REDAÇÃO BAHIA
Salvador/BA
No último sábado, 17, mais de 100 famílias da ocupação urbana Carlos Marighella e bairros de periferia que constroem o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizaram uma ocupação no supermercado Gbarbosa na região do Iguatemi em Salvador. Trata-se de uma das dez ações simultâneas realizadas pelo movimento com a campanha Natal Sem Fome e Sem Miséria que há 15 anos efetua ações durante o período de final de ano arrecadando doações, reivindicando cestas básicas nos mercados e permitindo que no país em que 33 milhões de pessoas estão passando fome, as famílias cadastradas no movimento possam ter comida na mesa durante as festividades natalinas.
As famílias do MLB juntamente com apoiadores e militantes do Movimento de Mulheres Olga Benario, Movimento Luta de Classe (MLC), Movimento Correnteza e a União da Juventude Rebelião (UJR) ocuparam uma parte da entrada do supermercado Gbarbosa, membro da rede Censosud que somente no 3º trimestre de 2022 registrou uma receita líquida de R$ 2,2 bilhões. Estiveram presentes também a presidenta estadual do partido Unidade Popular (UP) e militante do MLB, Eslane Paixão, além do mandato da vereadora Maria Marighella (PT). O ato pacífico contou com a participação de moradores da Ocupação Carlos Marighella e dos bairros do Uruguai, Comércio, São Tomé de Paripe e Boca da Mata.
Manifestantes reforçaram a todo momento o caráter de denúncia do ato ao entoar palavras de ordem sobre a hipocrisia do sistema capitalista que permite que grandes redes supermercadistas registrem lucros recordes enquanto 124 milhões de brasileiros estão em algum grau de insegurança alimentar segundo relatório recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.
Durante a ação foram distribuídos panfletos confeccionados pelo movimento explicando sobre a grave situação de fome em que a maior parte da população brasileira se encontra e o intuito do MLB com a ocupação de mercados em todo o país. A UJR também organizou uma creche para cuidar das crianças e bebês presentes no ato, permitindo que as mães trabalhadoras participassem do protesto sendo que estas mulheres fazem parte de uma das principais camadas afetadas pela fome no Brasil.
Em nenhum momento a circulação de pessoas foi impedida pelo movimento e nenhum cliente foi constrangido durante a ação. Ainda assim, a polícia civil e militar foi acionada para intimidar as famílias e militantes que participavam do ato, mostrando mais uma vez a natureza repressora e violenta do braço armado do Estado quando se trata de proteger a propriedade privada em detrimento de mulheres, idosos e crianças reivindicando o básico para sobrevivência. O supermercado Gbarbosa e a polícia foram responsáveis pelo bloqueio da entrada e impedimento do livre trânsito de pessoas.
Uma comissão composta de coordenadores do MLB e advogados participaram de uma mesa de negociação com a direção da unidade do Gbarbosa. Durante a mediação, os responsáveis pelo supermercado se comprometeram em garantir doações para as famílias, seja por meio do instituto nacional que faz parte ou por meio de parceiros da unidade Iguatemi. Segundo o coordenador da Ocupação Carlos Marighella, Willian Santos, a gerência também se comprometeu em avaliar a possibilidade de ter uma parceria permanente com o movimento ao permitir que os clientes da unidade doem para o movimento.
Na Bahia as famílias continuam com a campanha de solidariedade e solicitam doações através do pix [email protected].