Povos Indígenas sofrem ameaças em suas terras por causa da mineração. A empresa Vale S/A é responsável por mais esse crime, assim como foi responsável pelos crimes de Mariana e Brumadinho que mataram centenas de pessoas e destruiu rios, fauna e flora.
Fernando Alves | Minas Gerais
Fotos: Samuel Macedo
É cada vez mais dramática a situação dos povos indígenas no Brasil. Uma situação agravada pela ação de grupos econômicos que busca incessantemente o lucro. Também as ameaças se intensificam a medida que temos governos ligados umbilicalmente a interesses econômicos de grandes empresas e que se omitem ou agem em favor dessas.
É o que vemos com a política do governo de Jair Bolsonaro de passar por cima dos direito históricos dos povos originários promovendo ampla campanha contra os territórios indígenas e busca beneficiar os grandes projetos econômicos.
Uma dessas situações dramáticas vive a etnia Kamakã Mongoió, pertencente aos Pataxó Hãe Hãe Hãe.
O povo Kamakã Mongoió tem sua origem na região que hoje está a cidade de Vitória da Conquista, no Sul da Bahia. Estavam mais concentrados na região que hoje é a cidade de Catulezinho. Em 1932, se itensificaram as ameaças, perseguições e muita violência por parte de grandes fazendeiros e grileiros contra este povo. Nesse mesmo ano acabaram sendo expulsos de suas terras e forçados a migrar para cidade de Pau Brasil, também na Bahia.
Depois de construir seu povoado, organizar seu modo de vida, sua cultura e seus costumes e se consolidar nesse território, passaram a sofrer ameaças ataques e violência por parte de fazendeiros da região, que utilizando de todas as formas de artifícios e manobras, conseguiram mais uma vez a expulsão dos Kamakã Mongoió da região e empurrar sua população para a periferia de grandes cidades país afora.
Atualmente, parte dos Kamakã Mongoió de concentram na região de Brumadinho, Minas Gerais. Agora, vivem nova ameaças em suas terras por causa da mineração. Os ataques principais vêm da Vale S/A, poderosa mineradora, responsável pelos crimes de Mariana e Brumadinho que mataram centenas de pessoas, e destruiu rios, fauna e flora de vales que levará centenas de anos para sua recuperação.
Desde 2017 os Kamakã Mongoió vêm retomando seu território na região de Brumadinho. Em 22 de outubro de 2021, retomaram o território acampando no Córrego da Areia, área abandonada e que de acordo com conversações e entendimentos com a Funai, essa expressou opinião que o território é ideal para o assentamento da etnia no local.
Entretanto, a Vale S/A segue perseguindo os Kamakã Mongoió e outros povos indígenas na região, alegando ser a proprietária das terras. Mas os povos vêm resistindo bravamente, mesmo diante da omissão do governo federal, estadual e da Justiça, que aliada a ausência de uma política de respeito e reconhecimento da importância desses povos não apenas para manter suas culturas, mas de viver com dignidade, plantando e colhendo, preservando a vida e a natureza, também agem para reprimir a resistência e a luta desses povos.
Esse ataque contra os Kamaka Mongoió acontece no momento que se intensifica a luta para derrotar o Marco Temporal (que será julgado pelo STF em 23 de junho) e os diversos projetos do governo Jair Bolsonaro que representam diretamente o agronegócio, os latifundiários, as madeireiras e mineradoras.
A resistência dos Kamakã Mongoió e de todos os povos indígenas é a resistência pela vida.
Por isso é necessário e urgente que todos os segmentos vivos da sociedade deem apoio incondicional a essa causa legítima dos povos originários e impeça mais uma ação criminosa dessa que vêm destruindo e invadindo sistematicamente as terras de camponeses, trabalhadores rurais, quilombolas e indígenas e depredando a natureza e a vida de milhões de seres humanos.