15 mil servidores públicos da cidade estão há dois anos sem reposição salarial e sofreram duros golpes neste período, como a aprovação da reforma da previdência.
Júlia de Campos e Lucas Bernardo – Movimento Luta de Classes
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SANTO ANDRÉ – Servidores públicos da cidade de Santo André, no ABC paulista, realizaram uma paralisação dos serviços, com assembleia e manifestação, para demonstrar insatisfação e revolta diante do desprezável reajuste aprovado para a categoria.
O reajuste de 7% parcelado em duas vezes – 4% em maio e 3% em setembro – não chega nem próximo ao valor da inflação no período e foi aprovado pela câmara no dia 17 de março, mesmo sob protestos dos trabalhadores.
A desculpa é de que não há dinheiro para reajustar os salários, porém, foi concedido um aumento de quase 12% para os funcionários da Câmara de Vereadores, em cota única.
Como explicar que a prefeitura não tem verba para o servidor público em geral, mas tem para esses funcionários?
Os cerca de 15 mil servidores públicos da cidade estão há dois anos sem reposição salarial e, durante este mesmo período, sofreram duros golpes como a aprovação da reforma da previdência – que aumentou a contribuição em mais 3% – e o aumento do valor do convênio médico obrigatório.
Vale lembrar que estamos falando aqui das trabalhadoras e dos trabalhadores que tem uma média salarial de 1.500 reais, muitos sem direito a VA ou VR, e que ainda assim foram linha de frente durante a pandemia de COVID-19. Os servidores da saúde, por exemplo, não puderam sequer tirar férias.
Os trabalhadores da limpeza não puderam ficar em casa e se expuseram ao vírus trabalhando sem equipamentos de proteção individual (EPI). Os trabalhadores da educação como professores, ADI’s (Agentes de Desenvolvimento Infantil) e merendeiras voltaram para as escolas mesmo sem as condições ideais de distanciamento social.
Enfim, seriam inúmeros os exemplos de dedicação dos servidores para construção de um serviço público de qualidade capaz de atender a população de Santo André.
Ainda assim, a resposta que estes recebem da prefeitura é um aumento insignificante que resulta em perdas reais dos salários. Como se não bastasse, foi divulgado nas grandes mídias que o aumento concedido foi de 17%. Mais uma mentira que visa deslegitimar uma luta histórica e justa.
A manifestação que, mesmo debaixo de forte chuva, reuniu mais de mil servidores no paço municipal foi recebida pela ROMU da GCM, enviada pelo prefeito que se recusou a dialogar com os trabalhadores ou com seus representantes sindicais, preferindo fazer uma live e postagens nas redes sociais, comportamento habitual dessa gestão.
Mesmo assim, não houve desânimo e mesmo os guardas civis, também funcionários da prefeitura, demonstraram apoio a luta. Entre as falas feitas no ato, muitos defendiam a revogação do reajuste e a negociação de um aumento justo que chegue pelo menos ao valor da inflação acumulada no período (18,44%).
Várias foram as denúncias da piora das condições vida, do aumento das contas e da fome e miséria – realidade de todo o país. As mulheres, maioria do serviço público e muitas com seus filhos, estavam em peso no paço e denunciaram a dificuldade de garantir uma alimentação de qualidade e uma moradia digna para sua família.
A verdade é que a política de Paulo Serra (PSDB) é uma política aliada ao projeto de Bolsonaro (PL), que tem por objetivo intensificar a exploração dos trabalhadores e trabalhadoras, para que uns poucos lucrem milhões.
Os servidores da cidade de Santo André deram exemplo para todos os trabalhadores do ABC e do Brasil, mostraram disposição de luta e que não se amedrontam, mesmo com as mentiras e ameaças da prefeitura.