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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Poesia | Juramento

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Acauã Pozino | Rio de Janeiro


Existir dói?
Não existir
Mais ainda.

Vocês vão se arrepender.
De cada palavra roubada,
De cada caminho cerceado,
De cada olhar piedoso,
De cada carinho negado.

Vocês vão se arrepender,
Vão pagar
Em dobrado

Cada vida ceifada,
Cada obstáculo erguido,
Cada sonho duvidado.

O dia vai chegar,
Vão chorar e muito amargo
Cada inflexão condescendente,
Cada mensuração do meu poder,
Cada vez que subestimaram um dos nossos.

Vão vir pedir desculpas
Por cada segundo de culpa que me fizeram sentir
Pelo único fato
De doer a dor do peito,
Por ser gente,
Gente como vocês,
Mas pra vocês,
Menos gente.

Mas o mundo gira,
Vacilão roda
E verme dorme de ponta-cabeça.

Pela flecha que voa
Na mata da morte,
Pelo vento que arrasa o castelo
E dá guarida ao falcão,
Pelo mar que à noite se ergue e estraçalha as muralhas do seu mundo,
Eu juro:
Apesar de vocês,
Amanhã há de ser
Nosso dia.

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