1,31, o maior da história do município, que já tem uma das passagens mais caras do Nordeste.

A Prefeitura, então, convocou para o dia 28 a reunião do Conselho Municipal de Transporte Público, que aconteceu após duas horas de atraso do prefeito Bruno Cunha Lima (PSD), e, mais uma vez, o debate foi feito por aqueles que nunca utilizaram o transporte público.

Por fim, a Prefeitura propôs um aumento da tarifa para R$ 4,30, mas, para tentar enganar a população enquanto agrada os empresários, pois a Prefeitura pretende arcar com R$ 0,53 centavos em cada passagem. Ou seja, a passagem custará R$ 3,77 diretamente da população, que também pagará indiretamente os R$ 0,53. Assim, a Prefeitura repassará, mensalmente, um valor médio superior a R$ 330 mil para as empresas. Isso significa, na prática, que Campina Grande repassará anualmente mais de R$ 4 milhões do dinheiro público para as empresas de transporte coletivo. A reunião foi encerrada e continuará na próxima segunda-feira (31) para aprovar o preço da nova tarifa.

As empresas justificam esse aumento com a desculpa do congelamento do preço nos últimos dois anos, mas não contam para a população que a Prefeitura de Campina Grande pagou subsídios de R$ 1,8 milhão nesse mesmo período.

O aumento é um ataque aos direitos dos trabalhadores e da juventude, pois afetará as condições de vida de milhares de pessoas que precisam do transporte público para ir trabalhar e estudar. Tudo está ficando cada vez mais caro, o preço dos alimentos, do gás de cozinha, da gasolina e agora o preço da passagem. Enquanto isso, o salário dos trabalhadores não aumenta em nada.

Só no Estado da Paraíba são mais de 555 mil famílias (mais de 2 milhões de pessoas, ou metade da população) em situação de insegurança alimentar. E é possível ver isso cotidianamente ao passar em frente ao Restaurante Popular de Campina Grande com filas que dobram quarteirões. Isso faz parte da política de morte do Governo Bolsonaro, que tem como aliado o prefeito Bruno Cunha Lima.

É importante ressaltar também as condições que se encontram os ônibus da cidade, sem nenhuma estrutura e sem o funcionamento do Terminal de Integração, que agora serve somente como ponto de ônibus normal, pois foi retirado o direito da integração, dificultando ainda mais o acesso aos ônibus da cidade.

A frota reduzida neste período de pandemia gerou uma maior demora dos ônibus e superlotou cada veículo, expondo a vida dos passageiros à Covid-19, que, no município, já matou 1.138 pessoas. Em uma panfletagem na semana passada, uma trabalhadora contou que ficou mais de duas horas aguardando o ônibus para ir ao trabalho.

Vale evidenciar que, além de enfrentar todos esses problemas citados, as mulheres também precisam lidar com o assédio nos transportes públicos, como aponta pesquisa de 2019 desenvolvida pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, que entrevistou 1.081 brasileiras; 97% delas contam que já sofreram assédio em meios de transporte.

Por tudo isso, as organizações estão chamando o povo da cidade para denunciar esse aumento. O povo de Campina Grande não tem condições de arcar com mais um aumento e um desvio escancarado de dinheiro público para empresas privadas. O povo está pagando duas vezes a passagem! O dinheiro público é do povo! O transporte público é do povo! Diga não ao aumento da passagem!