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domingo, 19 de maio de 2024

Famílias do Jardim Nakamura se organizam no MLB

As famílias do Jardim Nakamura lutam pela urbanização do bairro e pelo direito à moradia digna. Contudo, a Prefeitura nunca atendeu as famílias, evitando qualquer tipo de negociação, visita ao bairro, ou sequer atender às exigências e direitos das famílias com reparos mínimos, podas de árvores ou outros serviços que garantam a segurança dos moradores.

Redação SP


LUTA POPULAR – No dia 1º de março, as famílias de uma ocupação no Jardim Nakamura, em Rio Grande da Serra, no ABC Paulista, conhecida como “Buraco do Sapo”, receberam a visita de representantes do MLB para denunciar os abusos que elas vinham sofrendo por parte do poder público, como ameaças constantes de despejo sem ordem legal e batidas diárias para derrubar moradias em construção.

A ocupação existe há mais de 30 anos e está localizada numa área de manancial, o que é comum, já que a maior parte do território do município é composto por áreas deste tipo. Com as frequentes chuvas e a falta de regularização do bairro, são inúmeros os casos de alagamentos e de quedas de árvores que destruíram casas, colocando em risco a vida dos moradores, por exemplo.

Ao longo de todos esses anos, as famílias do Jardim Nakamura lutam pela urbanização do bairro e pelo direito à moradia digna. Contudo, a Prefeitura nunca atendeu as famílias, evitando qualquer tipo de negociação, visita ao bairro, ou sequer atender às exigências e direitos das famílias com reparos mínimos, podas de árvores ou outros serviços que garantam a segurança dos moradores.

Pior. Além de não atender ao chamado das famílias, a Prefeitura tentou, por vezes, reintegrar a ocupação sem ordem judicial, colocando as moradoras e moradores em um verdadeiro estado de pânico. “Vêm os fiscais da Prefeitura aqui na porta da nossa casa e tira nossa paz e nossa tranquilidade. Fala de derrubar nossos barracos. Pega nossos documentos para nos sujar perante a justiça. Vêm falar que vão derrubar a casa que construí pegando empréstimo”, denuncia Maria José, 54 anos.

Outra moradora da Ocupação, Maria Helenice, 31 anos, relata também o medo de sair de casa para trabalhar e voltar com a notícia de que seus três filhos e o marido estejam na rua. “Eu moro aqui há três anos. Quando fiquei grávida, não tinha mais condições de manter o aluguel. Fui despejada, cortaram a água e a luz. Vim pra cá porque não conseguia pagar aluguel. A Prefeitura já me entregou a carta de despejo. Meu medo é sair para fazer meus bicos e receber uma ligação que minha família tá na rua. E até dentro de casa eu tenho medo de qualquer hora eles chegarem e tirar a gente”.

A situação só mudou, e vem se transformando a cada dia, quando os moradores resolveram se organizar para garantir a legalização da ocupação e o direito à moradia digna. Entraram em contato com o MLB e tomaram a decisão de lutar. Carlos, morador da ocupação há cinco anos, conta como chegou até o MLB. “Eu vim morar aqui porque a empresa que eu trabalhava pagava pouco e só o aluguel era 700 reais. Vendo a situação de constante ameaça que a gente vivia aqui, percebi que a gente precisava se organizar, fazer alguma coisa. Foi aí que eu cheguei até o MLB. Comecei a buscar ferramentas e parceiras de luta, encontrei o Instituto Gaspar Garcia de Direitos Humanos, que me passou o contato da CMP e, através desses contatos, me indicaram ao MLB. Eu procurei o Movimento para ajudar a gente a se organizar e dar um caminho de como garantir a moradia de todo mundo”.

Após a ida do MLB ao Jardim Nakamura, fundou-se lá um núcleo do MLB e já se organizaram para a criação da Associação de Moradores do Jardim Nakamura, abrindo negociação com a Prefeitura. Nos últimos dias, iniciou-se o cadastro das famílias para enviar ao Governo do Estado e, assim, encaminhar a regularização da área e a melhoria das condições de vida dessas famílias. Quem luta conquista!

Matéria publicada na edição nº274 do Jornal A Verdade.

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