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quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Estudantes ocupam UFES após reitoria suspender Restaurante Universitário

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No dia 29 de maio, os estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo se manifestaram contra a tentativa da reitoria de excluir os estudantes pobres do Restaurante Universitário. Como uma espécie de punição para com os estudantes, o reitor Paulo Vargas decidiu por suspender o RU, fazendo com que diversos alunos que dependem dele para conseguir sobreviver na capital capixaba ficassem sem alimentação. Devido a essas circunstâncias, os estudantes se rebelaram e ocuparam o prédio da reitoria no mesmo dia, e, no dia seguinte, fecharam a universidade.

Kayza Araújo e Juliana Oleari | Vitória


JUVENTUDE – O Restaurante Universitário da UFES teve um aumento de mais de 200% NO PREÇO em 3 anos. Apesar disso, as condições das comidas ofertadas pelo restaurante são precárias, contando até mesmo com larvas, e os trabalhadores continuam sofrendo com a terceirização, salários baixos e com a falta de direitos.

Essa situação se dá há tempos e nada foi feito para mudar de forma concreta, fazendo com que os estudantes convivam com a alimentação precarizada e com preços extremamente abusivos, sendo o RU da UFES uns dos mais caros do Brasil. Como consequência desse grave problema, muitos dos estudantes que não tem como pagar R$5,00 todos os dias – dando em média R$200,00 por mês- para se alimentarem e que não conseguiram a isenção no RU -devido a grande burocracia-, se veem obrigados a passar por baixo da roleta para conseguirem comer, para conseguirem sobreviver no sistema da fome e da miséria.

Ao invés de medidas para baratear e melhorar a qualidade da alimentação dos universitários, que deveria ser gratuita, a reitoria decidiu por colocar roletas duplas e punir com processos administrativos aqueles que passam por baixo da roleta. Provando assim que o que realmente desejam é a expulsão dos filhos da classe trabalhadora da única universidade pública de todo o estado do Espírito Santo, que, com muito custo conseguiram acessá-la, devido ao sucateamento da educação pública e as notas de corte altas para todos os cursos.

Medida gera revolta entre estudantes

Os estudantes se rebelaram contra essa política de expulsão e se manifestaram na Segunda-Feira (29/05) com um grande ‘roletaço’, ato em que os estudantes não pagaram para acessarem o RU, usando o lema: “Enquanto comer for um privilégio, roletar o RU é um direito”. A reitoria, como forma de punir a manifestação dos alunos, decretou a suspensão das atividades do restaurante na Segunda-Feira e Terça-Feira (dias 29/05 e 30/05), fazendo com que diversos universitários que dependem da comida ofertada pelo RU para sobreviver na Grande Vitória ficassem sem alimentação, culpabilizando, via notas oficiais, os alunos pela precarização do trabalhos dos servidores e mentiu sobre uma suposta agressão aos trabalhadores do RU, gerando e disseminando assim notícias falaciosas e desonestas, fake news.

A reação dos estudantes a essa imposição do reitor foi a alternativa de luta, inicialmente com uma manifestação em frente ao prédio da reitoria e em seguida com a greve de ocupação, que durou de 29/05 até o dia 01/06. 

A decisão de desocupar se deu após uma Assembleia Geral, onde se evidenciou o oportunismo da majoritária da UNE (União Nacional dos Estudantes), a mesma que constitui o DCE, e a revolta dos universitários diante da situação. Anterior à Assembleia, houve uma reunião com 20 estudantes e o reitor Paulo Vargas. Durante a reunião, o reitor manteve um tom de ameaça com os estudantes, afirmando que, caso devolvessem o prédio limpo e pintado, não os processaria de forma jurídica nem administrativa, acatando apenas algumas demandas, demandas essas que não foram o motivo principal pelo qual se deu a ocupação.

Dessa maneira, sendo o DCE formado por forças oportunistas, já acostumadas com o imobilismo, eles se posicionaram de forma a atender as reivindicações de Vargas durante a assembleia com os estudantes. É de se esperar que se a principal representação dos estudantes não está mobilizada, haja uma desmobilização geral dos alunos. 

Apesar do prédio ter sido entregue nas condições da reitoria, nenhuma das exigências que levaram à greve de ocupação dos estudantes foi atendida até agora. Após quase 15 dias, os estudantes seguem roletando e encontrando larvas na comida, além do preço continuar R$5,00 e nenhuma possibilidade de gratuidade ter sido de fato colocada em prática.

Tem se destacado na grande mobilização dos estudantes a combatividade do Movimento Correnteza que, apesar de ter nascido esse ano na universidade, teve um crescimento exponencial entre os universitários que conseguem enxergar que o movimento está presente na luta de maneira radicalizada, agregando na mobilização e se articulando na permanência estudantil para manter a universidade ocupada pelos estudantes.

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