Apesar de diversos ataques de todos os tipos, estudantes do RN se mantem firmes e organizados em seus grêmios, demonstrando que a censura e a perseguição por parte das direções não é capaz de intimidar aqueles e aquelas que estão com disposição para a luta.
Ezequias Rosendo
Natal/RN
Educação – Nos últimos anos, o movimento estudantil tem sofrido diversos ataques por parte das autoridades de educação do nosso país. Não bastando os constantes cortes de verbas realizados pelo governo federal na educação pública e a falta de estrutura nas escolas estaduais, têm-se disseminado, através das secretarias estaduais de educação, a ideia de que o movimento estudantil é composto por vândalos e baderneiros, promovendo posturas autoritárias por parte das direções escolares, que têm tentado censurar a voz dos estudantes e suas reivindicações.
Diante desse cenário, os grêmios estudantis têm sido os principais afetados. O grêmio tem por função defender as necessidades dos estudantes dentro de sua instituição de ensino, organizando reivindicações que visem garantir melhores condições de ensino para todos, mesmo que isso signifique ir contra as políticas da direção da escola. A lei federal do grêmio livre garante total autonomia das organizações estudantis secundaristas, porém, na prática, as direções escolares a ignoram e cometem diversos crimes de censura contra os estudantes.
O Grêmio Estudantil Emmanuel Bezerra (GEEB), da Escola Estadual Ana Júlia, da zona norte de Natal, têm sofrido diversos ataques por parte da direção que, abusando de sua autoridade, impediu o grêmio de ter acesso a sua própria sala de reuniões e os transferiram para uma sala utilizada para armazenar entulhos.
“Fizemos uma reunião com a direção, a reunião foi bem cansativa e longa até demais, pelo simples fato de que sempre que estávamos tentando dialogar e mostrar nossos pontos, éramos interrompidos com ignorância e eram tiradas conclusões precipitadas em cima do que era dito, fora o estresse e os gritos contínuos.” – Elvira, Presidenta do GEEB
O Grêmio Estudantil Nísia Floresta, do CEEP Djanira Brasilino, e o Grêmio Djalma Maranhão, do IFRN CNAT, também têm sido vítimas de uma clara tentativa de intimidação aos estudantes por parte das direções que, além de ignorar suas reivindicações, têm tentado impedir suas atividades dentro da escola.
“Organizamos um tour pelo campus com os novos estudantes, a direção simplesmente nos impediu de fazer, gritou com a gente, disse que não tínhamos autonomia nenhuma dentro do IF e que tínhamos que responder à direção, e ameaçou de chamar os seguranças para impedir a gente de realizar a atividade” – Lucas Araújo, presidente do GEDM
Ademais, são inúmeros os relatos de estudantes que são vítimas de assédio, discriminação e preconceito dentro de suas escolas, diante disso, as direções escolares não se posicionam, tampouco tomam alguma atitude a respeito. Em alguns casos optam até por defender o agressor, como aconteceu na Escola Ana Júlia e no CEEP Djanira Brasilino que, através dos Grêmios Estudantis, realizaram denúncias contra alunos e professores assediadores e foram ignorados pela direção da escola, que a todo momento buscou manipular a situação a fim de defender os assediadores e culpar as vítimas.
“Não é de hoje que acontecem essas coisas no CEEP, ano passado um aluno assediou outra aluna, tiveram relatos, testemunhas, nós levamos o caso pro conselho escolar e não resolveram nada, outro caso que foi abafado foi de um professor que estava assediando uma aluna e os gestores disseram que era apenas uma brincadeira” – Cely, Vice Presidente do GENF
“Um dos professores do Ana Júlia foi acusado de assédio moral, homofobia, machismo, entre outras acusações. O problema da direção é que por mais que receba diversas denúncias constantemente, sobre a conduta do mesmo professor, não se posiciona perante aos alunos, não toma nenhuma providência em relação a isso, sem contar que tem alunos que não querem assistir às aulas por se sentirem intimidados e com medo de serem tratados dessa forma” – Gabriel, Diretor Social do GEEB
Diante desses casos, é necessário que os estudantes se organizem para lutar por seus direitos a fim de garantir a livre organização estudantil e pôr fim à censura e qualquer tipo de assédio ou discriminação dentro das escolas, pelo respeito aos grêmios e aos estudantes.